A ABORDAGEM COPARTICIPATIVA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO POPULAR EM TECNOLOGIAS EM SEGURANÇA HÍDRICA: NOTAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

Título do Trabalho
A ABORDAGEM COPARTICIPATIVA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO POPULAR EM TECNOLOGIAS EM SEGURANÇA HÍDRICA: NOTAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS
Autores
  • Loryne Viana de Oliveira
  • Jefferson Picanço
  • Henrique Moreira Santana
  • Diego Silva Salvador
  • Bruno Puttini
  • Letycia Uvula
  • Tomás Manzano
  • Leonardo Reis e Silva
  • Matheus Dezidério Busca
  • Dona Sueli
  • Wilson Lopes
  • Luiz Adriano
Modalidade
Resumo expandido de Relatos de Experiências
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/705983-a-abordagem-coparticipativa-em-um-projeto-de-extensao-popular-em-tecnologias-em-seguranca-hidrica--notas-teorico-
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
Extensão Popular, Abordagem participativa, Segurança Hídrica, Tecnologia Social.
Resumo
Após 30 anos de enunciado constitucionalmente como organizativo das universidades brasileiras, o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão finalmente é regulamentado a partir da Resolução 07/2018 do Conselho Nacional de Educação (CNE), dispositivo este que se propõe a traçar diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira. Neste sentido, a resolução também regimenta a meta do Plano Nacional de Educação, constante na edição de 2001-2011 e reprisada na estratégia 12.7 do documento de 2024-2024. Esta resolução previa “assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social”. Com o prazo máximo de 2022 para adequação de suas documentações e políticas internas de extensão, as universidades se viram obrigadas a rediscutir formas de integrar a extensão aos seus currículos de graduação, para o que contaram com um farto acumulo de discussões ocorridas anteriormente no âmbito do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras (FORPROEX), que em 2012 finalizou a construção coletiva da Política Nacional de Extensão Universitária, trazendo cinco diretrizes para ações de extensão. Apesar de que muito se tenha avançado em termos de arcabouço teórico-metodológico de apoio à extensão, esta ainda é uma prática frequentemente relegada a segundo plano ante as demais funções substantivas da universidade – ensino e pesquisa. A forma como a extensão será integrada ao ensino a partir deste novo cenário tem o potencial de remodelar a forma como ocorre não só a formação em nível superior como também a geração de conhecimento, tecnologia e as próprias relações que a universidade pública mantém com seu entorno, nas comunidades e territórios circunvizinhos. Assim, diante da necessidade de adensar a prática extensionista no âmbito do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas, iniciaram-se os trabalhos do projeto denominado “Uma abordagem coparticipativa sobre o Ciclo das Águas nos acampamentos rurais da Região Metropolitana de Campinas-SP”. O projeto possui quatro objetivos principais: (a) Estabelecer um diálogo coparticipativo com os assentados, construindo novas experiências na gestão local de recursos hídricos; (b) Investigar os solos dos acampamentos/assentamentos; (c) Investigar a dinâmica das chuvas nas regiões dos acampamentos; e (d) Desenvolver experiências de ensino coparticipativo e de desenvolvimento e aplicação de Tecnociência Solidária entre comunidade acadêmica e assentados. Neste trabalho objetivamos apresentar os resultados parciais atrelados ao primeiro objetivo, que consistiu na caracterização das demandas de assentados da reforma agrária da regional Campinas, especialmente com o Acampamento Marielle Vive, situado em Valinhos/SP. O Acampamento teve seu início em 14 de abril de 2018, com cerca de 700 famílias organizadas no Movimento Sem Terra (MST), que deram início à ocupação da Fazenda Eldorado Empreendimentos Imobiliários, improdutiva desde a década 1980. Atualmente o acampamento é formado por 400 famílias que totalizam cerca de 1200 pessoas, havendo produção de verduras, hortaliças e plantas medicinais. A questão da água é uma questão central para a comunidade. As famílias assentadas necessitam de água para seu consumo e para a produção agrícola. A água disponível é escassa na maior parte do tempo, e, por outro lado, a falta de sistemas eficientes de saneamento convencional fazem com que as águas servidas possam ameaçar a saúde dos próprios moradores, bem como do meio ambiente do entorno. Considerando que a questão da segurança hídrica é um problema complexa e que desafia a distinção entre técnico e social, a caracterização da demanda em projetos de extensão sobre o tema assume interesse especial: o que deve ser investigado neste contexto e para quais finalidades? Considerando a possibilidade de produção de conhecimento e de tecnologias sociais associadas à interface de trabalho universidade/comunidade, devem ser priorizadas metodologias participativas e dialógicas (Brasil, 1999), muitas vezes na contramão de práticas extensionistas tradicionais (Silva, 2001). Neste sentido, o projeto em tela foi concebido após paulatina aproximação ao território, iniciada a partir de atividades pontuais que vinham sendo desenvolvidas desde 2019 pela UNICAMP naquele território. Desde então os extensionistas participavam do grupo NUIPA (Núcleo de Incentivo em Práticas Autocompositivas) do Ministério Público de São Paulo - MPSP, composto ainda por representantes do Acampamento Marielle Vive, procuradores do MPSP, pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo e da UNICAMP, cuja atuação se dava no sentido de procurar soluções para resolver conflitos locais. Se tecnologias, em especial as sociais “são fruto de processos políticos de constante negociação e compromisso entre os atores sociais” (Dias, 2013, p. 187), é imprescindível uma abordagem coparticipativa do problema. Para isso, no caso do projeto em foco, a abordagem coparticipativa foi construída, a partir de visitas técnicas dos participantes do projeto ao Acampamento e de acampados ao Instituto de Geociências. Nesta última, realizada no formato de oficina, problemas relacionados ao ciclo da água detectados nas reuniões anteriores foram discutidos para caracterizar a demanda real dos acampados, de modo a subsidiar a prospecção de subprojetos a serem realizados conjuntamente pelos participantes da UNICAMP e pela comunidade. Esta demanda está embasada, por exemplo, na questão da alocação dos recursos da água atualmente disponível, oriunda a) do fornecimento, pela prefeitura de Valinhos, em caminhões pipa, ainda insuficientes para a subsistência das famílias assentadas e b) para a manutenção das atividades agrícolas e, baseado no uso da água das fontes naturais disponíveis na área do acampamento. A gestão coletiva dos recursos hídricos também foi debatida visando estabelecer locais mais favoráveis para a localização de caixas d’água e dos métodos para que esta água chegue mais facilmente a todo o acampamento. Como resultados parciais desta abordagem participativa, já foram mapeadas as demandas de melhora na distribuição da água, expansão da capacidade de armazenamento de água, recuperação das nascentes, captação de água da chuva; reflorestamento e análises das águas. Através deste diálogo com os assentados outras atividades de campo já foram realizadas, a exemplo da coleta de amostras de solo e da água da nascente, que resultaram em dois trabalhos de Iniciação Científica e um Trabalho de Conclusão de Curso já finalizados, com estudo do solo do local. No momento, estão sendo discutidos com os acampados problemas relacionados às bombas que levam a água das fontes para a Horta Principal do Acampamento, movida a Energia Solar, assim como no conserto de boias das caixas d´água que levam a água potável para mais perto dos núcleos de base dos acampados. O cuidado na caracterização da demanda em projetos de extensão é vital à medida em que deve ser feito em conjunto com as comunidades visando sua participação ativa não só na definição de suas necessidades, mas também na definição dos modos pelos quais se pretende construir alternativas tecnológicas que respondam àquelas necessidades. É importante destacar também o esforço de articulação que mais recentemente vem sendo empreendido pelos diferentes grupos da Universidade que atuam no território com a finalidade de coordenar as ações e esforços no contexto de diferentes projetos. Esta articulação é especialmente importante no contexto de gerar espaços extensionistas que possam ser integrados ao ensino e à pesquisa em uma perspectiva crítica capaz de ter impacto na formação do estudante e promover a transformação social. O esforço entre os grupos internos à universidade será endossado a partir de convênio recentemente firmado entre a UNICAMP e o Instituto de Ensino, Pesquisa e Extensão em Agroecologia Laudenor de Souza com intuito de consolidar as ações e parcerias entre a universidade e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Como próximos passos, estão programadas as atividades de trabalhos de campo e de amostragem de solos e águas para análise química, levantamentos geofísicos visando determinar a altura e espessura do lençol freático, e a participação da comunidade externa na elaboração e construção dos pluviômetros, além de participar de atividades formativas sobre ciclo da água, propriedades dos solos e geociências e sociedade. A perspectiva é atender a demanda relacionada à segurança hídrica das comunidades, como a questão da água potável, da água para agricultura e outros usos. Também deverão ser colocados em discussão a questão do saneamento ambiental dos assentamentos e as possibilidades de captação de água da chuva para reuso. REFERÊNCIAS BRASIL/MEC. Plano Nacional de Extensão. Ministério da Educação. Brasília, 1999. DIAS, Rafael de Brito. Tecnologia social e desenvolvimento local: reflexões a partir da análise do Programa Um Milhão de Cisternas. Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional, Blumenau, v. 1, n. 2, p. 173-189, set. 2013. ISSN 2317-5443. SILVA, Maria das Graças Martins da. Extensão Universitária no sentido do Ensino e da Pesquisa. In: FARIAS, Dóris Santos. (Org.) Construção Conceitual da Extensão Universitária na América Latina. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001. p. 91-105.
Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

OLIVEIRA, Loryne Viana de et al.. A ABORDAGEM COPARTICIPATIVA EM UM PROJETO DE EXTENSÃO POPULAR EM TECNOLOGIAS EM SEGURANÇA HÍDRICA: NOTAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS.. In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/705983-A-ABORDAGEM-COPARTICIPATIVA-EM-UM-PROJETO-DE-EXTENSAO-POPULAR-EM-TECNOLOGIAS-EM-SEGURANCA-HIDRICA--NOTAS-TEORICO-. Acesso em: 25/06/2025

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