A HORTA AGROECOLÓGICA COMO TECNOLOGIA SOCIAL EDUCATIVA

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

Título do Trabalho
A HORTA AGROECOLÓGICA COMO TECNOLOGIA SOCIAL EDUCATIVA
Autores
  • Yayenca Yllas
  • Heloisa de Camargo Tozato
  • HELOISA TEIXEIRA FIRMO
  • Ana Lúcia do Amaral Vendramini
Modalidade
Resumo expandido de Relatos de Experiências
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/705663-a-horta-agroecologica-como-tecnologia-social-educativa
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
Ecopedagogia, Agroecologia, Escola Pública, Aprendizagem Significativa, Horta Pedagógica
Resumo
O presente projeto, realizado junto com a Escola Municipal Pedro Ernesto (EMPE), na cidade do Rio de Janeiro, teve como objetivo desenvolver as potencialidades das Tecnologias Sociais (Firmo e Lima, 2018; Addor, 2020; Dos Santos e Dos Santos, 2021) atreladas às da Ecopedagogia (Gadotti, 2000; Gutiérrez e Prado, 2002; Albanus, 2008) e às da Educação Ambiental Crítica (Brasil, 1999; Carvalho, 2008; Ceccon, 2012) na construção coletiva da horta pedagógica agroecológica como um espaço educativo. A perspectiva metodológica foi alicerçada na pesquisa-ação (Thiollent,1986; Montero, 2006), na observação participante (Gil, 1987; May, 2004) e nas rodas de conversa (Afonso e Abade, 2008). A análise exposta ao longo do relato de experiência é resultante da síntese de dados coletados durante a pesquisa de mestrado em Tecnologia para o Desenvolvimento Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ/NIDES) da primeira autora, sob a orientação das coautoras. As etapas metodológicas foram desenvolvidas entre maio de 2021 e setembro de 2023, promovendo a integração entre a horta, as salas de aula, o laboratório de Ciências, o refeitório, a sala de leitura, a sala de recursos inclusivos e os lares das crianças. A pesquisa-ação contou com a participação direta de 350 estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, 10 docentes regentes de turma, 1 docente de sala de leitura, 2 professoras de sala de recursos, 2 agentes de apoio à educação especial, 1 agente de apoio à alfabetização, 2 agentes educacionais, 1 diretora principal, 2 diretoras adjuntas, 1 coordenadora pedagógica, 1 merendeira, 2 merendeiras readaptadas, 2 pessoas de manutenção e 1 pesquisadora. No que se refere às práticas ecopedagógicas, estas foram conduzidas com base no planejamento dialógico ecopedagógico (Yllas et al, 2023a) e fundamentadas nos conceitos agroecológicos (Primavesi, 2016a; 2016b; 2020; Lorenzi et al 2019). As hortas pedagógicas, abordadas como uma tecnologia social, desempenham um papel crucial no contexto educativo pois propiciam a participação de uma ampla gama de agentes. De acordo com Najla Barbosa (2008), todas as pessoas que formam parte da comunidade escolar, desde merendeiras e docentes até gestores públicos, estudantes e suas famílias, podem vir a contribuir para sua implantação e manutenção. O desafio é promover a inclusão social, tornando a horta um espaço de aprendizado conjunto e colaborativo. Além disso, a construção de uma horta pedagógica sustentável, como ressaltado por Barbosa (2008), não se limita apenas ao cultivo de plantas, uma vez que envolve também a construção de habilidades sociais e cognitivas, tanto nas/os estudantes quanto nas/os docentes. Por meio das práticas na horta escolar surgem oportunidades de escuta atenta, tomadas de decisões, socializações, pesquisas e descobertas tendo as crianças como protagonistas da ação educativa. Em um contexto mais amplo, Heloisa Firmo e Tomé Lima (2018, p.210) destacaram que “o modelo de desenvolvimento técnico, científico, econômico e socioambiental atual gera uma série de impactos ambientais”, tornando essencial a procura por soluções que garantam a saúde e a qualidade de vida das futuras gerações. Nesse sentido, as Tecnologias Sociais (TS) desempenham um papel vital na transformação social e econômica, uma vez que são baseadas em saberes locais e recursos sustentáveis, promovendo ações coletivas contextualizadas. Conforme Thaynara dos Santos e Sanádia dos Santos (2021), as TS oferecem uma alternativa ao modelo capitalista, pois enfatizam o uso de recursos naturais sustentáveis e valorizam os saberes locais. As TS ressignificam os modos de produção e propiciam ações coletivas em prol da preservação da Natureza. Sendo assim, a incorporação de tecnologias sociais relacionadas à agroecologia na educação formal pode promover um aprendizado significativo e contextualizado. Como exemplo pode ser citada a solução agroecológica para o combate à larva da mosca minadora (Liriomyza sp.) por meio das armadilhas cromáticas. Nesta atividade, que tornou-se rotineira na manutenção da horta pedagógica desde 2021, a partir da implantação do presente projeto, as crianças abordam de forma diversificada e integrada múltiplos componentes previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no Currículo Carioca da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME/RJ), como discutido em Yllas et al (2023b) e no vídeo que será apresentado, em novembro de 2023, no Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). Além dos resultados apresentados nestes dois trabalhos, a pesquisadora vem desenvolvendo, juntamente com a docente do 4º ano da EMPE, uma sequência didática que inclui as Artes Plásticas nas hastes das armadilhas cromáticas. Aqui foram desdobradas tecnologias sociais, tendo como inspiração as estampas das capulanas moçambicanas, um dos temas do projeto “A História que queremos saber”, idealizado pela professora regente. Utilizando QR Codes em placas fixadas nas hastes, a tecnologia digital possibilitou divulgar à comunidade escolar, na própria horta, os conteúdos produzidos no campo de estudo. Passou-se a observar docentes e colaboradoras/es acessando os QR Codes com seus smartphones. No horário de saída da escola, algumas crianças convidaram de forma espontânea seus responsáveis para visitarem a horta e terem acesso às informações reveladas nos códigos. A divulgação por meio do QR Code também possibilitou o uso dos tablets da escola durante o horário curricular das aulas da disciplina Eletiva Horta, e serviu de inspiração para explorar outras potenciais interações entre tecnologias sociais e digitais na unidade escolar. Além disso, estes enfoques pedagógicos reforçaram a importância das tecnologias sociais como poderosas ferramentas educativas, pois estimulam a busca por novos saberes, ao mesmo tempo em que possibilitam a abordagem de assuntos culturais, sociais e ambientais. A horta pedagógica incorporada como tecnologia social também propiciou o estímulo ao sentimento de pertencimento de quem participou do processo da construção coletiva, como apresentado em Yllas et al (2023c). Quanto às políticas públicas, no município do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima desenvolve desde 2006 o Programa Hortas Cariocas (PHC), que abrange algumas hortas em escolas públicas, viabilizando mudas, terra, adubo e mão de obra para a manutenção das hortas. No entanto, a inclusão de novas escolas no PHC ocorre somente quando o trabalho nas hortas já demonstra uma sólida cultura de colaboração, desdobramentos pedagógicos e o envolvimento da gestão escolar. Destaca-se que estes critérios foram atendidos ao longo da pesquisa e que a horta da EMPE encontra-se no melhor momento para ser incorporada nesta política pública do município do Rio de Janeiro. No que diz respeito à reaplicação, característica intrínseca às tecnologias sociais (Jesus e Costa, 2013), a metodologia desenvolvida ao longo da construção coletiva do espaço ecopedagógico da horta pode ser fonte de inspiração para outras instituições de ensino, bem como contribuir para a construção da memória institucional da Escola Municipal Pedro Ernesto (EMPE). Ao longo dos 28 meses de pesquisa acadêmica no campo de estudo foram produzidos, colaborativamente com docentes, membros da gestão escolar e orientação do mestrado, diversos resumos para congressos, vídeos institucionais, banners e artigos acadêmicos científicos. Esses trabalhos também foram socializados com as demais pessoas da comunidade escolar, promovendo o processo de apropriação coletiva do projeto. Assim, viveram-se novas experiências e saberes, que foram coletivamente construídos, documentados, sistematizados e compartilhados, fazendo parte da história da educação pública carioca. Referências ADDOR, F. Extensão tecnológica e Tecnologia Social: reflexões em tempos de pandemia. NAU Social, [S. l.], v. 11, n. 21, p. 395–412, 2020. DOI: 10.9771/ns.v11i21.38644. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/nausocial/article/view/38644 Acesso em: 3 set. 2023. AFONSO, Maria Lucia; ABADE, Flavia Lemos. Para reinventar as rodas: rodas de conversa em direitos humanos. Belo Horizonte: RECIMAM, 2008. ALBANUS, Lívia. Ecopedagogia: educação e meio ambiente. (Obra) organizada pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). – Curitiba: Ibpex, 2008. BARBOSA, Najla Veloso Sampaio. A horta escolar dinamizando o currículo da escola. Brasília-DF: Ministério da Educação, 2008. Disponível em: https://tinyurl.com/CADERNOHORTA Acesso em 6 de março de 2023 BRASIL. 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Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

YLLAS, Yayenca et al.. A HORTA AGROECOLÓGICA COMO TECNOLOGIA SOCIAL EDUCATIVA.. In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/705663-A-HORTA-AGROECOLOGICA-COMO-TECNOLOGIA-SOCIAL-EDUCATIVA. Acesso em: 01/05/2025

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