CONSTRUÇÃO DE QUINTAIS PRODUTIVOS NA ESCOLA: O PROCESSO EDUCATIVO COM CRIANÇAS

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

Título do Trabalho
CONSTRUÇÃO DE QUINTAIS PRODUTIVOS NA ESCOLA: O PROCESSO EDUCATIVO COM CRIANÇAS
Autores
  • Danusa da Purificação Rodrigues
  • Maria Clara de Figuerêdo Galiano
  • Tayná Vitória
  • Rosangela Leal Santos
Modalidade
Resumo expandido de Relatos de Experiências
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/704764-construcao-de-quintais-produtivos-na-escola--o-processo-educativo-com-criancas
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
Tecnologia Social, Quintais produtivos, Educação com crianças
Resumo
Este artigo apresenta um relato de experiência sobre um trabalho que está sendo desenvolvido com um grupo de crianças de uma escola municipal em Feira de Santana – Bahia. O objetivo do trabalho foi relatar a condução até o presente momento em ações extensionistas para construção de um quintal produtivo, que constitui uma tecnologia social e processo educativo com crianças. Foram realizadas visitas à escola e à secretaria municipal de educação o que facilitou o planejamento inicial de atividades, associado a vários materiais didáticos elaborados pelo grupo extensionista, bem como as peculiaridades do espaço escolar. INTRODUÇÃO A tecnologia social possui relação com dois conceitos anteriores que possuem iniciativas de envolvimento da sociedade civil: Tecnologia Intermediária (TI) e a Tecnologia Apropriada (TA). Para Albuquerque (2009) em seu artigo “Tecnologias Sociais ou Tecnologias Apropriadas? O Resgate de um Termo” faz uma reflexão sobre a tecnologia apropriada que foi considerada como uma tecnologia quem embora tenha significado econômico e gere emprego e renda, é de segunda classe, mas assume que a história reestrutura conceitos e visões que passam a incorporar novas dimensões. Assim, sobre tecnologias apropriadas, ressalta: Representam o sonho e a utopia de muitas sociedades humanas – a mais ilustrativa delas é a Índia de Ghandi, fim do século XIX, meados do século XX – que influenciaram vários autores, téoricos, experiências governamentais e diversas políticas desenvolvimentistas, todas perseguindo o objetivo de evitar o uso intensivo de capital e a exclusão massiva de mão de obra, fugindo ao modo das tecnologias de grande escala repassadas dos países desenvolvidos aos emergentes, enfatizando o desenvolvimento de tecnologias adaptadas às culturas e às vocações regionais, dos territórios, e ao meio ambiente. (Albuquerque, 2009, p.16) Já o conceito de Tecnologia Social que trata este artigo, remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando uma abordagem construtivista na participação coletiva do processo de organização, desenvolvimento e implementação, aliando saber popular, organização social e conhecimento técnico-científico. (MCTI) Para Leonel (2010), as hortas e os quintais produtivos se classificam como uma tecnologia social que visa promover a segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento rural sustentável. Ao pensar em quintal produtivo, tem-se uma área livre de uma residência que produz algum tipo de alimento. Os quintais eram muito comuns até os anos 2000, principalmente no Brasil, antes do início da verticalização das moradias nas áreas urbanas. O objetivo deste artigo é relatar a experiência dos autores na condução até o presente momento em ações extensionistas de um projeto para construção de um quintal produtivo com um grupo de crianças em Feira de Santana. Esse trabalho se justifica, pois retoma a cultura do plantio no dia a dia com crianças em uma escola pública, aproveitando os saberes populares, fomentando a sustentabilidade e práticas que auxiliam na difusão do conhecimento acerca do solo e recursos naturais, promovendo a cidadania e a inclusão. Garcia (2007) formulou uma metodologia que define como quatro (04) as dimensões da TS: 1. Conhecimento, ciência, tecnologia; 2. Participação, cidadania e democracia; 3. Educação e 4. Relevância social. Cada uma dessas dimensões possui três indicadores totalizado doze (12) indicadores. Este relato de experiência está inserido no Projeto “Extensão Rural: Apoio Climatológico às Atividades Agropecuárias da Região Econômica do Paraguaçu: Previsão de Tempo, Balanço Hídrico e Calendário Agrícola” que busca gerar, disponibilizar e difundir informações e tecnologias ambientais para o desenvolvimento sustentável da agricultura, com ênfase à agricultura familiar, visando à melhoria da qualidade de vida aos cidadãos. Vinculado a este projeto, há o subprojeto “Quintal Produtivo na Escola Municipal Crispiniano Ferreira da Silva”, onde se tem como objetivo planejar, gerir e desenvolver um quintal produtivo com crianças. O LOCAL E A POPULAÇÃO PARTICIPANTE DO GRUPO As atividades de educação com solos e troca de saberes serão realizadas com as crianças moradoras da Zona Rural de feira de Santana Bahia, as quais são estudantes do 5 ano da Escola Municipal Crispiniano Ferreira da Silva (Figura 1). Esta se localiza no Povoado Olhos D’água das Moças no Distrito da Matinha, Feira de Santana, Bahia e atende um público proveniente do povoado citado e de outros circunvizinhos, nas etapas desde a Educação Infantil até os anos finais do Ensino Fundamental II. Para desenvolvimento desse projeto foi necessária uma visita inicial à escola, com vistas a identificar interesse desta instituição e a área para desenvolvimento desse quintal produtivo. Assim, seguiu-se com uma reunião com a Gestão escolar e professora do 5º ano vespertino do ensino fundamental II. Já foi realizado contato com a Secretaria Municipal de Educação de Feira de Santana (SEDUC FSA) para anuência do subprojeto e estamos aguardando a anuência. Entendendo o Quintal Produtivo como um produto final da execução, outras atividades foram planejadas para não só cultivar e sim entender todo o processo por trás de “colocar a mão na massa”. Assim, várias atividades serão realizadas junto com as crianças nesse espaço como horta vertical e em vasos, compostagem, cultivo de plantas medicinais, captação das águas das chuvas, além de conversas e atividades tendo a produção sustentável e o conhecimento cultural como elementos chave para a troca de saberes da agricultura no dia a dia de estudantes do 5º ano do ensino fundamental II. Figura 01: Escola Municipal Crispiniano Ferreira da Silva AS ETAPAS DESENVOLVIDAS NO GRUPO A proposta inicial desse subprojeto é que ele seja desenvolvido com crianças na própria escola. Contudo, até o parecer da Secretaria Municipal de Educação será necessário aguardar até o início da pesquisa. Assim, serão apresentadas as etapas de contato preliminar, a visita técnica o e o planejamento inicial. Estabelece-se contato preliminar com a responsável pela unidade escolar. Esta aprovou prontamente a idéia do grupo, visto que uma das participantes desenvolveu sua pesquisa de doutorado nesta instituição. Avaliava que a idéia do projeto em parceria com a universidade é positivo para as ações da escola com suas crianças. Na visita à escola (Figura 2) foi realizada uma primeira observação e foram escolhidas áreas potenciais que podem ser implantadas os cultivos (verticais e em vasos), onde foi observado o tamanho da área, a incidência de sol, o trânsito de pessoas, a proximidade de uma fonte de água e a facilidade de acesso independente da adversidade climática. Além disso, foi observado que já existem plantas de cunho medicinal na escola, portanto, elas foram catalogadas. As primeiras crianças que tivemos um contato se animaram com a visita e a possibilidade de coisas novas na escola. Figura 02: Visita à Escola Municipal Crispiniano Ferreira da Silva. Fonte: Os autores (2022) Após observar a demanda da escola, bem como o perfil dos alunos, foram planejadas as ações do grupo, inicialmente de forma teórica para serem trabalhadas em sala de aula como embasamento para as ações práticas com manejo do solo e plantas nas hortas. Prioritariamente a instalação das hortas e confecção dos experimentos, serão feitas com materiais como garrafas PET e garrafões de água mineral que não estão no prazo de validade, para assim, cada vez mais contribuir com a redução dos resíduos na natureza. As etapas seguintes de planejamento são compostagem caseira, porosidade do solo, retenção de água solo e simulador de erosão. Esses tópicos foram pensados pelo grupo extensionista, mas quando iniciado o projeto com as crianças os tópicos serão discutidos em rodas de conversas podendo sofrer alterações de acordo com os interesses levantados e a partir de suas vivências onde residem. CONSIDERAÇÕES FINAIS As tecnologias sociais são importantes instrumentos para a construção de um mundo mais justo, resiliente e sustentável, se diferenciando do modelo industrial. De acordo com as quatro dimensões da tecnologia social pode-se afirmar que além da área de produção de alimentos, os quintais servem como ambiente de comunicação, lazer e troca de saberes entre aqueles que cultivam e que se interessam por alimentação saudável e medicina alternativa através da utilização de plantas medicinais, alimentação saudável e sustentável. Ao contemplar a educação, este se constitui como um processo pedagógico envolve diálogos entre saberes científicos e populares e as crianças se apropriam gerando conhecimento e fortalecimento desses saberes. Há viabilidade para ser implementada em escolas, pois como apresentado, pode ser implementado em vários locais pouco utilizados da área escolar, possui manejo simples e se utiliza de materiais de baixo custo, cultivando hortaliças, plantas medicinais e outros. REFERÊNCIAS: Albuquerque, L. C. (2009). Tecnologias sociais ou tecnologias apropriadas? O resgate de um termo. In A., Otterloo (Org.). Tecnologias sociais: caminhos para a sustentabilidade. Brasília: Rede de Tecnologia Social, pp. 15-24. ACCIOLY, Elizabeth. A escola como promotora da alimentação saudável. Ciência em tela, v. 2, n. 2, p. 1-9, 2009. GARCIA, J. C. D. Uma metodologia de análise das tecnologias sociais. In: XII Seminário Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica-ALTEC, 2007, Buenos Aires, São Paulo: ITSBrasil, 2007. Disponível em: http://www.actuaracd.org/uploads/5/6/8/7/5687387/28metodologia_analise_tecnologias_socia is.pdf. Acesso em: 22/08/2023. LEONEL, J. C. Quintais para a vida: agroecologia e convivência com o semiárido. Fortaleza: CETRA, 2010. MORGADO, F; S, A Horta Escolar na Educação Ambiental e Alimentar: Experiência do Projeto Horta Viva nas Escolas Municipais de Florianópolis, 2008. Disponível em: http://www.extensio.ufsc.br/20081/A-hortaescolar.pdf> Acesso em 23 de jun 2010. MCT. (2011). Tecnologia Sociais: descrição da Tecnologia Social. Disponível em https://antigo.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/politica_nacional/_social/Tecnologia_Social.html, acesso em 21 de agosto de 2023.
Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

RODRIGUES, Danusa da Purificação et al.. CONSTRUÇÃO DE QUINTAIS PRODUTIVOS NA ESCOLA: O PROCESSO EDUCATIVO COM CRIANÇAS.. In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/704764-CONSTRUCAO-DE-QUINTAIS-PRODUTIVOS-NA-ESCOLA--O-PROCESSO-EDUCATIVO-COM-CRIANCAS. Acesso em: 07/05/2025

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