“ETNOQUÊ?” INTRODUÇÃO AO MÉTODO DE PESQUISA-AÇÃO ETNOGRÁFICA

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

Título do Trabalho
“ETNOQUÊ?” INTRODUÇÃO AO MÉTODO DE PESQUISA-AÇÃO ETNOGRÁFICA
Autores
  • Priscila Tavares
  • Rolf Malungo de Souza
Modalidade
Resumo expandido de trabalhos teórico-conceituais
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/703754-etnoque-introducao-ao-metodo-de-pesquisa-acao-etnografica
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
Etnografia. Moradia Popular. Cidadania. Democracia
Resumo
Trata-se de uma proposta de ação colaborativa e inovadora articulada no âmbito do Projeto “Lutas pela Moradia no Centro da Cidade” desenvolvido entre 2016 e 2021, que investiu na compreensão de processos coletivos de luta pela moradia na cidade do Rio de Janeiro e que contou com financiamento National Science Foundation (EUA) e do Economic and Social Research Council (Reino Unido). O “Etnoquê?” propõe a democratização do acesso ao conhecimento antropológico, privilegiando o método etnográfico como ferramenta de luta por justiça social, em especial para promoção do acesso a direitos constitucionais. Sua concepção é fruto da interlocução entre diferentes áreas do conhecimento e de abordagens teórico-metodológicas relacionadas às experiências da equipe multidisciplinar de pesquisadores afiliados a universidades no Brasil e no exterior: Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Syracuse University (EUA), Kings College London (Inglaterra) e University of Melbourne (Austrália). O “Etnoquê?” corresponde a uma série de vídeos voltados para lideranças de movimentos sociais, beneficiários de projetos populares de luta por justiça social e moradia digna, além de alunos de graduação em ciências sociais e humanas engajados em projetos de pesquisa-ação. A aproximação com uma antropologia prática, devotada à ordem moral, como advoga Cardoso de Oliveira (2004), está associada à ênfase na ética como meio de “intervenção discursiva” do pesquisador nos grupos por nós estudados. A partir desse recurso audiovidual, buscamos apresentar e discutir princípios metodológicos da Etnografia para a compreensão de práticas cotidianas orientadas para a promoção da justiça social, ampliando assim o diálogo e troca de saberes entre a academia e os movimentos sociais e contribuindo para democratização do acesso ao conhecimento antropológico. A etnografia, em sua tradução etimológica, corresponde a escrita de um povo, grupo. A etnográfica é o estudo de um determinado grupo através da coleta de dados (conversas, entrevistas, números, fotos, vídeos) e da observação-participante realizada durante o período de pesquisa. Propomos ainda estabelecer uma discussão sobre a ética na pesquisa, sobre o respeito às diferenças, estabelecendo um diálogo profícuo sobre o fazer etnográfico com nossos interlocutores. Neste sentido, “a pesquisa vai além da construção de conhecimento e se vê entrelaçada em demandas de ação.” (CARDOSO DE OLIVEIRA, 2004, p. 21) Além disso, consideramos que, ao apresentarmos e discutirmos os elementos do fazer etnográfico, a partir do método da observação participante e dos processos de coleta de dados e de interação comunicativa, podemos refletir sobre a importância das relações e práticas cotidianas no campo de pesquisa; bem como contribuir para o acesso qualificado às visões de mundo de interlocutores e beneficiários de projetos populares, em linguagem acessível e motivadora, de forma a ser útil a movimentos sociais e a estudantes das ciências sociais, no país e no exterior. A série composta por sete vídeos está disponibilizada na Plataforma do YouTube no canal Lutas Pela Moradia No Centro da Cidade (https://www.youtube.com/channel/UC3C2BSPtiD8uWl_DO6AXlNw), todos com legenda em inglês e áudio em português. O tempo médio de duração dos vídeos é de sete (07) minutos, com exceção do vídeo que trata da coleta de dados que alcança um pouco mais de onze (11) minutos. Ao todo, a série possui aproximadamente 53 minutos de duração. A série está assim organizada: O que é etnografia? (vídeo 01); Como a etnografia pode ser útil à luta para justiça social? (vídeo 02); Como se faz observação participante? (vídeo 04); Como desenhar um projeto de pesquisa etnográfica? (vídeo 03); Como se coletam dados discursivos? (vídeo 05); Quais são os aspectos éticos da etnografia? (vídeo 06); Como se analisam dados etnográficos? (vídeo 07). Todos os vídeos que compõem o “Etnoquê?” foram elaboradas em linguagem acessível e ilustrativa do conhecimento antropológico produzido no âmbito de projeto de pesquisa realizado junto a famílias de trabalhadores em um contexto de luta pela moradia popular na cidade do Rio de Janeiro, situados em cinco situações sociais de luta pela moradia (Quilombo da Gamboa, Vitto Gianotti, Predinho, Mariana Crioula, Ismael Silva). A aproximação com esses grupos e a adoção dos “motivos morais” de uma luta coletiva e da incorporação de uma “semântica coletiva”, permitiu aos pesquisadores interpretar as experiências de desapontamento coletivo. (HONETH, 2003) Cada um dos vídeos da série apresenta diferentes processos de elaboração de uma pesquisa etnográfica, que propões a sistematização do método desde a problematização do objeto de estudo até o compromisso ético com o qual devemos conduzir as pesquisas. Consideramos, a título de exemplificação, situações sociais que investigamos como próprias do campo de pesquisa do projeto em foco. A autenticidade e o caráter inovador dos vídeos ilustram a realidade do trabalho de campo etnográfico e também da pesquisa-ação para iniciantes no estudo da antropologia e demais interessados na temática. Como considerou Peirano (1992), o pesquisador deve se reinventar e inovar, nos adaptando neste exercício contínuo de “bricolagem intelectual”. (PEIRANO, 1992, p. 381) Assim, a proposta de elaboração do “Etnoquê?” se deu a partir de trocas de experiências entre pesquisadores e da aproximação destes com lideranças e representantes de movimentos sociais envolvidos nos projetos de moradia popular acompanhados pelos pesquisadores do Projeto. Neste sentido, reforçamos nossa preocupação em romper com as definições socialmente naturalizadas e preconceituosas sobre a luta pela moradia e seus representantes, e nos dedicamos a compreensão dos processos a partir dos quais as lutas por moradia digna se desenvolvem em cada um desses contextos. (LENOIR, 1998) Em meados de 2019, no âmbito do Seminário “Lutas pela Moradia da Cidade do Rio de Janeiro”, iniciamos as discussões e em seguida procedemos às gravações dos vídeos e, já em maio de 2020, o material foi lançado on line nas plataformas de mídias sociais (YouTube e Facebook), além de divulgação às redes de parceiros nas universidades e centros de pesquisa no Brasil e no exterior. O material da série também serviu de inspiração para a construção de um minicurso voltado a ONGs, representantes de movimentos sociais, associações locais e universidades. Cabe aqui mencionar que em 2020 a iniciativa “Etnoquê?” recebeu menção honrosa na categoria Melhor Trabalho de Ensino de Antropologia no Brasil, pela Associação Brasileira de Antropologia; e, em 2023, foi selecionado para ser oferecido na modalidade minicurso “Etnoquê? Introdução ao método de pesquisa-ação etnográfica”, na XIV Reunião de Antropologia do Mercosul. Organizado em duas sessões (Introdução ao método de pesquisa-ação etnográfica e Como a etnografia pode ser útil à luta para justiça social e os aspectos éticos da etnografia, o minicurso aborda os seguintes temas: Etnografia como ferramenta para lutas sociais. Elementos do fazer etnográfico: observação e observação participante, coleta de dados e interação comunicativa. Caderno de campo e a escrita etnográfica. Alteridade, objetividade e ética na pesquisa etnográfica. Etnografia tradicional e multi-situada. Para tratar desses temas, consideramos material bibliográfico (artigos, livros e capítulos) e a série de vídeos como material didático auxiliar. A série “Etnoquê?” oferece, assim, imagens de um campo de pesquisa atual, que ilustra de maneira autêntica a realidade do campo de luta pela moradia para iniciantes no estudo da antropologia e pesquisadores engajados em projetos de pesquisa-ação. Referências CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O mal-estar da ética na antropologia prática. In Antropologia e Ética: o debate atual no Brasil. Niterói: EdUFF, 2004: 21-32. Disponível: http://www.portal.abant.org.br/aba/files/CAP-7735144.pdf HONETH, Axel. Desrespeito e resistência: a lógica moral dos conflitos sociais. In: Luta por reconhecimento. São Paulo: Editora 34, 2003: 253-268. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4241523/mod_resource/content/0/HONNETH-Luta-Por-Reconhecimento.pdf LENOIR, Remi. Objeto sociológico e problema social. In: Champagne, P., Lenoir, R.; Merllié, D.; Pinto, L. Iniciação à prática sociológica. Petrópolis: Vozes, 1998 PEIRANO, Mariza G.S. A favor da etnografia. Série Antropologia, Brasília, n. 130, p. 2-21, 1992. https://naui.paginas.ufsc.br/files/2010/09/Peirano_a-favor-da-etnografia.pdf
Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

TAVARES, Priscila; SOUZA, Rolf Malungo de. “ETNOQUÊ?” INTRODUÇÃO AO MÉTODO DE PESQUISA-AÇÃO ETNOGRÁFICA.. In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/703754-ETNOQUE-INTRODUCAO-AO-METODO-DE-PESQUISA-ACAO-ETNOGRAFICA. Acesso em: 24/05/2025

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