USO DO DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO (DRP) E DA CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA COMO TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA SUBSIDIAR A TERRITORIALIZAÇÃO EM PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM PETRÓPOLIS/RJ

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

Título do Trabalho
USO DO DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO (DRP) E DA CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA COMO TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA SUBSIDIAR A TERRITORIALIZAÇÃO EM PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM PETRÓPOLIS/RJ
Autores
  • Bruno César dos Santos
  • Caiett Genial
  • Felix J. Rosenberg
  • Marina Rodrigues
  • Marcelo Mateus
  • Sônia M.G.Carvalho
  • Adílson Santos Oliveira Junior
  • Thaís Paiva
Modalidade
Resumo expandido de Relatos de Experiências
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/703739-uso-do-diagnostico-rapido-participativo-(drp)-e-da-cartografia-participativa-como-tecnologias-sociais-para-subsid
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
Participação comunitária, políticas públicas, Estratégia de Saúde da Família, Territorialização
Resumo
Uso do Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e da Cartografia Participativa como tecnologias sociais para subsidiar a territorialização em projeto de implantação de uma unidade da Estratégia de Saúde da Família em Petrópolis/RJ Bruno César dos Santos1A; Caiett Victoria Genial1B; Felix Julio Rosenberg1C; Marina Rodrigues de Jesus1D; Marcelo Mateus Izaías1E; Sônia Maria Gomes de Carvalho1F; Adílson Santos Oliveira Junior1G & Thaís Corrêa dos Santos de Paiva1H 1 Fundação Oswaldo Cruz. Fiocruz Petrópolis. Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde. Petrópolis, RJ, Brasil. (Abruno.cesar@fiocruz.br;Bcaiett.genial@fiocruz.br;Cfelix.rosenberg@fiocruz.br; Dmarina.rodrigues@fiocruz.br; Emarcelo.mateus@fiocruz.br; Fsonia.carvalho@fiocruz.br; Gadilson.oliveira@fiocruz.br; Hthais.paiva@fiocruz.br) Introdução O presente trabalho traz o relato de experiência a partir da utilização das tecnologias sociais Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e Cartografia Participativa, como metodologias utilizadas na proposta de territorialização para projeto de implantação de uma Unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF), na Comunidade Oswaldo Cruz, em Petrópolis, município do estado do Rio de Janeiro. Ambas tecnologias vêm sendo intensamente utilizadas nos trabalhos desenvolvidos pelo Fórum Itaboraí/Fiocruz em suas ações em algumas comunidades de Petrópolis, com o objetivo de estimular maior participação popular nas ações territoriais, com ênfase no fortalecimento da Estratégia de Saúde da Família. Rosenberg et al. (2019) apontam que o DRP foi implementado em toda a área de cobertura de ESF de Petrópolis em 2017, como base para definir políticas municipais de promoção da saúde. Freitas et.al (2012) apresentam o DRP como um método de escuta para a aquisição e a construção coletiva de dados sobre determinadas realidades. Castro e Abramovay (2015) indicam que o DRP envolve os atores sociais residentes na comunidade, realizando levantamento da realidade local, incluindo a identificação dos principais problemas nas áreas da saúde, social, econômica, cultural, ambiental, físico-territorial e político-institucional. A Cartografia Participativa pode ser abordada como um método de pesquisa participativa, que busca valorizar os conhecimentos territoriais a partir das pessoas que vivem em determinado território e conhecem suas dinâmicas, potencialidades, fragilidades. Acselrad (2013, p.17) entende a Cartografia Social como “a apropriação das técnicas e modos de reprodução cartográficos modernos por grupos sociais historicamente excluídos dos processos de tomada de decisão”. Gorayeb (2014) define a Cartografia Social como um instrumento que possibilita às comunidades socialmente excluídas mapear os seus territórios e defender seus interesses, assegurando seus direitos e atendendo seus anseios. A Cartografia Social pode apresentar diversas denominações, incluindo a Cartografia Participativa. Embora haja variações metodológicas, o objetivo de envolvimento do grupo em questão em identificar suas necessidades e traduzi-las em mapas, que é o produto final ou a materialização, é algo comum às diversas denominações (Correia, 2007) A partir dessas considerações, a experiência relatada no presente trabalho se justifica pela utilização de metodologias que colocam as comunidades e seus atores como protagonistas no processo de elaboração de propostas concretas e identificação de potencialidades e fragilidades nos territórios, a fim de que possam apoiar de forma mais efetiva as políticas públicas locais de melhorias nas condições de saúde. Objetivos O objetivo geral da experiência consistiu na elaboração de uma proposta de demarcação territorial da cobertura de uma Unidade de Saúde da Família – USF, que considerasse o conhecimento das comunidades, em consonância com as orientações e normativas estabelecidas pela Política Nacional de Atenção Básica – PNAB (Brasil, 2017). Dentro dessa perspectiva, os objetivos específicos consistiram na identificação das principais vulnerabilidades socioeconômicas e socioambientais das comunidades em questão; coleta de informações sobre a infraestrutura urbana, mobilidade, saneamento e serviços públicos disponíveis às comunidades; levantamento do histórico da formação das comunidades e valorização das lideranças locais. Material e Métodos As etapas do presente trabalho foram desenvolvidas da seguinte maneira: • Identificação preliminar da localidade, apontada pelos moradores • Levantamento de dados secundários a respeito da localidade, com destaque para a quantidade estimada de população a partir dos dados censitários (IBGE, 2010), ajustada ao fator de crescimento populacional estimado para o ano de 2020, tendo em vista a adequação às normativas estabelecidas pela PNAB (Brasil, 2017) que considera o número de usuários de uma USF entre 2000 e 3500, de acordo com especificidades do território • Levantamento de registros de doenças, especificamente a tuberculose, como indicador de fragilidade social (San Pedro e Oliveira, 2013) • Reuniões para o processo de nivelamento em relação às Tecnologias Sociais aplicadas para os participantes do trabalho • Trabalhos de campo acompanhados sempre dos moradores para a realização do mapeamento participativo, bem como travessias dentro do contexto do DRP para aquisição de informações sobre as comunidades • Reuniões devolutivas com moradores e integrantes da Secretaria de Saúde de Petrópolis para validação do trabalho Resultados Foi elaborada a proposta de territorialização para o projeto de implantação de uma USF, na Comunidade Oswaldo Cruz, em Petrópolis, contemplando a população de outras comunidades imediatamente vizinhas e com grande integração, seja a partir do histórico de formação dessas comunidades, pelo grau de parentesco e amizade envolvendo os moradores, até mesmo, por participação ativa na vida política da comunidade. Esse resultado, considerando outras localidades, só foi possível a partir do processo participativo, onde os moradores puderam apontar as áreas de maior fragilidade, tanto socioeconômica, quanto socioambiental. Também foi possível, a partir dessa experiência, estabelecer áreas prioritárias de cuidado, considerando variáveis, tanto intra como inter territoriais, construídas de forma conjunta com os moradores e validades por eles. As principais vulnerabilidades socioeconômicas e socioambientais das comunidades foram a infraestrutura urbana precária, com escadarias e servidões em mau estado de conservação; mobilidade reduzida, com redução do transporte público; fragilidade social, com aumento da pobreza e do tráfico de drogas; vulnerabilidade ambiental, com riscos de deslizamentos e enxurradas. Dessa forma, dentro da territorialização proposta, foram apresentadas 3 escalas de prioridades, variando de 1 a 3, onde a 1 foi considerada como de maior prioridade em atendimentos. Foram identificadas as áreas de vulnerabilidade e as potencialidades apontadas pelos moradores, indicadas a partir do DRP e materializadas a partir da Cartografia Participativa. Discussão A ausência de uma equipe local de trabalho prévia à instalação da USF é determinante para que, na grande maioria dos casos, esses equipamentos sejam criados para uma cobertura acorde com as normas do PNAB (atualmente próxima das 4 mil pessoas) definida previamente sobre bases de contiguidade territorial. A experiência citada neste trabalho foi possível mediante a mobilização temporária de agentes locais de saúde de outros territórios capacitados e orientados pela equipe social do Fórum Itaboraí. Desta forma, a experiência permitiu delimitar a área de cobertura da USF a partir de áreas prioritárias de cuidado, considerando variáveis construídas de forma conjunta com os moradores incluindo, em particular, a identificação das principais vulnerabilidades socioeconômicas e socioambientais das comunidades envolvidas, bem como as informações sobre a infraestrutura urbana, mobilidade, saneamento e serviços públicos disponíveis. Tal fato é muito significativo, pois no contexto do município de Petrópolis, trata-se da primeira proposta de territorialização realizada nesses moldes. Ainda que a territorialização estivesse prevista na PNAB, a proposta foi considerada única no município que serviu de estudo. A utilização de metodologias participativas, como o DRP e a Cartografia Participativa, garante o envolvimento das comunidades no processo de elaboração de políticas públicas. Essas metodologias permitem que as comunidades expressem suas necessidades e prioridades, contribuindo para o desenvolvimento de soluções mais adequadas às suas realidades. No caso específico da experiência relatada, a utilização das tecnologias sociais possibilitou a elaboração de uma proposta de territorialização que considera as especificidades da Comunidade Oswaldo Cruz e das comunidades vizinhas. A proposta prevê a implantação de uma USF que atenda às necessidades de saúde da população dessas comunidades, considerando os seus contextos socioeconômicos e socioambientais. Palavras-chave: Participação comunitária, políticas públicas, Estratégia de Saúde da Família, Territorialização Referências bibliográficas ACSELRAD, H., VIÉGAS, R. N... (et al) Cartografia Social, Terra e Território. Rio de Janeiro. Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. [internet]. [acesso em 2023 ago 25]. Disponível em: http://www.brasilsus.com.br/index.php/legislacoes/gabinete-do-ministro/16247-portaria-n-2-436-de-21-de-setembro-de-2017. CASTRO M.G.; ABRAMOVAY, M. Guia do diagnóstico participativo. Flacso [guia na Internet]. 2015 [acessado 2023 ago 25]. Disponível em: http://www.mprj.mp.br/documents/112957/10381358/guia_do_diagnostico_participativo_flacso_brasil.pdf» http://www.mprj.mp.br/documents/112957/10381358/guia_do_diagnostico_participativo_flacso_brasil.pdf CORREIA, C.S. Etnozoneamento, Etnomapeamento e Diagnóstico Etnoambiental: Representações Cartográficas e Gestão Territorial em Terras Indígenas no Estado do Acre. 2007. Tese de Doutorado. FREITAS, A.F.; DIAS, M.M. O uso do diagnóstico rápido participativo (DRP) como metodologia de projetos de extensão universitária. Em Extensão 2012; 11(2):69-81. GORAYEB, A. Cartografia Social e Populações Vulneráveis. Oficina do Eixo Erradicação da Miséria. Texto e Edição: Eliane Araujo. Laboratório de Geoprocessamento (Labocart) da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fevereiro de 2014. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. ROSENBERG, F.J.; CARVALHO, S.M.G.; JESUS, M.R.; IZAIAS, M.M.; MAYER, N.; GOMES, L.M.V.S.; GENIAL, C.V. A estratégia de saúde da família no município de Petrópolis como indutora da participação popular na avaliação e o cumprimento dos ODS em nível local. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE, 8., 2019, João Pessoa. Anais... João Pessoa: ABRASCO, 2019. 2 SAN PEDRO, A.; OLIVEIRA, R.M. Tuberculose e indicadores socioeconômicos: revisão sistemática da literatura. Rev Panam Salud Publica. 2013;33(4):294–301.
Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Bruno César dos et al.. USO DO DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO (DRP) E DA CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA COMO TECNOLOGIAS SOCIAIS PARA SUBSIDIAR A TERRITORIALIZAÇÃO EM PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM PETRÓPOLIS/RJ.. In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/703739-USO-DO-DIAGNOSTICO-RAPIDO-PARTICIPATIVO-(DRP)-E-DA-CARTOGRAFIA-PARTICIPATIVA-COMO-TECNOLOGIAS-SOCIAIS-PARA-SUBSID. Acesso em: 27/05/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes