LABORATÓRIO VIVO E A PRODUÇÃO DE REPELENTES NATURAIS PARA O CONTROLE VETORIAL DE ARBOVIROSES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

DOI
10.29327/1334073.1-2  
Título do Trabalho
LABORATÓRIO VIVO E A PRODUÇÃO DE REPELENTES NATURAIS PARA O CONTROLE VETORIAL DE ARBOVIROSES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Autores
  • Ana celia Rocha de medeiros
  • Arthur Araújo Gomes da Nóbrega
  • CIDOVAL MORAIS DE SOUSA
  • Walter Alves de Vasconcelos
  • Adriana Gonçalves dos Santos
  • Maria Luzia da Silva Nenem
Modalidade
Resumo expandido de Relatos de Experiências
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/698618-laboratorio-vivo-e-a-producao-de-repelentes-naturais-para-o-controle-vetorial-de-arboviroses--um-relato-de-experi
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
Arboviroses, Tecnologias Sociais, Laboratório Vivo, Repelente Natural.
Resumo
O propósito deste paper é relatar a experiência do Projeto "Tecnologias Sociais e Educação Socioambiental para o controle vetorial de arboviroses: promovendo a saúde e a qualidade de vida no semiárido paraibano" (Zika UEPB), na cidade Junco do Seridó (PB), localizado mesorregião do Seridó Ocidental Paraibano, região do Semiárido, que tem uma população estimada em 7.238 habitantes (IBGE, 2022) e está distante 265 km da capital do estado, João Pessoa. O projeto, que recebeu apoio do CNPq, da Capes e do Ministério da Saúde, é desenvolvido em parceria com a prefeitura municipal. e busca, de um lado, (1) analisar as políticas e práticas de promoção da saúde, no contexto da tríplice epidemia (Dengue, Zika e Chikungunya), que tem como um dos vetores o mosquito Aedes aegypti; e, de outro, 2) Proporcionar processos formativos inovadores que favoreçam a interrelação educação-saúde e, também, o desenvolvimento e a promoção de processos, técnicas e tecnologias sociais que contribuam para a experimentação do Bem Viver no Semiárido Nordestino. Breve Histórico da Tecnologia Social No ano de 2020, uma iniciativa transformadora foi implementada na região do Semiárido Paraibano, mais especificamente no distrito de Bom Jesus, localizado a 18 km da sede do município de Junco do Seridó/PB. Como extensão do "Projeto Zika UEPB", foi firmada uma colaboração entre a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e a gestão municipal para implantação da experiência "Laboratório Vivo". O objetivo principal era oferecer um conjunto de alternativas ao controle químico de arboviroses, e, a promoção de uma mudança de paradigma, com a validação do conhecimento popular das comunidades sobre o uso das plantas medicinais e repelentes, como um modelo de promoção da saúde, vinculando profissionais e serviços à comunidade. A proposta contempla a implantação de tecnologias sociais integradas às práticas de educação socioambiental implantadas no cenário escolar e integrada aos serviços de saúde. Assim, o projeto foi concebido com a visão de unir conhecimentos tradicionais e científicos, em um esforço conjunto para mitigar os efeitos das arboviroses. O “Laboratório Vivo” consiste na criação de hortas orgânicas estrategicamente planejadas em espaços público escolar, de modo a oportunizam a segurança alimentar com produtos orgânicos e a cultura de cultivo de plantas repelentes, ao tempo que dinamizam os processos de ensino e aprendizagem dentro da instituição escolar. As plantas com propriedades repelentes, que tem função de repelir pragas no laboratório, produzir mudas para a população e servir como base para uma segunda tecnologia social, que é o repelente natural. Assim, temos uma primeira tecnologia social que é o “Laboratório Vivo”, a partir do qual produzimos as condições de uma segunda tecnologia que são os repelentes naturais. Ambas se completam e se integram, e a dissociação destas rompe com a cadeia do projeto enquanto alternativa para o controle vetorial das arboviroses. O projeto está em andamento, bem consolidado no município e sua execução contempla quatro fases: A implementação dos canteiros, para as hortas orgânicas, foi a primeira fase do projeto. Foram construídas e mantidas pela gestão municipal em colaboração com a UEPB que, também, forneceu apoio científico e expertise técnica. Esse passo, não apenas criou espaços verdes produtivos, mas também, simbolizou uma parceria sólida entre a academia, serviços públicos e a comunidade, ressignificando as relações intersetoriais dentro do município. A segunda fase do projeto consistiu na mobilização da comunidade. Por meio de educação continuada, treinamentos, capacitações e reuniões de avaliação, a população local foi envolvida de maneira ativa e participativa. Essa etapa, foi crucial para a conscientização sobre os perigos das arboviroses e, a importância do projeto. Além disso, a interação regular com os moradores permitiu um processo de troca de saberes, onde conhecimentos populares se entrelaçaram com abordagens tecnocientificas, utilizando a metodologia ativa das "escutatórias". O terceiro momento do projeto envolveu oficinas que tinham o objetivo de formar multiplicadores na produção de repelentes naturais. Essa abordagem tinha um escopo duplo: por um lado, a produção local de repelentes à base de plantas contribuía para a proteção individual contra os mosquitos vetores; por outro lado, essa formação criava uma rede de conhecimento que se expandia conforme os multiplicadores compartilhavam suas habilidades recém-adquiridas, e, ao tempo, que, também promovia no município uma maior integração entre os ambientes da escola e da saúde e seus personagens. Por fim, a quarta e última fase que consiste na manutenção contínua dos Laboratórios Vivos e na produção ativa dos repelentes naturais. Essa etapa, representou o compromisso duradouro da comunidade e das instituições envolvidas com os objetivos do projeto. Através desse esforço contínuo, o impacto do projeto foi maximizado, garantindo que benefícios alcançados fossem sustentáveis ao longo do tempo e transformando o projeto em uma prática continua no planejamento em saúde do município, com a produção e distribuição do repelente nas atividades de educação em saúde promovidas no território. Detalhes da Tecnologia Social O Laboratório Vivo, inicialmente implantado na zona rural, ganhou protagonismo e já conta com uma segunda unidade na sede do município na maior escola pública da rede municipal de ensino. Os canteiros do “Laboratório Vivo” são construídos em formatos geométricos de modo que nas extremidades são colocadas as plantas repelentes. Estas, com a ação do vento difundem o aroma repelente para o centro dos canteiros, onde estão as plantações das hortaliças e leguminosas, evitando assim a propagação de pragas. As plantas repelentes são utilizadas para produção de repelentes naturais, e suas mudas, também, são distribuídas para que a população plante em suas casas expandindo-as para diversos setores do município. Com a erva Citronela cultivada no laboratório são produzidos o repelente natural, que unida a outros ingredientes como cravos-da-índia, álcool, água e óleo vegetal obtemos um produto de baixo custo e acessível para toda a população. Assim a junção das plantas provém do espaço da escola, enquanto os demais ingredientes são fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Esta, também, disponibiliza os envases, rótulos, impressos com instruções de uso e receita para a replicação caseira do repelente pela comunidade. O repelente é produzido sempre com a presença de Agente Comunitário de Saúde ou Agente Comunitário de Endemias, profissionais da saúde ou da escola entre outros atores como a própria comunidade escolar. Os profissionais têm o compromisso de manter a produção de repelente natural ativa para ser distribuído à população nas visitas domiciliares, nas ações de acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família, do Programa Saúde na Escola, nas Unidades de Saúde e nas atividades e campanhas promovidas pelos serviços de saúde e educação. O "Laboratório Vivo", em conjunto com a distribuição do repelente natural e as mudas de citronela, tem estimulado e dinamizado as ações intersetoriais e o desenvolvimento comunitário. Além disso, promovem uma nova cultura de conscientização da população sobre a importância dos cuidados contínuos contra as arboviroses, baseada em ações coletivas e participação ativa da população, considerando intervenções integradas nos condicionantes socioambientais que interferem na saúde humana. A partir destas tecnologias estamos promovendo uma educação popular pautada numa nova lógica de prevenção às arboviroses, contrária à abordagem "mosquitocêntrica" amplamente difundida ao longo dos anos, abrindo espaço para abordagens ecossistêmicas de controle vetorial do Aedes por meio do uso de tecnologias sociais. Outros resultados também foram possibilitados, tais como: • Promoção de alternativas Sustentáveis para o cuidado com a comunidade: utilização de tecnologias sociais para o enfrentamento das arboviroses e produção de produto orgânico para cuidados em saúde com impactos ambientais mínimos representando uma alternativa sustentável no enfrentamento das arboviroses. • Fortalecimento da Intersetorialidade: Estreitou a relação e melhorou o diálogo entre Saúde com Educação/ Atenção Básica com Vigilância Ambiental e Escola com Saúde e população fortalecendo a intersetorialidade no município. • Diminuição do índice de infestação do Aedes medidos através do acompanhamento do LIRA. • Educação permanente: A presença da Universidade estimulou e motivou profissionais da saúde e da educação ampliando as práticas de Educação Permanente • Programa Saúde na Escola: dinamizou o PSE pois o laboratório vivo é um espaço que professores e alunos têm amplo acesso oportunizando aulas de campo para os escolares; Agentes de Combate as Endemias conquistaram um espaço mais ativo no PSE melhorando o protagonismo da Vigilância Ambiental no município. • Empoderamento da Comunidade: O projeto promoveu a autorresponsabilidade e o protagonismo da comunidade em relação à saúde. A produção de repelentes naturais e a disseminação do conhecimento sobre práticas fitoterápicas capacitaram os moradores a se tornarem agentes ativos na promoção da saúde. • Diminuição de iniquidades em saúde: Proporcionou a todos os segmentos populacionais o acesso ao uso do repelente; • Melhora na segurança alimentar da comunidade escolar uma vez que também são produzidas hortaliças e leguminosas nos canteiros: na pandemia esses produtos foram distribuídos para alunos e comunidade em geral; • Promoção dos hábitos de alimentação saudáveis e de novos saberes em torno do cultivo, cuidado e colheita dos alimentos são oportunizados no espaço dos laboratórios. • Destacamos que o repelente passou por pesquisas junto a UEPB e pode ser utilizado por todas as faixas etárias, com restrição às gestantes por ausência de estudos específicos. • Prática foi premiada na mostra “Paraíba aqui tem SUS” e selecionada para Mostra Nacional em 2022. Podemos concluir que a implementação de tecnologias sociais, como o "Laboratório Vivo" e o repelente natural e, as diversas interações geradas no território neste processo, geraram um impacto extremamente positivo. Essa abordagem inovadora fortaleceu de maneira significativa a intersetorialidade e a luta contra as arboviroses no município. Ao unir ciência e saberes populares, além das soluções práticas para a comunidade já indicadas, também foi possível redefinir a dinâmica do ensino-aprendizagem e a interação entre escola, saúde e comunidade. O legado desse projeto se estende como um exemplo inspirador de como o conhecimento, quando compartilhado e aplicado com um propósito claro, tem o poder real de transformar vidas e comunidades inteiras. Essa influência é tangível não apenas localmente, mas também em nível regional. A experiência de Junco do Seridó foi destacada como um caso de sucesso na Mostra "Paraíba aqui tem SUS", o que levou à sua replicação em outros municípios. Esse reconhecimento reforça ainda mais a importância e a eficácia desse projeto em moldar positivamente a saúde pública e o bem-estar geral. Políticas Públicas articuladas com a Tecnologia Social As tecnologias: Laboratório Vivo (instalado na escola) e Repelente natural (produzido e distribuído pela saúde) são tecnologias indissociáveis no contexto do projeto. Para que ambas funcionem é necessária uma boa articulação entre as Políticas Públicas municipais. Mesmo, tendo como objetivo o controle vetorial do Aedes, há inúmeros ganhos para os setores envolvidos tais como os apontados nos resultados deste trabalho. Pode-se dizer que Gestão, Saúde, Educação, Infraestrutura e Assistência Social estão mobilizadas ativamente para que o projeto se mantenha ativo no município.
Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

MEDEIROS, Ana celia Rocha de et al.. LABORATÓRIO VIVO E A PRODUÇÃO DE REPELENTES NATURAIS PARA O CONTROLE VETORIAL DE ARBOVIROSES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA... In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/698618-LABORATORIO-VIVO-E-A-PRODUCAO-DE-REPELENTES-NATURAIS-PARA-O-CONTROLE-VETORIAL-DE-ARBOVIROSES--UM-RELATO-DE-EXPERI. Acesso em: 21/06/2025

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