ORGANIZAÇÃO EM REDE DE COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COMO FORMA DE TECNOLOGIA SOCIAL: O CASO DAS COOPERATIVAS DE MACEIÓ

Publicado em 20/11/2023 - ISBN: 978-65-272-0008-6

Título do Trabalho
ORGANIZAÇÃO EM REDE DE COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COMO FORMA DE TECNOLOGIA SOCIAL: O CASO DAS COOPERATIVAS DE MACEIÓ
Autores
  • Ana Maria Rita Milani
Modalidade
Resumo expandido de Relatos de Experiências
Área temática
Tecnologias Sociais
Data de Publicação
20/11/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/1_sepets/696830-organizacao-em-rede-de-cooperativas-de-catadores-de-materiais-reciclaveis-como-forma-de-tecnologia-social--o-caso
ISBN
978-65-272-0008-6
Palavras-Chave
economia solidária. Tecnologia social. Alagoas. Catadores de materiais recicláveis.
Resumo
Resumo A Coopmundaú, cooperativa de catadores e catadoras associados para a prestação de serviços relacionados à coleta seletiva, triagem, armazenagem, reaproveitamento, beneficiamento, reciclagem que foi criada no contexto adverso da pandemia do Covid-19. Essa associação encontrava dificuldade de agregar valor ao processo produtivo e a comercialização do material reciclável devido fundamentalmente à falta de equipamentos e estrutura física para a armazenagem do material coletado. Este relato de experiência tem como objetivo descrever a idealização e uma tecnologia social relacionada a construção de uma rede de processo produtivo da cooperativa e de comercialização na Coopmundaú. Palavras chaves: economia solidária. Tecnologia social. Alagoas. Catadores de materiais recicláveis. Introdução A pandemia do COVID-19 chegou no Brasil, no momento no qual o país apresentava um desempenho de baixo crescimento, pouco espaço para a realização de políticas fiscal e monetária o que impacta negativamente no aspecto social. A medida que a pandemia se prolongou tornou-se evidente a caracterização de uma crise sanitária, econômica e social. A pandemia afetou ao Brasil através de dois efeitos: 1) paralização da atividade econômica interna que já vinha respondendo lentamente desde 2014 e 2) uma forte recessão mundial que afetou a economia brasileira dada sua inserção internacional periférica e dependente no comércio. As medidas de isolamento físico tomadas em função da pandemia provocaram consequências deletérias no mercado de trabalho, gerando perdas de emprego e redução dos níveis salariais, assim como o aumento da informalidade. Nesse contexto surgem experimentos sociais que se apresentam sob a forma de cooperativas, associações e que marcam uma nova práxis social na qual a solidariedade é a sua essência. Evidenciam-se, dessa forma, as contradições genéticas do capital: de um lado elevação imprevisível das forças produtivas e de outro a desnecessidade do trabalho assalariado. Surge como resposta a essas contradições a Associação Catamundaú. Essa Associação Catamundaú (bairro Vergel do Lago, Maceió/AL) que possui as seguintes coordenadas geográficas (-9.660428, -35.761051) ou localização, é uma instituição de interesse social, sem fins lucrativos, constituída por catadoras e catadores de materiais recicláveis e que tem como objetivo principal promover a coleta seletiva. Primeiramente, surge de forma informal no ano 2020, período de isolamento pela crise sanitária do Covid-19, através da articulação da Incubadora de Tecnologia Social da Universidade Federal de Alagoas (ITS-UFAL) de um grupo de catadores individuais que encontravam dificuldades na inserção no mercado de trabalho assim como na geração de e renda. Esses catadores percebiam que era mais difícil enfrentar as dificuldades econômicas e de vulnerabilidade individualmente, sendo assim, eles decidem criar a associação. A Associação Catamundaú, que foi criada em 2021, tendo como objeto promover os direitos sociais, a melhoria das condições de trabalho e da qualidade de vida dos associados, organizar os catadores e catadoras associados para a prestação de serviços relacionados à coleta seletiva, triagem, armazenagem, reaproveitamento, beneficiamento, reciclagem e apoio à comercialização dos materiais coletados e beneficiados. No ano 2023, associação se transforma em cooperativa a Coopmundaú. Atualmente, a Coopmundaú conta com 24 cooperados, na sua maioria mulheres, que vivem em um contexto de vulnerabilidade social, devido a morar em favelas, elevado grau de analfabetismo e baixa renda. Exemplifica-se que esses catadores obtém uma renda mensal média de 300 reais, sendo insuficiente para o sustento de uma família. Porém, a partir da prática do cooperativismo pode se vislumbrar caminhos que levem a ter ferramentas para superar o subdesenvolvimento e a vulnerabilidade. Essa associação encontrava dificuldade de agregar valor ao processo produtivo e a comercialização do material reciclável devido fundamentalmente à falta de equipamentos e estrutura física para a armazenagem do material coletado. A partir de então, se pensam e constroem alternativas que visam resolver um problema de escassez de equipamento o que vai viabilizar o empreendimento. Esta alternativa encontrada pode ser interpretada como uma tecnologia social que integra as problemáticas sociais à melhoria técnica como uma forma de resolver os entraves encontrados pela cooperativa. Este relato de experiência tem como objetivo descrever a idealização e uma tecnologia social relacionada a construção de uma rede de processo produtivo da cooperativa e de comercialização na Coopmundaú. Além desta introdução, a primeira seção aborda o conceito de tecnologia social. Na segunda seção, apresentar-se-á o relato da experiência de incubação do grupo. Na terceira seção, abordar-se-á a descrição da tecnologia social. Por fim, as considerações finais. 1. Tecnologia social e economia solidária: A Tecnologia Social (TS) pode ser interpretada como efetivas soluções de transformação social dentro da economia solidaria. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Importa essencialmente que sejam efetivas e reaplicáveis, propiciando desenvolvimento social em escala. Assim, ao caracterizar como efetivas a relacionamos a habilidade de geração de soluções de déficit específicos (VADALÃO; ANDRADE; CORDEIRO NETO, 2014). Neste sentido, a economia solidária pode estar assinalando a construção de novo espaço de transformação social em que a lógica utilitarista passa a ser restrita e novas formas de relações sociais se constituem, como a solidariedade, a cooperação, a autogestão. Estes experimentos sociais ao longo dos anos de sua constituição têm somado uma competência que merece ser levantada e sistematizada no sentido de evidenciar o que pode ser entendido como uma nova sociabilidade que aponta um caminho para a transformação social. Essas organizações sociais acionaram ao longo de sua constituição instrumentos pedagógicos, de gestão, de estratégias e de materiais que pode indicar elementos de um novo espaço que se contrapõe e põe em xeque o espaço do capital como forma de reprodução destas populações. 2. Relato da experiência: desenvolvimento do processo de incubação da Coopmundaú Por meio deste experimento social aponta-se que a economia solidária e o cooperativismo se apresentam como instrumentos de superação de situações de exclusão social e são importantes instrumentos frente a situação de vulnerabilidade. Vários autores se debruçaram com o conceito de economia solidária, entre eles Singer (2002), que a caracteriza como um modo de produção que se constitui ao lado do modo de produção capitalista, da pequena produção de mercadorias, da produção estatal, da produção privada sem fins de lucro. Assim, a solidariedade é vista como um estimula a sistemas mais amplos de reciprocidade com maior equidade entre as partes que intervém no processo. Os processos de gestão e produção nela praticados podem embasar uma transformação social desenvolvendo o local e a região na qual se encontra. A criação da Catamundaú que, atualmente, se transforma em cooperativa (Coopmundaú) é um exemplo singular. A Incubadora de Tecnologia Social da Faculdade de Economia, Administração e contabilidade da Universidade Federal de Alagoas (FEA-UFAL) em conjunto com outras instituições esteve atuante e presente no processo de organização, capacitação de criação de redes para atuação de tal associação e no assessoramento e processo de incubação. O trabalho em conjunto com as instituições anteriormente citadas permitiu: i) apoio do município para cessão do espaço no Ecoponto Vergel; ii) cursos de capacitações para os cooperados pela Incubadora de Tecnologia Social - FEAC/UFAL; iii) uma parceria em rede com a Coopvila, possibilitando a comercialização dos materiais recicláveis através da venda conjunta iv) o Instituto IDEAL juntamente com o Ministério Público do Trabalho (MPT) garantiu recursos para adquirir equipamentos, transporte, equipamentos de proteção individual e fardamentos. Apontase que a conquista da sede definitiva é uma das metas fundamentais, assim como o fortalecimento da autogestão. 3. Tecnologia social formação de Rede de cooperação no processo produtivo Ao se concretizar o funcionamento da associação começaram a se vislumbrar problemas na cadeia produtiva da produção de material reciclável para comercialização. O problema referia-se a falta de maquinários, prensa e balança, para conseguir vender o produto com maior valor agregado e com um preço mais alto. Por exemplo, em agosto 2023 o quilo de papelão prensado em fardos custo R$ 0,35 a R$ 0,40, caso seja vendido sem fardo o preço cai para R$0,20. Para a viabilidade econômica do empreendimento era necessário encontrar caminhos alternativos pois as máquinas que serviriam no processo produtivo não se conseguiriam no curto prazo. Assim, deu-se passo a construção de uma Tecnologia Social que consiste no trabalho em Rede entre a Cooperativa Coopmundaú e a Coopvila, organização mais estruturada e que se localiza na capital do estado. Esta última cooperativa possuía ampla experiência e está estruturada com relação aos maquinários, como também possui contrato com a prefeitura do município para realização do serviço de coleta seletiva. Assim, articulou-se a parceria de trabalho em conjunto na utilização da máquina prensadora para prensar o material, porque isso permite agregar valor e conseguir obter um preço maior no momento da venda. Dessa forma foi estabelecida a logística de organização de rede. Foram estabelecidos dias de uso da máquina prensadora, que em geral se dá no dia de sábado, a organização da logística de transportar o material coletado para outro local, embora na mesma cidade, precisava de articulação assim como também um caminhão para fazer esse transporte. Por outro lado, existiu a capacitação para utilização da prensa e balança para as cooperadas obterem autonomia no trabalho cotidiano. A articulação deste trabalho pode ser entendida como uma tecnologia social porque facilitou a venda do material e a obtenção de renda para os cooperados. Atualmente, a Coopmundaú conseguiu se incorporar à política pública do Ministério de Trabalho e Emprego, o Projeto Catamais que beneficia catadores e catadoras de materiais recicláveis no Estado de Alagoas. Considerações finais O projeto de incubação possibilitou identificar como os trabalhadores no processo cooperativo lutam pela sobrevivência e pela reprodução da vida. O experimento social da Coopmundaú em Maceió/Alagoas evidencia que a economia solidária pode se transformar num processo de desenvolvimento de tecnologia social, no qual o trabalho coletivo e organizado em rede entre duas cooperativas permite a geração de conhecimento, de renda e se apresenta como um caminho para sair das “zonas de deficiências” de maquinários. Assim, a tecnologia social no âmbito da solidariedade se apresenta como espaço de apropriação e aprendizagem para criar soluções que permitirá aos trabalhadores criar um ambiente propício para o desenvolvimento econômico e do local. Referências VADALÃO; ANDRADE; CORDEIRO NETO. Abordagens sociotécnicas e os estudos em tecnologia social. Revista: Pretextos. Belo horizonte, (2014). SINGER, Paul. Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2002
Título do Evento
1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social (SEPETS)
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MILANI, Ana Maria Rita. ORGANIZAÇÃO EM REDE DE COOPERATIVAS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS COMO FORMA DE TECNOLOGIA SOCIAL: O CASO DAS COOPERATIVAS DE MACEIÓ.. In: Anais do 1º Simpósio Brasileiro de Ensino, Pesquisa e Extensão em Tecnologia Social. Anais...Rio de Janeiro(RJ) Centro de Tecnologia da UFRJ, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/1_SEPETS/696830-ORGANIZACAO-EM-REDE-DE-COOPERATIVAS-DE-CATADORES-DE-MATERIAIS-RECICLAVEIS-COMO-FORMA-DE-TECNOLOGIA-SOCIAL--O-CASO. Acesso em: 17/07/2025

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