A história da profissionalização da Sociologia no Brasil registra capítulos dramáticos de valorização e desrealização. Se há, por um lado, expectativas e possibilidades reais de consagração no campo científico, por outro, a crise de prestígio ante o sistema social atravessa todos os elos dessa cadeia de configurações. Essa é a aflição que ora nos inquieta. Devido à sua gênese, torna-se imprescindível à Sociologia a promoção de uma tarefa emancipatória, sem interferência dos mecanismos de mercado (lucro, preço, demanda de produção), ao mesmo tempo que é fundamental pensar séria e detidamente em estratégias voltadas ao relacionamento com o mundo do trabalho.
Então, à maneira de Bourdieu (2005), devemos perguntar qual o estado da Sociologia no campo geral da ciência - e no campo do poder - para podermos desvelar os princípios que guiam a nossa prática. Tal questionamento induz a uma objetivação do sujeito observador, isto é, nós pesquisadores, a partir de um processo de “distanciamento de nós mesmos”, daquilo que é familiar, o qual exige o reconhecimento de que somos, fundamentalmente, seres humanos em meio a outros seres humanos (Elias, 2008). Nesse aspecto, não há como deixar de perceber a importância da teoria social na orientação do fazer sociológico, a fim de oferecer meios de elucidar a tensão entre as condições de possibilidade de efetivação da profissão sociológica e as instâncias (individuais e institucionais) capazes de des-reconhecer a sua condição legítima.
A pesquisa, enquanto exercício de refletir sobre as nossas próprias incapacidades e ignorâncias (Bourdieu, 2020), continua sendo a ferramenta por excelência do(a) Sociólogo(a). Em 2025, o 2º Seminário Discente do PPGS-UFC apresenta como tema norteador “O futuro da Sociologia: fronteiras, tensões e possibilidades”, no sentido de pensar para onde caminha e quais possibilidades se apresentam ao profissional do/no campo. Assim, a segunda edição do evento vem propor a continuidade no exercício de pensar a Sociologia de modo reflexivo. Na sua proposta de uma “sociologia reflexiva”, Bourdieu (1989) vai elaborar a noção de uma sociologia que tem a “(...) capacidade de reconstruir cientificamente os grandes objetos socialmente importantes, aprendendo-os de um ângulo imprevisto”
Pensando nas possibilidades de olhar para a sociedade e que a Sociologia fornece, que tensões se apresentam a ela no presente momento e quais são os dilemas que se colocam em seu futuro? Quais espaço a Sociologia têm ocupado no campo científico? Quais conflitos se apresentam? Quais são as possibilidades de atuação?
É a partir de novas questões que este seminário procura trazer aos pesquisadores(as) das mais diversas áreas que dialogam com as Ciências Sociais a oportunidade de travar diálogos e apresentar seus objetos de pesquisa em um espaço de troca e elaboração. Temos um encontro marcado em Fortaleza/CE, de 09 a 11 de abril de 2025.