ST APROVADOS - relação das apresentações
ST
1 – Cultura Popular e a resistência camponesa no cerrado: saberes e práticas
culturais de enfrentamento
Coordenadores:
Lucas
Pires Ribeiro
lucas.ribeiro@ueg.br
Valtuir
Moreira da Silva
valtuir.silva@ueg.br
Data: 28 de
novembro de 2024
Horário: 14 h
Local: http://meet.google.com/yea-yivz-tfc
Resumo
do Simpósio Temático
Nas
últimas décadas, em virtude da consolidação da História Cultural na
historiografia goiana, novas e importantes possibilidades de pesquisa têm se
apresentado no horizonte de pesquisadores e pesquisadoras. Entre as
possibilidades temáticas, o cotidiano da cultura camponesa, no transcorrer do
processo histórico, tem ocupado um espaço significativo tanto na historiografia
quanto em outras “áreas” do conhecimento. A formação do território goiano,
caracterizada na consolidação de uma estrutura agrária violenta, incidiu
fortemente na formação social, cultural e econômica desse imenso espaço. Na
concepção de alguns pesquisadores, em especial Júlio Borges (2016), a formação
do território pode ser entendida a partir da categoria de fazenda-roça goiana.
No entanto, o território se encontra permeado por uma diversidade sociocultural
em virtude da presença ativa e resistente dos humanos. Destarte, o presente
Simpósio Temático procura fazer uma imersão reflexiva sobre as ações e
intervenções dos humanos, das camadas populares, no território goiano. De
maneira mais específica, uma reflexão sobre os camponeses e suas práticas
culturais, analisando os modos e as maneiras que essa categoria encontrou,
historicamente, para se posicionar ativamente diante de uma estrutura agrária,
representada nos poderes dos grandes fazendeiros, opressora e violenta. Nesse
sentido, objetivamos reunir pesquisadores e pesquisadoras, das mais diversas
formações acadêmicas, que apresentem temáticas que versam tanto sobre a cultura
popular quanto sobre a cultura camponesa, apresentando as diferentes formas de
resistência – causos, contos, poesias, músicas, mutirões, folguedos populares,
organização sindical, associações, movimentos sociais - que esses atores e
atrizes sociais, de forma individual ou coletiva, tanto no passado quanto no
presente, adotaram para garantirem uma vida digna e se posicionarem de maneira
resistente dentro do território goiano. A cultura popular e a cultura camponesa
estão inseridas no presente Simpósio Temático enquanto categorias que
representam práticas, valores e costumes de resistência aos poderes coloniais.
Palavras-chave: Cultura
popular. Camponeses. Resistência.
COMUNICAÇÕES
O
encontro de culturas tradicionais da Chapada dos Veadeiros: cultura popular e resistência
José
Fernando Saroba Monteiro
jfmonteiro2@hotmail.com
Resumo:
Em
2023, o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros foi eleito
patrimônio imaterial goiano, pela Lei nº 22.007. Aqui importa perceber o
reconhecimento, por meio da patrimonialização, de um bem imaterial, de uma
celebração, que contempla a cultura popular tradicional, iniciativa primeira do
Encontro de Culturas. Mais do que contemplar a cultura popular tradicional,
aliás, o Encontro serve como um lugar de resistência, ao abrigar este tipo de
manifestação tão preterida nos centros urbanos e entre a cultura dominante.
Isso porque, ao reunir diferentes expressões artístico-populares – como a
catira, curraleira, congada, sussa, batuque, lundu, e.o., originadas dentro e
fora do estado de Goiás – o Encontro de Culturas garante a subsistência de seus
mestres, brincantes, dos folguedos, cantos e danças, muitas vezes esquecidos e
que, sem ter um espaço para sua prática e permanência, correm o risco de até
mesmo se extinguirem. Deste modo, além de celebrar a cultura popular
tradicional brasileira, o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos
Veadeiros funciona como uma plataforma para dar visibilidade a essa cultura,
despertando o interesse das novas gerações e, com isso, assegurar a sua
perenidade, além de promover o intercâmbio entre os atores culturais, que
ampliam o conhecimento sobre a realidade de seus congêneres e dialogam sobre as
causas e soluções para os problemas enfrentados. Ademais, a humanização e a
sensibilização sobre diversas causas, não apenas culturais, mas também
relativas ao meio ambiente, sustentabilidade, economia rural, produção
artesanal, tradição indígena e quilombola, são importantes frentes de ação do
Encontro. Sediado na Vila de São Jorge, às portas do Parque Nacional da Chapada
dos Veadeiros, o evento coexiste com o turismo, com o avanço da agricultura
extensiva e com a urbanização crescente que, se não bem reguladas, representam
ameaças ao ecossistema da região, como outrora fora o garimpo, proposta
contrária a do Encontro de Culturas, que prefere defender os saberes ancestrais,
a medicina natural, o cultivo orgânico, o artesanato, contos, rituais, crenças,
servindo, portanto, como locus de resistência para a cultura popular
tradicional em suas mais diferentes formas.
Uma
viagem pelos galhos tortuosos do cerrado: reflexões patrimoniais sobre o bioma
brasileiro
Nayrhainne Souza Duarte Araújo
nayrhainne.aaraujo.seduc.go.gov.br
Luana
Nunes Martins de Lima
luana.lima@ueg.br
Resumo:
O
presente artigo busca apresentar, refletir e caracterizar o bioma Cerrado e
suas características socioculturais, pautadas numa perspectiva patrimonial. Por
detrás de seus galhos tortuosos e secos, o Cerrado brasileiro carrega profusos
elementos culturais, ambientais e sociais do povo que coabitam em seu
território, e, compreender esta relação faz-se importante para o
desenvolvimento de políticas públicas e ações que visam preservar o bioma como
Patrimônio Natural do país e dos estados em que se faz presente. As análises e
estudos sobre o conceito de patrimônio está em constante transformação e
aproximou-se, por volta da década de 1970, dos temas ambientais e naturais,
ampliando as pesquisas que debruçam sobre a importância da preservação e
conservação dos elementos naturais para a vida humana. São por meio destes
elementos que a população desenvolve seus modos de vida, fazeres e saberes, que
perpassam tradicionalmente por várias gerações, fortalecendo, portanto, a
importância de se pensar a natureza, também, como patrimônio. Desta forma, este
trabalho, auxilia e evidencia as características que relacionam o bioma
Cerrado, com as discussões empreendidas sobre a noção de Patrimonio Natural e
sua urgente necessidade de preservação, para manutenção da vida humana, e,
também, de sua cultura.
Palavras-chave: Cerrado.
Patrimônio Natural. Preservação.
O
mutirão no campo como prática cultural não hegemônica
Leticia
Rodrigues de Paulo
leticiagoias321@gmail.com
Resumo:
Este
resumo tem como objetivo analisar o mutirão no campo como prática cultural tida
como não hegemônica, mas que reverbera no âmbito político, social, cultural e
econômico. A metodologia deste trabalho se caracteriza como estudo
bibliográfico. Para tanto, utilizar-se-á como referencial teórico os estudos de
Sabourin e Caron (2009). Nas últimas décadas, a ampliação de categorias como o
Patrimônio tem oportunizado que novos atores sociais, ora à margem da
sociedade, sejam trazidos a tona. Com isso, temos a inserção dos povos do
campo, suas tradições, costumes, festas e a infinidade de saber fazer de cada
comunidade camponesa. Práticas que afirmam e reafirmam suas identidades. Esses
sujeitos, que em suas trajetórias carregam o histórico de subordinação, exploração
face a elite rural que ainda impera e o desafio do crescimento e centralidade
do urbano, outrossim também detém formas de enfrentamento, lutas e resistências
através de práticas passadas de geração em geração, presentes no cotidiano dos
povos do campo, como é o caso dos mutirões. Para Sabourin e Caron (2009), os
mutirões são formas de cooperação entre os camponeses na execução de trabalhos
que envolvem bens comuns e coletivos (mutirão para plantio) ou em benefício de
uma única família (mutirão para reforma de casa). O Mutirão fortalece o senso
de comunidade e pertencimento, constitui uma forma de cooperação e sociabilidade.
Ademais, contrapõe-se à dinâmica capitalista neoliberal, haja vista que o
resultado do trabalho é revertido em benefício daqueles que o fizeram e não
pode ser apropriado. No que concerne ao patrimônio cultural, o mutirão nas
comunidades do campo, apresenta-se como um vasto território a ser desvelado,
mas que já enuncia diversidade em suas múltiplas práticas culturais.
Palavras-chave: Mutirão. Campo.
Patrimônio.
As
ruas como um cenário de resistência, manifestações e protestos que moldaram a
História
Yasmin
Marques da Silva
marquesyasmim94@gmail.com
Resumo:
Este
artigo busca analisar as ruas como importantes espaços de transformação social
e resistência, lugares onde diferentes grupos se reúnem para expressar demandas
culturais, políticas e sociais que influenciam a organização e identidade da
sociedade. A pesquisa adota uma visão ampliada das ruas, considerando-as mais
do que simples vias de circulação: são verdadeiros palcos de mobilização
popular e construção de identidades coletivas. Com base nos estudos de teóricos
como Walter Benjamin (1987), Henri Lefebvre (2006) e Maria Stella Bresciani
(1982), o artigo investiga como as ruas se tornam agentes de mudança social.
Documentos históricos, como boletins da Diocese de Goiás, ofícios e artigos de
jornais, são utilizados para demonstrar o papel das ruas em momentos críticos,
ilustrando como esses espaços públicos se tornaram locais de resistência e de
confrontação de estruturas de poder. A análise revela que as ruas,
tradicionalmente vistas como "mão única", possuem na realidade
múltiplas direções e significados. São espaços dinâmicos onde a mobilização
popular desafia as fronteiras de controle e onde novos significados sociais são
construídos. Examinando documentos que registram episódios de protestos e
manifestações, o artigo destaca a importância desses espaços públicos na
construção da vida urbana, permitindo que grupos marginalizados expressem suas
lutas e conquistem visibilidade. Conclui-se que as ruas cumprem uma função
essencial na organização social e no exercício da resistência, sendo um cenário
vital para expressões de identidade e contestação ao longo da história, bem
como um lugar de inovação social e luta por justiça.
Palavras-chave: Ruas.
Resistência. Documentos Históricos. Espaço urbano.
Da
Associação dos Lavradores do Xixá à Cooperafi: formação da luta camponesa em
Itapuranga (1954-2000)
Valtuir
Moreira da Silva
valtuir.silva@ueg.br
Resumo:
Para
E. Paul Thompson (1994) existiu uma formação da classe operária inglesa que se
constituiu a partir das inúmeras experiências da vida cotidiana. Inspirado nas
leituras thompsianas de entendimento da realidade social e histórica a presente
comunicação tem como escopo de análise produzir um balanço das organizações,
embates e experiências sociais, políticas e culturais em que estiveram
envolvidos os trabalhadores rurais camponeses do município de Itapuranga (GO).
O processo de formação das organizações sociais e das lutas no território de
Itapuranga é um processo que se faz formar e tem a ver com os costumes em comum
que fora socializado nas mais diversas capacidades produtivas do movimento
social camponês. O recorte temporal não é fixo e nem pode se entendido como seu
início e fim, mas entendo que parte de um processo formativo que envolve
saberes que foram sendo repassados aos outros companheiros na lide da luta, no
trabalho, nas reuniões, nas celebrações religiosas e nos cursos formativos,
desde as comunidades eclesiais de base até nas reuniões do sindicato, partido e
das instituições que nasceram ao longo deste período. Daí, o habitus, como nos
ensina Bourdieu ( ) vai se constituindo com a Associação dos Lavradores do Xixá,
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapuranga, Associações de Produtores,
Associação do Adubo, Comunidade de Baixa Renda, Escola Popular do Laranjal,
Cooperativa Mista dos Produtores de Itapuranga, do Hospital do Sindicato
(Associação Popular de Saúde), da Sociedade da Vaca, da Feira da Agricultura
Familiar, da Cooperativa de Agricultura Familiar de Itapuranga, do Peg Pag
Solidário e Responsável, do Empório da Cooperafi e da Associação das Mulheres
do Xixá são práticas e realidades que existiu um processo formativo da luta
camponesa em Itapuranga e que se serviu como um processo de fazer
formar
e informar. Assim, estudar, refletir e compreender os 66 anos de luta e embate
seja uma tarefa importante para compreendermos que a revolução se faz com
inúmeras estratégias e considero que o vivido e experienciado no município de
Itapuranga é parte de um contexto que se revoluciona sempre.
Palavras-chave: Organização.
Camponeses. Resistência e Educação.
Poesia
e resistência nos versos de Zé Lemes: uma imersão na sabedoria popular de um
camponês do município de Itapuranga-GO
Lucas
Pires Ribeiro
lucas.ribeiro@ueg.br
Resumo:
O
município de Itapuranga-GO, localizado no interior do estado de Goiás, possui
uma relação histórica com a cultura camponesa. Desde a ocupação mais efetiva do
território, a partir das primeiras décadas do século passado, é possível
identificar nos documentos e registros históricos que a formação do município é
marcada pela forte presença dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nos mais
diferentes setores: laboral, econômico, religioso, cultural e assim por diante.
Levando em consideração um recorte temporal de longa duração, envolvendo a
cultura camponesa e a ocupação do território, especialmente a partir da segunda
metade do século XX, a presente proposta de comunicação, que resulta de uma
pesquisa em construção, procura compreender os sentidos e os significados da
análise crítica e reflexiva realizada por um trabalhador rural - José Raulemar
Toledo, conhecido popularmente na condição de Zé Lemes - sobre a condição
dos/as camponeses no município de Itapuranga a partir da segunda metade do
século XX. Essa leitura interpretativa e representativa feita por Zé Lemes
encontra-se sustentada em uma quantidade enorme de poemas escritos e
posteriormente declamados para os atores e atrizes sociais que estabeleceu e
construiu suas relações sociais. Por meio da leitura poética de Zé Lemes,
característica de uma sabedoria inerente à cultura popular, torna-se possível
desnudar um contexto socioeconômico marcado por muitas dificuldades materiais
que os camponeses itapuranguenses vivenciaram: expulsão e migração para o espaço
urbano, avanço da monocultura da produção na região e exploração sistemática
dos/as trabalhadores rurais pelos grandes fazendeiros. No entanto, além de
escrever e declamar as dores, Zé Lemes cantou as diferentes formas de
resistência dos camponeses: associações, mutirões, surgimento de cooperativas,
sindicatos, Hospital da Santa Casa do Povo e outras conquistas e estratégias de
resistência importantes. Por meio da poesia de Zé Lemes, na condição de uma
hipótese de pesquisa, desnuda-se uma realidade sociocultural de vivência e
convivência dos trabalhadores rurais no município de Itapuranga a partir da
segunda metade do século XX.
Palavras-chave: Zé Lemes. Camponeses. Resistência. Cultura Popular
ST 2 - Os Arquivos,
fontes históricas e Patrimônio Cultural
Coordenador
Eduardo
de Souza Barros
eduardobarrosadv@hotmail.com
Data: 29 de novembro de 2024
Horário: 8 h 30
Local: Sala
Urbano Berquó
Resumo
do Simpósio Temático
O presente Simpósio Temático
tem como objetivo discutir a função dos arquivos enquanto fontes históricas e
patrimônio cultural. Este evento busca estimular o debate e a troca de ideias
entre pesquisadores das áreas de arquivologia, história e patrimônio cultural,
visando à busca de soluções para os desafios contemporâneos relacionados a
esses temas. Os arquivos desempenham duas funções principais: servem como prova
para o exercício de direitos e constituem fontes primordiais para a pesquisa
historiográfica. Além disso, são reconhecidos como espaços de memória e poder,
desempenhando um papel fundamental na preservação, proteção, educação e
divulgação do patrimônio cultural. A relação entre arquivos e patrimônio
cultural é, portanto, tanto histórica quanto jurídica. Desde a Constituição de
1946, os acervos arquivísticos passaram a contar com proteção constitucional.
Atualmente, a proteção dos acervos arquivísticos está assegurada pelo inciso IV
do artigo 216 da Constituição Federal de 1988. Dessa forma, qualquer acervo
documental produzido que trate da identidade, trabalho ou memória dos diversos
grupos formadores da sociedade brasileira é legalmente reconhecido como
patrimônio cultural, gozando, assim, de proteção jurídica por parte do Estado
brasileiro. Diante disso, a interconexão entre arquivos, história e patrimônio
cultural é vital para a construção da memória coletiva, para a educação e para
a identidade cultural de um povo. Portanto, o presente Simpósio Temático,
recebera trabalhos que versem sobre os seguintes temas: descrição e organização
de acervos arquivísticos incluindo processos de digitalização de acervos; a
relação entre acervos e memória; o arquivo enquanto lugar de memória; os usos
políticos dos arquivos e do patrimônio cultural; legislação de arquivos;
legislação sobre patrimônio cultural; os arquivos como fonte primária do
historiador; a relação entre arquivos e patrimônio cultural; narrativas
individuais e coletivas na produção de acervos; acervos pessoais e memória; o
papel dos diversos grupos sociais na construção do patrimônio cultural e os
arquivos. Este simpósio proporcionará um espaço valioso para a reflexão e o
diálogo sobre a importância dos arquivos na preservação da memória coletiva e
do patrimônio cultural.
Palavras-chave: Arquivos, Fontes Históricas, Patrimônio
Cultural
COMUNICAÇÕES
O
acervo documental do Antropólogo visual
Jesco von Puttkamer como fonte histórica e patrimônio cultural brasileiro
Eduardo
de Souza Barros
eduardobarrosadv@hotmail.com
Resumo: O presente estudo
tem como objetivo analisar a relevância do acervo do antropólogo visual Jesco
von Puttkamer como uma fonte histórica e como patrimônio cultural nacional. Os
arquivos desempenham duas funções fundamentais: por um lado, atuam como provas para
o exercício de direitos, e por outro, constituem fontes primárias essenciais
para a pesquisa historiográfica. Além disso, os arquivos são reconhecidos como
espaços de memória e poder, exercendo um papel crucial na preservação,
proteção, educação e divulgação do patrimônio cultural. Nesse sentido, a
relação entre arquivos e patrimônio cultural se configura de maneira
simultaneamente histórica e jurídica. Desde a Constituição de 1946, os acervos
arquivísticos passaram a ser amparados por proteção constitucional. Atualmente,
a proteção desses acervos está garantida pelo inciso IV do artigo 216 da
Constituição Federal de 1988, que assegura que qualquer acervo documental
relacionado à identidade, ao trabalho ou à memória dos diversos grupos que
compõem a sociedade brasileira seja reconhecido como patrimônio cultural,
desfrutando, assim, de proteção jurídica pelo Estado brasileiro. A interconexão
entre arquivos, história e patrimônio cultural, portanto, revela-se fundamental
para a construção da memória coletiva, para os processos educativos e para a
afirmação da identidade cultural de um povo. Este estudo configura-se como uma
pesquisa de natureza descritivo-exploratória, com ênfase no levantamento
bibliográfico, sendo já concluído. A análise se concentrou no acervo localizado
no IGPA/PUC-GO, além de incorporar textos de historiadores, juristas,
arquivistas, museólogos, antropólogos, sociólogos, psicólogos e documentos
legais. Os resultados obtidos permitem afirmar que o acervo em questão é
complexo, culturalmente diversificado, composto por variados suportes
documentais, e se enquadra plenamente no conceito legal de patrimônio cultural
brasileiro. Com isso, foi possível elaborar um produto de pesquisa na forma de
um catálogo de arquivo, contendo a descrição de todos diários de campo de Jesco
von Puttkamer. Conclui-se, portanto, que este acervo é uma fonte primária de
estudo relevante para diversos profissionais, especialmente para historiadores,
e deve ser considerado patrimônio cultural nacional, tanto pela sua relevância
histórica quanto pelo seu valor cultural e social
Palavras-chave: Arquivos, Fontes
Históricas, Patrimônio Cultural
Arquivos
e justiça histórica: o tratamento arquivístico como aliado ao direito à memória
Lara
Lins
alaralins@gmail.com
Luciana
Rattes Máximo de Castro
lucirattes@gmail.com
Resumo: Os arquivos
constituem fontes primárias de informação essenciais para a preservação da
memória coletiva, desempenhando um papel crucial na construção do que pode ser
compreendido como patrimônio cultural. Entretanto, quando negligenciados ou
tratados de maneira inadequada, esses acervos perdem sua funcionalidade,
tornando-se inacessíveis ou subutilizados. Este estudo explora o impacto do
tratamento arquivístico – que engloba práticas como classificação, descrição e
digitalização de documentos – na democratização do acesso à informação,
destacando como essas ações podem habilitar grupos historicamente
marginalizados a acessar registros de suas memórias, dar visibilidade às suas
próprias narrativas e questionar as perspectivas historiográficas predominantes.
O objetivo central da pesquisa é examinar o potencial emancipatório dos
arquivos quando compreendidos como instrumentos para a preservação da memória e
a transformação social. A metodologia adotada combina uma revisão bibliográfica
interdisciplinar, que articula estudos arquivísticos, teorias decoloniais e
políticas públicas voltadas para o patrimônio cultural, com a análise de
estudos de caso sobre práticas de tratamento e difusão de acervos documentais.
Dentre os casos abordados, destacam-se iniciativas que priorizam a
digitalização e a descrição orientadas para a acessibilidade. Os achados
preliminares indicam que, ao serem tratados em conformidade com os princípios
arquivísticos, respeitando ou restaurando seus contextos originais de produção,
os arquivos ampliam significativamente as possibilidades de participação de
diferentes grupos sociais na construção do conhecimento histórico. Assim,
informações presentes em documentos e suas relações com o todo no contexto de
origem da documentação possibilitam que informações subjetivas acerca da
cultura de uma comunidade possam ser analisadas e compreendidas apesar da
supressão de informação sobre esses grupos subalternizados em fontes
históricas, possibilitando trazer à luz elementos culturais que foram preteridos,
narrativas inteiras silenciadas pela memória oficial. Nas considerações finais,
enfatizamos a necessidade de políticas públicas robustas e consistentes que
assegurem tanto a preservação quanto a acessibilidade dos arquivos públicos. Ao
serem tratados como repositórios de memória e instrumentos de justiça
histórica, os arquivos transcendem sua função primária, de apoio e prova de
atividades administrativas, e assumem o papel de importantes aliados na luta
por igualdade, representatividade e resistência às estruturas de poder
coloniais. Palavras-chave: Arquivologia; Referências Culturais;
Historiografia.
As cavalhadas na cidade de Goiás: História, festividade e
patrimônio cultural imaterial
Adylla de Jesus Rodrigues
adyllajesus714@gmail.com
Maria Dailza da Conceição Fagundes
maria.fagundes@ueg.br
Resumo:
A proposta desta pesquisa é o estudo
da história dos festejos das Cavalhadas na Cidade de Goiás que, após um hiato
de mais de setenta anos, retornou, em 2022, à antiga capital do Estado. Essa
festividade é conhecida pela representação das batalhas medievais entre mouros
e cristãos, em que o teatro equestre conta com a participação de vinte e quatro
cavaleiros: doze cristãos com as vestimentas azuis e doze mouros com
indumentárias vermelhas. As cavalhadas é uma reminiscência medieval, ou seja,
uma manifestação cultural originária da Idade Média portuguesa, que começou no
século XV. No Brasil, foram implantadas no século XVII,
em Pernambuco e, embora mantenham
inspiração no enredo teatral medieval, as cavalhadas foram adaptadas e
modificadas ao longo do tempo. Assim, propõe-se investigar as representações
dessa celebração em escritos de viajantes como a obra “Viagem no interior do
Brasil” de Joham Emanuel Pohl. Além disso, recorre-se também ao estudo de
documentos iconográficos e escritos como requerimentos de terrenos. Essas fontes históricas em análise se encontram na
Fundação Cultural Frei Simão Dorvi (Cidade de Goiás-GO). A Fundação Cultural
Frei Simão Dorvi é uma instituição de destaque na preservação do patrimônio
bibliográfico e documental goiano. Em sua biblioteca e arquivo histórico,
encontram-se periódicos, livros, documentos históricos e manuscritos datados
desde o século XVIII, todos relacionados à história da antiga capital de Goiás.
Nesse contexto, as Cavalhadas fazem parte das festividades reconhecidas como
patrimônio cultural imaterial, pois essa celebração envolve experiências,
saberes, relações de sociabilidades e histórias que se entrelaçam com o
objetivo de preservar a identidade cultural e religiosa da cidade.
Palavras-chave: Cavalhadas; Cidade de Goiás-GO; Patrimônio; Celebração.
Educação
patrimonial e memória afetiva: o caso do memorial Bernardo Sayão em Ceres - GO
Valdimar
Manoel da Silva
valdimaredu@hotmail.com
Resumo: A educação
patrimonial é um processo contínuo e participativo de troca de conhecimentos,
com a capacidade de desenvolver comportamentos que protejam, preservam e
valorizem o patrimônio cultural. O atual estudo tem como proposta analisar o
inventário do memorial Bernardo Sayão, localizado em Ceres - GO, através da
perspectiva metodológica da museologia social. Este enfoque destaca a memória
afetiva, uso social do museu, investigando como a comunidade atribui sentido e
significado aos acervos. O acervo de Bernardo Sayão, possui mais de 2.000 itens
da Colônia Agrícola da cidade de Ceres - Goiás, com o objetivo de trazer de
volta à memória a época da CANG entre bens, veículos, máquinas, ferramentas e
outros utensílios, muitos adquiridos ou doados pela população local. A
pesquisa, é de abordagem qualitativa, centrada em elementos sociais e
culturais, enfatiza a importância da sensibilização e preservação do patrimônio
histórico e cultural. Estrategicamente, o estudo busca integrar e mediar a
relação entre a comunidade e seu patrimônio cultural, promovendo o senso de
pertencimento e valorização das raízes históricas da cidade. Este processo é
fundamental para a construção da cidadania, uma vez que mantem viva a
identidade coletiva e permite que a população conheça e valorize sua própria
cultura.
Palavras-chave: Patrimônio
Cultural; museologia social; memória afetiva; inventario
ST 3: (RE)SIGNIFICAÇÃO
DA "PEDRA E CAL":
ESPETACULARIZAÇÃO DAS CIDADES, DO
PATRIMÔNIO VISÍVEL AO INVISÍVEL”
Coordenadoras
Dra. Keley Cristina Carneiro
keley.carneiro@ueg.br
Esp. Thays Thaynara de Sousa
thays.ts@hotmail.com
Resumo
do Simpósio Temático
O Patrimônio Cultural edificado, principalmente
nas cidades popularmente conhecidas como "cidades históricas", está
ligado à espetacularização das "cidades-atração." Porém, por trás de
sua estrutura arquitetônica, "de pedra e cal" há outras histórias, as
invisíveis, as não contadas, aquelas dos bastidores, que envolvem legislações,
IPHAN, ruínas, abandono, resistência, vivências, além do saber fazer desses
monumentos. Por estarem ligados a espetacularização das “cidades atração”,
esses patrimônios de “pedra e cal” acabam sendo viabilizados apenas por aquilo
que está visível, deixando determinados pontos, comunidades e narrativas
inviabilizadas. Diante disso, é necessário desenvolver um olhar mais aguçado
diante do Patrimônio Cultural edificado, buscando um movimento de
ressignificação das memórias dos marginalizados nas narrativas do patrimônio
cultural, analisando-o a partir de uma nova roupagem, valorizando as
ressonâncias do patrimônio imaterial existente neles, buscando trazer à tona
uma outra face, esta que tem estado em uma condição de marginalidade. O
processo de ressignificação é intenso, pois sabe-se que o patrimônio é um campo
de disputas políticas e sociais. Nesse contexto, determinados grupos acabam
sendo beneficiados, em detrimento de outros que acabam ficando em posição de
invisibilidade no parecer histórico patrimonial. As estruturas arquitetônicas
de “pedra e cal” não devem ser pensadas de forma isolada, suas “almas” precisam
ser colocadas dentro da ótica de preservação patrimonial, sendo assim, este
simpósio temático (ST) pretende reunir trabalhos e promover reflexões entre
pesquisadores e estudiosos que abordam a espetacularização das cidades, como
espaço de representação e seu "patrimônio em conflito." Além de
desenvolver um debate sobre a ressignificação dos patrimônios de “pedra e cal”
sob a perspectiva do visível ao invisível.
Palavras-chave:
Patrimônio, (Re)significação, patrimônio invisível
COMUNICAÇÕES
PAC-Cidades Históricas: A
importância da restauração histórica do Mercado Municipal
Ana
Clara de Araújo
clara.araujo07@gmail.com
Resumo: Esta comunicação
tem como objetivo abordar sobre o Mercado Municipal, localizado na cidade de
Goiás, de modo que este foi construído com detalhes o qual o aproximam da
arquitetura neoclássica. Possuindo alvenaria de tijolo e adobe, ornamentos em
massa forte de reboco, colunas com capitéis e volutas em estilo grego-jônico,
que comportam uma platibanda, sendo ornamentada com elementos decorativos os
quais remetem ao ecletismo utilizado em várias edificações da Cidade de Goiás,
nas primeiras décadas do século XX. A reforma do mercado ocorreu por meio do
programa “PAC Cidades Históricas” e pelo “Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional” (IPHAN), cujo plano estratégico das esferas governamentais
resumiu em preservar e proporcionar a existência temporal do Mercado Municipal,
em seu respectivo contexto. De acordo com o IPHAN (2016), inaugurado em 1926, o
Mercado Municipal passou pelo processo de restauração de portas abertas, o qual
possibilitou a presença dos comerciantes e intensa participação da comunidade
durante toda a obra. Sendo financiada com recursos do PAC Cidades Históricas,
com o custo de R$ 10 milhões, a restauração possuía como objetivo a revisão
completa de todo o sistema elétrico e hidros sanitário do mercado. As
intervenções duraram dois anos e preservaram as características principais do
Mercado, buscando manter os aspectos que o aproximam da arquitetura
neoclássica, a qual era tendência no início do século XX, em Goiás.
Palavras-chave: Patrimônio
Cultural. Mercado Municipal, PAC-Cidades Históricas, Cidade de Goiás.
A
Igreja Matriz de Trindade-GO: para além da “pedra e cal”
Blenda
Suelen Bento
blendasuelen@gmail.com
Resumo: A cidade de
Trindade, localizada no estado de Goiás, é conhecida como a “capital da fé”,
uma cidade religiosa, (re)territorializada por experiências católicas, que
atrai milhões de pessoas todos os anos em sua tradicional Festa do Divino Pai
Eterno, uma das maiores celebrações do Centro-Oeste brasileiro. A Igreja Matriz
da cidade, primeiro santuário do Divino Pai Eterno, é a igreja mais antiga da
cidade e foi tombada como Patrimônio Cultural Material Nacional pelo IPHAN no
ano de 2014. Uma construção que data do ano de 1912, palco de diversas
festividades e grande atenção durante a festa anual do Divino Pai Eterno,
merecedora de toda sua preservação patrimonial. Um Patrimônio Cultural
edificado, ligado à espetacularização da cidade de Trindade e que por trás de
sua estrutura arquitetônica de “pedra e cal”, que aliás não pode ser pensada
somente dessa forma, carrega histórias não contadas, simbologias invisíveis aos
nossos olhos, vivências, sentidos e significados para milhões de pessoas no
Brasil e no mundo. Mesmo que o patrimônio seja um campo de disputas e
conflitos, a Igreja Matriz de Trindade trata-se de um Patrimônio Cultural que
não pode ser viabilizado apenas pelo seu visível, ou seja, sua construção
material, pois devemos observá-lo com outros olhares e em busca de
ressignificação das memórias invisíveis pertencentes à Igreja Matriz, sua
comunidade e aos seus usuários, valorizando todo o “imaterial” existente nesse
patrimônio. Este artigo objetiva, portanto, demonstrar e debater os
significados que este patrimônio cultural possui além da “pedra e cal”, sob a
perspectiva do visível ao invisível, abordando também toda a sua espetacularização
na cidade de Trindade.
Palavras-chave: Patrimônio,
(Re)significação, Igreja Matriz, Invisível.
Um bairro, Igreja Santa Rita e um monge; patrimônio que
ultrapassam as margens do tombamento
Jefferson
Leite Rodrigues
jeffersonlrodrigues@gmail.com
Dra.
Raquel Miranda Barbosa
raquel.barbosa@ueg.br
Resumo: Nesta comunicação, pretende-se apresentar e refletir o
patrimônio cultural, por meio dos entalhes em madeira produzido por Pedro
Recroix que denotam a interação entre memória afetiva, história e identidade cultural,
esta última ganha destaque na obra, uma vez que a condição cultural religiosa é
norteadora da espiritualidade revelada nas obras de Pedro. Conhecida
mundialmente pelo seu conjunto arquitetônico tombado pelo IPHAN em 2001, a
Cidade de Goiás carrega consigo grande legado histórico e cultural do
centro-oeste. Como mencionado pela grande poetiza vilaboense “as casas que
cochicham umas com as outras” narram histórias desse território que durante
décadas (ou séculos) mantinha uma relação de grande afastamento com as
metrópoles brasileiras. Narrativas essas que podem ser encontradas em diversos
autores, ou artista quem contam, ilustram e encantam a todos com a cultura
produzida por esse “cantim” do Brasil. Porém apenas romantizar o passado e
presente de Vila Boa de Goiás, não tem dado conta de suas narrativas. A
periferia da cidade grita por espaço de narrativas de suas histórias, as quais
historicamente tem sido silenciado pela elite (que se veste com a capa de
“família tradicional vilaboense”), pelos ditos intelectuais e curadores da
cultura vilaboense. Essa apresentação pretende dar voz à periferia, narrando
histórias não contadas, considerando a memória coletiva dos moradores do bairro
João Francisco, considerando a relevância da Igreja santa Rita para a
comunidade para enfim apresentar os entalhes de Pedro, que conferem aos móveis
sagrados da Igreja Santa Rita, uma identidade (latino-americana) muito próxima
da Teologia da Libertação. A estética da arte de Recroix desempenha um papel
importante na expressão da fé e na conexão entre o devoto e o divino, educando
e inspirando os fiéis. A preservação do patrimônio religioso/cultural na
Paroquia Santa Rita de Cássia, promove a continuidade das tradições religiosas
e salvaguarda o patrimônio artístico de inspiração religiosa produzido por
Pedro Recroix.
Palavras-chave: Santa Rita, João Francisco, Patrimônio Cultural, cidade de
Goiás, Arte em Madeira.
Para além do visível nas ruas de pedra do centro histórico de Goiás
Mateus Godinho
Borges de Brito
mateusgbdb@gmail.com
Resumo: Esta
comunicação trata sobre a pesquisa acerca da origem do calçamento de
pedra de algumas ruas do centro histórico da cidade de Goiás, já reconhecidas
como patrimônios culturais, e sua possível relação com os desdobramentos de
identidade e de memória pela ótica dos processos de patrimonialização na
cidade. O trabalho está sendo realizado por meio da análise de fotografias
antigas das ruas delimitadas para a pesquisa
e demais documentos, como Leis, Decretos, etc; O embasamento teórico
é fundamentado principalmente por meio de autores especializados na temática do
patrimônio cultural, incluindo Márcia Chuva, Sandra Pesavento e Izabela Tamaso.
Este estudo procura desmistificar a percepção comum sobre a estética colonial
dos calçamentos de pedra, utilizando documentação, especialmente fotografias, para demonstrar que as intervenções
na paisagem ocorreram após o período
colonial, influenciando a construção de identidade e memória associadas à
“invenção” do patrimônio cultural. Além disso, pretende-se analisar os bens
culturais para além da materialidade da “pedra e do cal”, explorando os
aspectos “invisíveis” do centro histórico. A partir dessas discussões, o trabalho
poderá contribuir de forma significativa ao evento já que
procura questionar uma narrativa consolidada em torno da estética colonial como
produto de uma “cidade atração”. O
projeto está em sua fase inicial e requer ainda uma análise aprofundada das
fontes históricas para fornecer respostas às hipóteses formuladas ou pelo menos
provocar reflexões sobre a temática do patrimônio cultural, entendido como um
processo vinculado ao exercício do poder e às escolhas dos grupos dominantes no
contexto histórico da patrimonialização.
Palavras-chave: patrimônio cultural; memória; identidade; Goiás;
pedras.
Congada Irmandade Nossa Senhora do Rosário: Bem
cultural imaterial em Itauçu-GO
Maysa Fernandes de Sousa
fernandesysa@hotmail.com
Resumo: O conceito de patrimônio é marcado por
contradições, assumindo uma forma concreta e distinta na sociedade. Quando
recorremos a essa expressão pensamos logo em bens materiais, propriedades,
heranças, riquezas, ou mesmo o que herdamos e está relacionado ao afetivo, por
muito tempo o termo patrimônio foi visto apenas com esse propósito. Geralmente
quando se fala em patrimônio relacionamos a algo palpável, concreto.
Patrimônios são, também, os saberes, as memórias, o que os nossos antepassados
construíram, tudo o que se quer preservar. Partindo dessa visão e conceitos
relacionados ao campo do patrimônio, o presente trabalho busca refletir sobre
um bem cultural que não é uma estrutura arquitetônica, de “pedra e cal”, mas um
bem que envolve vivências, representações da tradição de um povo, tradição que
as vezes está em uma posição de invisibilidade no parecer histórico patrimonial
ou para o restante da sociedade. A Celebração da Congada, Irmandade
Nossa Senhora do Rosário em Itauçu-Go, uma festa religiosa popular que envolve
dança, canto, teatro e homenageia alguns santos, santos que os congadeiros
consideram como seus padroeiros, Nossa Senhora do Rosário e São Benedito,
compreende referências culturais associado as memórias que constrói a
identidade da comunidade local, a festa reflete a identidade de um povo. Mesmo
considerado um bem imaterial ou intangível, as celebrações ou festas se
desenvolve em um espaço de representação, no caso do objeto de estudo, na
cidade de Itauçu-Go. O festejo acontece pelas ruas da cidade, os congadeiros
vão e se apresentam em lugares específicos, como a igreja e a prefeitura, o que
chamamos de material. A Congada é um bem intangível, mas apresenta canto, dança
e teatro, então acaba recorrendo a diversas manifestações de ordem material
cristalizadas nos objetos, como instrumentos musicais, um figurino específico,
além de outros objetos fundamentais na apresentação. Percebe-se então uma
relação entre o material e o imaterial, não podemos nos referir somente ao
imaterial ao falar sobre a Congada.
Palavras-chave: Congada,
Patrimônio Imaterial, Invisibilidade.
Nacionalismo
na Era Vargas e a invisibilidade da cultura negra na busca pela identidade
brasileira
Pamella Woodson Honorato
pamellawoodson@gmail.com
Resumo: O nacionalismo na Era
Vargas (1930-1945) foi uma política estratégica do governo para construir uma
identidade nacional unificadora, “criar um novo
Brasil, um novo homem brasileiro, concebido em termos de uma ideologia
nacionalista” (Gonçalves, 1996 p. 40). O objetivo central era consolidar
uma imagem de “brasilidade” que valorizasse a unidade e a coesão social em um
país diverso e marcado por profundas desigualdades regionais, raciais e
culturais (Costa, 2012). No entanto, ao buscar uma identidade homogênea, o
governo Vargas promoveu uma cultura oficial que exaltava aspectos como a
miscigenação e a mestiçagem, mas tendia a invisibilizar as contribuições e
expressões culturais negras de maneira significativa, por exemplo, “O candomblé, o carnaval, os reisados etc. são [...]
apropriados pelo discurso do Estado, que passa a considerá-los como
manifestação de brasilidade” (Ortiz, 2012, p. 140). Getúlio Vargas, com
sua política nacionalista, procurou enaltecer uma ideia de nação forte e
moderna (Chuva, 2009). Em um momento de crescente urbanização e
industrialização, buscou-se integrar simbolicamente as diferentes regiões e
classes sociais em torno de símbolos comuns, como o samba, o futebol e o
Carnaval. Embora esses elementos culturais tenham raízes profundas na cultura
negra, o processo de sua institucionalização durante a Era Vargas gerou uma
apropriação que frequentemente desconsiderava a autenticidade e o protagonismo
da população negra. “No processo de resgate da
identidade brasileira, negaram-se (e muito ainda se negam) as vidas, culturas e
identidades pré-colonização” (Costa, 2012, p. 6). A regulamentação do
samba, por exemplo, promoveu uma versão “branca” e mais aceitável socialmente
da música, em detrimento de suas formas originais associadas às comunidades
negras e periféricas, sendo possível observar o “embranquecimento” da cultura negra
(Carvalho, 2004). Além disso, o nacionalismo de Vargas incluiu projetos que
promoviam um “mito da democracia racial” – uma ideia de que o Brasil seria uma
nação livre de conflitos raciais (Gomes, 2012). Esse mito ocultava as tensões e
desigualdades enfrentadas pela população negra, dificultando a visibilidade de
suas lutas e realidades. A cultura negra foi vista como uma “base” da
identidade brasileira, mas, paradoxalmente, as pessoas negras continuaram a ser
marginalizadas social, política e economicamente. Khaled Jr (2010) relata que “o reconhecimento da contribuição negra e indígena é quase
que instantaneamente relativizado, pois a herança do colonizador deve ser
valorizada [...]” p. 77. A invisibilidade da cultura negra, portanto,
não se deu por falta de relevância cultural, mas sim por uma manipulação
discursiva que tentava adequar as contribuições afro-brasileiras aos interesses
políticos do Estado. O legado da Era Vargas nessa questão é complexo: se, por
um lado, houve a valorização de elementos culturais afrodescendentes como
patrimônio nacional, por outro, ocorreu uma diluição de sua autonomia e
significado original, apagando a cultura negra e a transformando em brasileira.
Assim, a construção de uma identidade brasileira unitária acabou por
invisibilizar as especificidades culturais e históricas da população negra,
reforçando, em certa medida, os preconceitos e as desigualdades que persistem
no Brasil até hoje.
Palavras-chave: Nacionalismo;
Cultura Negra; Identidade Brasileira.
A
Requalificação do Cine Teatro São Joaquim e suas visões
Ma.Poliana
Alves da Silva
polianaalvessilva07@gmail.com
Resumo: Está presente
proposta de comunicação, tem como finalidade realizar uma reflexão a sobre da
obra de Requalificação efetuada no Cine Teatro São Joaquim na cidade de Goiás,
durante os anos de 2015 até 2017. O Teatro foi fundado em 1857 no Beco da Lapa,
pelo empresário Manoel das Chagas Artiaga, o intuito da construção era criar
uma fonte de laser para a sociedade vilaboense. Dessa forma, várias
apresentações foram realizadas no espaço ao longo dos anos. Por volta de 1930 a
edificação foi demolida em razão das condições precárias, motivada por uma
enchente que afetou o Teatro, e intensificou a deterioração da estrutura do
prédio. No ano de 1988 o Cine Teatro passa a se instalar no antigo Cine
Anhanguera, local que está situado até a atualidade, na rua Moritti Foggia. O
projeto de requalificação da edificação é resultado de uma Política Pública de
nível Federal, o Programa PAC-Cidades Históricas iniciado em 2013, no qual
contemplou vinte Estados, com a totalidade de quatrocentos e vinte cinco obras.
Já na cidade de Goiás seis espaços foram apreciados com recursos do programa, o
Cine Teatro São Joaquim e um deles. Porém, essa obra em sua totalidade virou um
campo de disputas entre os moradores da cidade e os órgãos responsáveis pela
realização da obra, ou seja, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) e a Prefeitura Municipal da Cidade de Goiás, motivo resultante
de uma ação efetuada na edificação, mais precisamente a demolição do prédio, o
que acarretou na insatisfação de boa parte dos vilaboenses.
Palavras-chaves: Requalificação,
Cine Teatro São Joaquim, PAC-Cidades Históricas.
Lugar
marginal: A (In)visibilidade patrimonial dos Becos
da cidade de Goiás
Esp. Thays Thaynara de Sousa
thays.ts@hotmail.com
Dra. Keley Cristina Carneiro
keley.carneiro@ueg.br
Resumo: Sabe-se que o
patrimônio é um campo de disputas políticas e sociais. Partindo dessa ótica, o
referido trabalho tem como expectativa, abordar o processo de patrimonialização
dos becos da Cidade de Goiás, a partir da perspectiva da sua (in)visibilidade,
visto que estes bens culturais estão inseridos dentro do escopo patrimonial da
antiga Vila Boa, mas ainda não são bem vistos do ponto de vista
preservacionista e de resguarda do pavilhão patrimonial da antiga capital de
Goiás. Os becos são estruturas marcadas pela construção de casas que ficariam
atrás das grandes edificações que preenchem atualmente o visitado e valorizado
centro histórico, eles seriam o lugar daqueles que não estavam à altura da alta
sociedade goiana, ficando assim, reclusos. No presente, percebe-se que os becos
têm se reconfigurado, sendo assim tornando necessário refletir sobre as
histórias e estórias embutida neles, colocando-o dentro do viés patrimonial, no
sentido de pensar os becos fora desse patamar de inferioridade, de ser “mal
visto”. Este trabalho propõe uma reflexão sobre a imagem depreciativa dos becos
na historiografia e a nova roupagem em que os mesmos estão inseridos na
atualidade, contribuindo para aconteça uma mudança dessa imagem negativa em
relação aos becos dentro da comunidade vilaboense, sendo repensado a partir de
fontes como a literatura e outros
documentos históricos, pesquisando nos renomados livros de Bernardo Élis,
Goiandira do Couto, Cora Coralina e outros, que já expressaram os becos em suas
obras, entoando seus personagens e descrevendo suas estruturas físicas. Documentos
históricos como periódicos do século XIX e livros literários são importantes
fontes de pesquisa para o historiador, que precisa analisá-los com um olhar
além do visível.
Palavras-chave: Becos da Cidade
de Goiás, Patrimônio imaterial, (In) visibilidade patrimonial
ST
4 - Educação
Patrimonial e Turismo: perspectivas e práticas decoloniais sobre o patrimônio
cultural
Coordenadores
Diego
Pinto de Mendonça
diego.mendonca@ueg.br
Norberto
Ferreira Pinto
noferreira02@gmail.com
Data: 29 de novembro de 2024
Horário: 8 h 30
Local: Sala Couto Magalhães
Resumo
do Simpósio Temático
A aceleração dos tempos sociais e a mercantilização das experiências
culturais e turísticas impõem desafios significativos para o patrimônio
cultural. Este cenário torna urgente a necessidade de um espaço de discussão
que integre visões críticas sobre o turismo e o patrimônio cultural em
contextos de consumo e alienação, bem como os impactos dessas práticas na
memória e identidade dos povos. Em tempos onde o patrimônio cultural muitas
vezes é reduzido como produto de consumo para atender as demandas do turismo e
da econômica, é crucial integrar uma visão decolonial e de educação patrimonial
para uma compreensão mais ampla e crítica do papel dos indivíduos, entidades e
das comunidades na preservação e valorização de sua própria herança cultural.
Uma vez que esse fenômeno da comercialização cultural banaliza o valor cultural
genuíno, favorecendo a espetacularização das tradições. Esta dinâmica
frequentemente resulta na desvalorização dos conhecimentos e das identidades
locais em favor de uma imagem turística homogênea. Em paralelo, a educação
patrimonial tem o papel essencial de promover uma compreensão crítica sobre o
valor cultural e a importância da preservação das identidades, mas
frequentemente ocorre de forma dissociada das experiências turísticas. Este
simpósio propõe um diálogo entre o turismo, a educação patrimonial e a
perspectiva decolonial para que a preservação cultural vá além de um
"espetáculo" e passe a promover a valorização, a identidade local e
fortaleçam a autonomia cultural das comunidades e suas manifestações. A
abordagem decolonial questiona a centralidade de perspectivas hegemônicas e, ao
ser aplicada ao turismo e à educação patrimonial, traz uma nova forma de ver e
vivenciar a cultura.
Palavras-chave: Educação Patrimonial; Decolonialidade; Mercantilização
Cultural;
Patrimônio Cultural; Turismo Decolonial.
COMUNICAÇÕES
Noções não hegemônicas sobre cultura, memória
e diversidade: patrimônios e educação patrimonial na escola pluricultural Odê Kayodê da Vila Esperança na Cidade de Goiás
Emicléia Alves Pinheiro
emicleiamicky@gmail.com
Resumo: A presente
proposta aborda o Patrimônio e as concepções de preservação numa contextualização não hegemônica, correlacionando noções de cultura,
memória e diversidades a partir de assimilações
críticas que vem sendo realizadas nos estudos e leituras evocados pela pesquisa
em andamento. Apresenta e discute
como o trabalho envolvendo a educação patrimonial tem sido realizado na Escola Pluricultural Odé
kayodê, uma escola que foi gerada e é gerida pelo Espaço Cultural Vila Esperança, localizado na periferia da Cidade de
Goiás e que traz na sua identidade institucional objetivo
central de valorização, reconhecimento e preservação da diversidade, promovendo o reconhecimento e preservação do Patrimônio Cultural
numa perspectiva decolonial.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural.
Educação. Diversidades. Preservação. Decolonialidade.
AFOXÉ pilão de prata: decolonialidade e resistência no patrimônio cultural
imaterial
Norberto
Ferreira Pinto
noferreira02@gmail.com
Resumo: Este resumo aborda o Patrimônio
Cultural Imaterial do Afoxé Pilão de Prata, localizado na Cidade de Goiás, sob uma ótica decolonial que
desafia as narrativas patrimoniais hegemônicas. Essas narrativas, historicamente, excluíram e ignoraram manifestações
e expressões culturais negras como parte
central da identidade brasileira. O estudo se fundamenta em uma pesquisa em
andamento, que se entrelaça com os
campos da decolonialidade, do turismo e da educação patrimonial. Sob essa perspectiva, o Afoxé Pilão de Prata se
destaca como um exemplo de patrimônio intangível que rompe com visões eurocêntricas ao valorizar a cultura negra e
afro-brasileira na Cidade de Goiás. Reconhecido
por seu papel em celebrar e proteger manifestações historicamente
marginalizadas, o Afoxé também atua
no enfrentamento ao racismo estrutural e à intolerância religiosa por meio de suas práticas culturais
e educativas. Reduzir
essa expressão cultural
à mera espetacularização turística
significaria desconsiderar seu valor simbólico e cultural. O Afoxé Pilão de
Prata carrega, em sua essência, a luta e a resistência dos saberes ancestrais, representando uma importante ferramenta para a valorização da memória e da identidade
coletiva, em alinhamento com práticas decoloniais de preservação patrimonial.
Palavras-chaves: Afoxé. Decolonialidade. Cultura afro-brasileira. Educação
patrimonial. Turismo Comunitário.
Festas de santos católicos: do povo ao patrimônio
Ruth Barbosa
ruth_helly@hotmail.com
Neemias Oliveira da Silva
neemias.oliveira@ueg.br
Resumo: O tema das festas
religiosas populares faz parte do compósito formativo do catolicismo nacional. Este texto tenta fazer um
apanhado básico do modo pelo qual tais festividades estão intimamente relacionadas as distintas
formas de culto (seja por parte do popular ou do institucional) demonstrando como as celebrações religiosas são importantes na formação da identidade, da memória
e por conseguinte, na constituição dos patrimônios materiais e imateriais das
localidades. Desta feita tenta-se
demonstrar como as festas religiosas são expressivas na contemporaneidade agregando
elementos religiosos cujas demandas
perpassam os interesses dos atores envolvidos.
As formas de religiosidades praticadas dentro do catolicismo brasileiro
contemplam múltiplas formas de
cultos e uma dinâmica “híbrida” (Canclini, 2006)
de tipos de louvar. Um recorte histórico nos permite precisar que
as festas de santo foram sempre uma constante nas representações religiosas portuguesas e foram transladadas para
o Brasil durante o processo de colonização.
Em termos de popularidade, São João e São Pedro são dois santos muito
representados em tempos de quadrilhas e festas juninas, sendo também muito relacionados a ruralidade. Em Goiás, festas
religiosas de santos são muito comuns
dentro dos interiores e em cidades menores. Mas, para além de suas especificidades e
características muito específicas das pequenas
cidades, do caso goiano onde a temática
das ruralidades com suas dinâmicas culturais (comida, a atividade
religiosa, com seus rituais e crenças, é essencial para a construção e a dinâmica das identidades.) Diante destas
constatações o texto busca analisar o modo pelo qual as festas religiosas de santos são parte intrínseca do catolicismo
brasileiro, perpassando a temática das diferenças entre religiosidade popular e institucional e tentando demonstrar como
as festas de santos são também de suma importância na composição das identidades, memórias
e por conseguinte como estão relacionadas
a elaboração da categoria patrimônio e até mesmo com o patrimônio invisível,
embora patrimônio esteja associado a objetos, monumentos e edifícios, o patrimônio invisível
está relacionado com elementos
intangíveis: saberes, festas, religiões, crenças, práticas espirituais ou rituais que não envolvem edifícios ou
objetos, mas que são parte importante da identidade de um grupo, como memórias
coletivas, histórias, relatos
transmitidos oralmente que preservam a identidade e a experiência de uma comunidade. Esses aspectos podem não ser visíveis ou facilmente
identificáveis, nas festas de santos, mas têm um valor cultural e simbólico
profundo para as comunidades,
reforçando a importância de preservar e reconhecer a diversidade de formas de patrimônio.
Palavras-chave: Catolicismo popular, festas religiosas, identidade, memória, patrimônio, patrimônio invisível
A Festa do Divino Pai Eterno em Trindade/ GO:
patrimônios e narrativas
Lorena Mota Mendonça
lorenamm21@hotmail.com
Resumo:
Na contemporaneidade, a sociedade goiana configura-se como um campo religioso vasto, reordenado
e profundamente transformado, muito embora algumas de suas festividades
populares e festas religiosas mais
tradicionais permaneçam sendo expressivas a nível cultural e midiático. As nossas diferentes formas de expressão
religiosa oferecem um pluralismo fértil que propicia análises no que se refere aos sentidos da religião
e religiosidade, e as diversidades que estas implicam intrínseca e extrinsecamente no social. Partindo
deste pressuposto, o objetivo por trás desta escrita, é problematizar a temática da Festa do
Divino Pai Eterno da cidade de Trindade/GO, trazendo a luz da ótica acadêmica um debate sobre os
processos de patrimonialização que permeiam a festa e a espetacularização em que a mesma se insere. A festa do Divino
Pai Eterno na cidade de Trindade/ Go
uma manifestação religiosa e cultural, a qual evoca identidades coletivas,
tradições, e memória, sejam elas individuais ou coletivas. Busca-se
entender as origens
da referida festa, seus personagens, ritos, cenários, fazendo um
estudo do processo de construção da mesma. A pesquisa tem como principal base a análise de fotografias, pois no que
tange a perspectiva das análises das imagens,
é preciso realizar uma análise de conteúdo das fotografias, identificando
temas, motivos, contextos e sua
contribuição para a documentação do patrimônio imaterial. Nesse sentido, é
preciso analisar as narrativas
textuais nos dossiês para compreender como as fotografias se relacionam com as informações textuais. O trabalho versa
pela possibilidade de uma abordagem etnográfica. E esta Faz-se necessária para buscar compreender os modos pelos quais
as comunidades e os grupos envolvidos no patrimônio imaterial
percebem o uso de fotografias em políticas de patrimônio
Palavras-chave: Festa religiosa,
Festa do Divino Pai Eterno,
Fotografias, espetacularização