O Encontro do Curso de Letras em Breves (ECLEB)
constitui evento regular presente na agenda da Faculdade de Letras da UFPA do
Marajó como atividade de pesquisa e extensão para alunos dos cursos de
graduação e sociedade civil em geral. No ano de 2024, em sua XIII edição, o
evento apresenta como tema Linguagem, meio ambiente, povos e comunidades
tradicionais no Marajó e homenageia uma figura ilustre, o saudoso
Orlando Cassique, idealizador da primeira edição do evento. Orlando Cassique
Sobrinho Alves, foi professor adjunto IV da Universidade Federal do Pará,
grande estudioso da fala do caboclo amazônida, explorador das culturas e
diversidades linguísticas das populações tradicionais do norte do Brasil. Suas
principais pesquisas tinham como base áreas da geografia linguística e
sociolinguística variacionista, as quais procuravam sistematizar e entender
fenômenos como alteamento de vogais, nasalização, abaixamento, rotacismo, entre
outros.
A Faculdade de Letras do Campus Universitário
do Marajó/Breves, junto com os professores, a frente da organização do evento,
contam com a ideia original do Encontro que partiu, inicialmente, da turma de
Letras 2005. O objetivo do encontro, em
suas edições, sempre foi levar o conhecimento para além dos muros da
universidade e criar um espaço para a promoção de debates sobre linguagem,
educação, desenvolvimento, cultura e sobre o Marajó, numa visão inter, pluri e
transdisciplinar. Considerando que a Universidade Federal é o grande projeto de
desenvolvimento social para a Mesorregião do Marajó, o projeto do ECLEB
corrobora com o ideal de que uma educação de qualidade e formadora do senso
crítico é instrumento de progresso. Assim, com profissionais de diversas áreas
reunidos em um evento como este, é possível discutir medidas e meios viáveis para
a construção de metodologias e políticas públicas que melhor atendam a
comunidade marajoara.
Na edição deste ano, o ECLEB traz para o debate temas
como meio ambiente, povos e populações tradicionais do Marajó, assuntos de
interesse atual e do público em geral. Nas discussões sobre o meio ambiente o
evento pretende trazer à tona matérias como: i) a urbanização dos espaços; ii)
o desmatamento descontrolado; iii) extinção das espécies de nossos rios e
florestas; iv) as mudanças climáticas nos últimos tempos; v) o uso não
sustentável dos recursos naturais; vi) as Unidades de Conservação no
arquipélago do Marajó; etc. Segundo a Constituição Federal os “Povos
e Comunidades Tradicionais são grupos que possuem culturas diferentes da
cultura predominante na sociedade e se reconhecem como tal."
O
evento deverá levantas discussões como: i) organização social e cultural desses
grupos; ii) o modo de ocupação do território; iii) uso dos recursos naturais
para manter sua cultura; iv) religião, economia, ancestralidade, etc. De acordo
com o IBGE, os
povos e comunidades tradicionais são definidos no Decreto 6.040/2007 como
grupos culturalmente diferenciados que têm suas próprias formas de organização
social. Os territórios e recursos naturais pertencentes a esses povos são
necessários para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e
econômica, utilizando conhecimentos, inovação e práticas gerados e transmitidos
pela tradição.
O ECLEB realiza-se,
tradicionalmente na cidade de Breves, Mesorregião do Marajó, foco importante
deste evento. Na descrição de Costa
(2016),
O arquipélago do Marajó localizado na foz do rio Amazonas, longe de ser um “paraíso exótico e primitivo” como as Ilhas Trombriand (Malinowski, 1978), caracteriza-se como uma região rica em termos de recursos hídricos e biológicos. É formado por um conjunto de ilhas, que, em seu todo, constitui a maior ilha fluviomarítima do mundo, com 49.606 Km², configurando-se assim como uma das maiores biodiversidades do planeta. Compreende uma distribuição territorial em regiões compostas por campos naturais, zonas de mata, floresta, praias, rios e mar, que segundo Pacheco (2009) forma na parte oriental o chamado Marajó dos Campos – abrange os municípios de Soure, Salvaterra, Cachoeira do Arari, Santa Cruz do Arari, Ponta de Pedras, Chaves, Muaná e São Sebastião da Boa Vista – e na parte ocidental, o Marajó das Florestas, abarcando os municípios de Curralinho, Bagre, Breves, Melgaço, Portel, Anajás, Gurupá e Afuá (COSTA, 2016, p. 145).
Etimologicamente, a palavra Marajó significa “barreira
para o mar”, já que a ilha forma uma espécie de defesa, proteção que separa o
Oceano Atlântico do maior rio do Brasil – o Amazonas. O nome desse conjunto de
ilhas, chamado Marajó, vem da língua tupi “Mbara-yó”, e quer dizer tapamar,
ou anteparo do mar. Segundo o dicionário inFormal[1]
“o termo “Marajó”, em tupi, significa obstáculo, defesa¨. “Marajó” é a denominação dada
a um grupo de ilhas que formam um arquipélago na foz do Rio Amazonas. A maior
das ilhas tem quase 50 mil km2, sendo a maior ilha marítimo-fluvial
do mundo”. Geopoliticamente o Marajó, hoje, é formado por 17 pequenos
municípios subdesenvolvidos. Sua formação histórica parte do século XVIII de
sesmarias, engenhos ou grandes fazendas. As atividades econômicas, nesse
período, eram baseadas principalmente na pecuária, nas áreas de campos naturais
da ilha; e do extrativismo, nas áreas de rios e florestas.
O Encontro do Curso de Letras é uma realização da
Faculdade de Letras do Campus Universitário do Marajó em Breves e nesta
edição o evento realizar-se-á nos dias 23, 24 e 25 de fevereiro de 2024. O
encontro pretende receber um público de aproximadamente 450 alunos, professores
e profissionais das diversas áreas dispostos realizar debates, palestras e
minicursos, oficinas, comunicações individuais ou participar como ouvintes. O
evento realizará inscrições presenciais ou online (a partir de formulário
online disposto no site do evento) com início 01 de janeiro de 2024.