Eixos Temáticos do XII ENAPEGS
A definição dos eixos temáticos no ENAPEGS
de 2023, seguiu o estabelecido nas reuniões
de organização do evento, abertas à RGS, realizadas entre abril e
setembro de 2022, delineando-se 10 eixos temáticos, coerentes com temas recorrentes
apresentados nas 11 edições anteriores do evento, e mais 4 novos eixos
temáticos, selecionados através de edital de chamada, que buscou evidenciar temas de caráter transdisciplinar,
ainda não sistematizados ou recentemente associados às discussões do campo da
gestão social, como a interface da gestão social com estudos críticos em
políticas públicas; estudos sobre gênero e interseccionalidade; estudos sobre
as agriculturas de bases ecológicas e as práticas de pescas artesanais
sustentáveis; estudos sobre decolonialidade, feminismos negros, culturas e identidades,
disabilty studies, fat studies, teoria queer, teoria crip, entre outros.
Estes 14 eixos temáticos guiarão as
discussões e a submissão de trabalhos no evento, orientando a realização de
atividades como mesas redondas, palestras, resumos, artigos, relatos de
práticas e experiências, assim como filmes, vídeos, minicursos e oficinas do XII
Encontro Nacional de Pesquisadores em Gestão Social. Estes eixos, expostos a
seguir, serão organizados em até 2 mesas redondas, debatendo a temática
principal e uma possível temática secundária, e ao menos 2 sessões de
apresentação de trabalhos, dependendo da quantidade de submissões aceitas.
Os eixos temáticos têm o propósito de refletir e debater sobre as atuais
questões que envolvem pesquisa, ensino, extensão e a realidade prática da
gestão social no cenário brasileiro, da América Latina e de demais regiões do mundo, que
discutem a organização, participação e o controle social a partir de
pressupostos de uma governança e cidadania deliberativa, na sinalização para o
futuro das democracias. Neste sentido, cada eixo temático deverá apresentar, ao
final do evento, um texto de síntese das discussões do tema, a partir do debate
gerado pelas atividades e painéis apresentados. Destas contribuições será
produzido o documento final do XII ENAPEGS, como manifesto por uma conexão
de saberes entre teoria e prática da gestão social.
Eixo 1: Gestão Social - Sociedade Civil e Movimentos Sociais
Neste eixo procura-se reunir trabalhos que
tratam sobre modos e formas de gestão social nas práticas ou ações gerenciais
dos movimentos sociais (ação direta, gestão interna, comunicação externa,
engajamento de membros, estruturas formais ou informais de organização) e de
organizações da sociedade civil sem fins lucrativos - OSC. Procura-se ainda
compreender as relações entre OSC e movimentos sociais, bem como sua incidência
em espaços institucionais políticos, econômicos, ambientais, culturais, além de
espaços de ação coletiva virtuais (notadamente redes sociais). Este eixo
contempla, ainda, trabalhos que explorem condições regulatórias, legais e
administrativas que limitem ou incentivem a atuação de OSC e movimentos
sociais, considerando suas atuações em agendas progressistas de fortalecimento
democrático, defesa de direitos, bem como crescentes manifestações que advogam
por agendas conservadoras.
Coordenação do Eixo: Eloisa Helena de Souza Cabral (UFLA), Iranilde de Oliveira
Silva (MST), Naldeir dos Santos Vieira (UFVJM), Patricia Maria Emerenciano de
Mendonça (USP).
Eixo 2: Gestão Social e o Campo de Públicas
O objetivo deste eixo é contribuir para a
reflexão multidisciplinar do ensino, pesquisa e extensão no Campo de Públicas
no Brasil, com foco na Gestão Social, que foi inserida nas DCNs de
Administração Pública (Resolução CNE nº 1/2014) como uma das formações
possíveis além da Administração Pública, Políticas Públicas, Gestão Pública e
congêneres. A partir dos perfis dos cursos existentes, suas respectivas áreas
de concentração, práticas interdisciplinares, experiências inovadoras e
acompanhamento de egressos buscamos refletir sobre os lugares da Gestão Social
no Campo de Públicas, seja como cursos, como disciplinas, como objeto de
práticas e de pesquisas. Quais as
contribuições do ensino, pesquisa e extensão de gestão social para a
Administração e Gestão Pública? O que se ensina e pesquisa sobre gestão social
no Campo de Públicas? Quais as identidades do campo da gestão social e do Campo
de Públicas, suas intersecções e complementaridades? Como os cursos e
pesquisadores/as de gestão social se reconhecem no Campo de Públicas e
vice-versa? Espera-se receber propostas relacionadas às diversas realidades de
ensino, pesquisa e extensão, incluindo relatos de experiência, a fim de
contribuir com a troca de conhecimentos voltados à formação dos futuros
egressos do Campo de Públicas.
Coordenação do Eixo: Doraliza Auxiliadora Abranches Monteiro (UFRB), Lindijane
Almeida (UFRN), Maria Isabel Araújo Rodrigues (FJP), Renato Emerson Nascimento
dos Santos (UFRJ).
Eixo 3: Gestão Social - Ensino, Pesquisa e Extensão
Este eixo constitui um espaço para reunir trabalhos que debatem sobre a formação em gestão social através do ensino e/ou extensão, bem como projetos, programas, ações de extensão que envolvam as relações universidade-sociedade, que demonstrem contribuições e/ou aplicações conceituais e metodológicas para a gestão social. Este eixo também recebe trabalhos que versem sobre questões relacionadas a currículo, avaliação de aprendizagem e curricularização da extensão em torno das temáticas ligadas à gestão social.
Na continuidade das edições anteriores do ENAPEGS são também bem vindos trabalhos que tratam de Incubadoras, Redes de pesquisa e extensão - nacionais e internacionais como a RELAGS, Observatórios, Cursos livres de Gestão social inclusive para públicos específicos como integrantes de conselhos de políticas públicas (municipais, unidades de conservação e comités de bacias hidrográficas), Colegiados e outras instâncias de participação social, Cartografia social e georreferenciada, Blogs, Podcasts, Editoras, Rádios comunitárias e Empresas júnior. Para este eixo são aceitos banners universitários, uma seção especial de apresentação dos trabalhos será organizada para este formato.
Coordenação do Eixo: Betty Nogueira Rocha (UFRRJ), Lamounier Erthal Villela
(UFRRJ), Patrick Maurice Maury (UFRRJ), Pedro Javier Aguerre Hughes (PUC SP), Ricélia
Maria Marinho Sales (UFCG), Waléria Maria Menezes de Morais Alencar (UFCA).
Eixo 4: Gestão Social no Contexto de Empresas e Mercado
Nesse eixo são bem-vindos trabalhos que
tratam da gestão social no contexto organizacional, da responsabilidade social,
de políticas de aplicação de medidas de compensação, ESG, Agenda 2030, além de
manifestações da gestão social em espaços híbridos como negócios sociais.
Também engloba o financiamento privado a causas e políticas sociais, com a
atuação do Investimento Social privado (ISP) e filantropia, que visam
fortalecer, complementar e influenciar a gestão pública e as políticas
públicas.
Coordenação do Eixo: Andrea Leite Rodrigues (USP), Carla Regina Pasa Gómez
(UFPE), Edson Sadao Iizuka (USP), Graziella Maria Comini (USP), Patricia Maria
Emerenciano de Mendonça (USP).
Eixo 5: Gestão Social de Políticas Públicas
Este eixo tem como objetivo reunir
trabalhos sobre gestão social de políticas públicas, a partir de diferentes
abordagens teórico-metodológicas que envolvam atores socias, da esfera pública
e do mercado (Executivo, o Legislativo, Judiciário, a Sociedade Civil,
Imprensa, Mercado entre outros), e que apontem a possibilidade objetiva de a
sociedade pensar e agir como protagonista no desenho, implementação e avaliação
de políticas públicas em diversos níveis de governo (federal, estadual,
municipal). São bem-vindos trabalhos que debatam experiências relacionadas ao
enfrentamento de problemas públicos, governança, instrumentos, aspectos
normativos e financeiros, controle social, entre outros temas, mesmo
considerando as relações assimétricas entre Estado, mercado e sociedade.
Coordenação do Eixo: Ana Maria de Albuquerque Vasconcellos (UNAMA), Josevana de
Lucena Rodrigues (UEA), Júnia Fátima do Carmo Guerra (UEMG), Marcelo Fernando
Lopez Parra (UASB - Equador), Suzana Gilioli da Costa Nunes (UFT), Tamara Lima
Martins Faria (UFPA), Sérgio Luís Allebrandt (UNIJUI).
Eixo 6: Gestão Social e Território - Povos Originários e
Comunidades Tradicionais.
Este eixo temático objetiva reunir
reflexões acerca dos diálogos existentes entre povos originários e comunidades
tradicionais, dotadas de significativo patrimônio cultural (imaterial e/ou
material) e os aparatos de gestão social (in)existentes nos territórios que
ocupam. Procura-se assim, apresentar e discutir os processos, planejamento e
gestão do desenvolvimento local e territorial, dentro das perspectivas da
construção social, nos municípios, nas comunidades locais, nas unidades de
conservação e reservas extrativistas, nos assentamentos rurais, nas terras
indígenas, quilombolas e de outras comunidades tradicionais. O eixo Contempla
trabalhos que reflitam as relações estabelecidas entre povos originários e
comunidades tradicionais e o contexto da gestão social, organização social,
patrimônio cultural material e imaterial, território, democracia e
responsabilidade social, que possam fornecer elementos para discutir políticas
públicas transversais às demandas de comunidades tradicionais e povos
originários, que promovam a manutenção de seus territórios, de sua
territorialidade, da geração de renda e da sustentabilidade de grupos
comunitários e/ou atores culturais de tradições locais. Tais trabalhos podem
abordar estratégias para o fortalecimento de sentimentos de identidade e
continuidade, de promoção do respeito à diversidade cultural e à criatividade
humana, de disseminação e divulgação do significado simbólico do patrimônio
cultural desses grupos e atores. Em adição, podem discutir experiências e
mecanismos de inclusão social, de difusão do empreendedorismo social e do
cooperativismo, de valorização das culturas locais e de fortalecimento da autoestima.
Os temas prioritários são: Gestão social em territórios tradicionais e de povos
originários; gestão do patrimônio cultural em comunidades tradicionais, de
povos originários e de grupos culturais de tradições locais; participação de
comunidades tradicionais e povos originários em entidades representativas,
organizações sociais, conselhos locais e entidades colegiadas; organização e
gestão social frente a conflitos socioambientais em comunidades tradicionais e
de povos originários; desenvolvimento territorial em comunidades tradicionais e
de povos originários; experiências de empreendedorismo social e/ou de
cooperativismos em comunidades tradicionais, de povos originários e de grupos
de culturais de tradições locais; estratégias de gestão e/ou de políticas públicas
direcionadas à comunidades tradicionais, povos originários e grupos
comunitários culturais de tradições locais.
Coordenação do Eixo: Alexandre Gollo (UFRRJ), Edmir Amanajás Celestino
(UFRRJ), Eliane Maria Ribeiro da Silva
(EMBRAPA), Izabel
Missagia de Mattos (UFRRJ), Nelson Russo de Moraes (UNIFESP).
Eixo 7: Gestão Social da Economia Popular, Social e Solidária
O objetivo deste eixo é reunir os
trabalhos de pesquisa que tratam da gestão social das diversas formas de
organização da economia social e solidária (associações, cooperativas,
organizações e movimentos sociais, ações coletivas), entendida como modo de
produção, de consumo e de organização do trabalho direcionado para a superação
da pobreza e da exclusão social com base em processos de cooperação e
solidariedade.
Coordenação do Eixo: Genauto Carvalho de França Filho (UFBA), Ives Romero
Tavares do Nascimento (UFCA), Klever Efraín Naranjo Borja (EPN - Equador), Newton
José Rodrigues da Silva (SEAESP), Sandro Pereira Silva (IPEA), Susana Iglesias
Webering (UFRRJ), Suzana Melissa de Moura Mafra da Silva (IFCE), Washington
Jose de Sousa (UFRN).
Eixo 8: Gestão Social - Epistemologias e Metodologias
Este eixo propõe apresentar os resultados
de pesquisas focadas na construção epistemológica da gestão social, explorando
seus fundamentos teóricos e filosóficos, bem como as metodologias de pesquisa
utilizadas, envolvendo a discussão sobre métodos e técnicas participativas das
práticas de gestão social.
Coordenação do Eixo: Airton Cardoso Cançado (UFT), Ana Paula Paes de Paula
(UFMG), Fernando Guilherme Tenório (FGV), José Roberto Pereira (UFLA).
Eixo 9: Gestão Social e Sustentabilidade
São temas desse eixo: Sustentabilidade,
Desenvolvimento, Pós-Desenvolvimento e De-Crescimento; Desenvolvimento Humano, Bens Comuns, Bem
Viver, Cultura e Modos de Vida na Sustentabilidade; Organizações, gestão e crise/mutação
ecológica; ecologia política e questões ambientais emergentes (relações
sociedade - natureza em formatos multiespécie, abordagens cosmopolíticas);
Sociedade Civil e Governança Global Ambiental; Colonialismo, De-Colonialismo e
Epistemologias do Sul na Sustentabilidade; Interações entre Sociedade Civil,
Estado e Atores Empresarias na Sustentabilidade; Pobreza, Desigualdades e
Racismo Ambiental; Conflitos Ambientais e Justiça Ambiental; justiça climática;
Participação, Ativismo Social e Movimentos Ambientais; Participação, Políticas
Públicas e Sustentabilidade; Consumo, Pós-Consumo, Circularidade e Reciclagem;
Produção de Conhecimento para a Sustentabilidade; Sustentabilidade no Ensino, Pesquisa e
Extensão Universitárias; Pesquisa Engajada, Implicada e Pesquisa-Ação na
Sustentabilidade. Podem ser submetidos trabalhos com diferentes formatos de
sistematização de conhecimento: trabalhos científicos teóricos, trabalhos
científicos teórico-práticos; casos de ensino; trabalhos produzidos por não
acadêmicos e por praticantes da gestão social. São bem-vindos trabalhos que
tratam de temas como gestão social dos atingidos em conflitos agrários e
minerários; gestão social da água; gestão social de unidades de
conservação; gestão social de
organizações e negacionismo ambiental;
empreendimentos de comunidades tradicionais e ancestrais; turismo de
base comunitária; crimes corporativos ambientais e lutas por justiça ambiental
ou justiça climática dentre outros.
Coordenação do Eixo: Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (PUC Minas), Mário
Alcantara Vasconcellos (UFPA), Rosinha da Silva Machado Carrion (UFRGS),
Sylmara Lopes Francelino Gonçalves Dias (USP), Valderí de Castro Alcântara
(UFMG).
Eixo 10: Gestão Social - Inovação e Tecnologia Social
Neste eixo, busca-se reunir trabalhos que relacionem
os princípios da gestão social, suas características, metodologias e práticas,
considerando como os processos participativos de coletividades procuram
promover o desenvolvimento nos territórios em sua perspectiva multidimensional
(social, econômica, ambiental, cultural e política) ao incluir a sociedade no
enfrentamento de problemáticas públicas pela tecnologia social frente aos
interesses do mercado e do Estado. Neste sentido, são bem-vindos trabalhos que
discutam o tema da tecnologia social, compreendida como um conjunto de
técnicas, produtos, processos e/ou metodologias reaplicáveis desenvolvidas em
conjunto com a população local e que sejam por ela apropriadas tendo na
autogestão, na cooperação e na sustentabilidade suas principais diretrizes, no
sentido de buscar o bem comum e alcançar a emancipação social. São considerados
temas de interesse deste eixo: experiências territoriais que articulem
conhecimentos e tecnologias visando a inovação social em diversas áreas
(segurança alimentar e nutricional, habitação, energia, renda, saúde, educação,
meio ambiente, recursos hídricos); arranjos de organização e gestão cooperativa
e coletiva relacionados à construção e a reaplicação de tecnologias sociais na
promoção de direitos; iniciativas de geração de trabalho e renda pela
autogestão e pelo cooperativismo na produção de bens e prestação de serviços;
projetos sociais, de pesquisa, desenvolvimento e inovação que pela gestão
social visem contribuir para a solução de problemas que atingem a sociedade.
Coordenação do Eixo: Carlos Frederico Bom Kraemer (UFF), Felipe Addor (UFRJ),
Luís Henrique Abegão (UFF), Rubia Cristina Wegner (UFRRJ), Thais Soares
Kronemberguer (UFF).
Eixo 11: Articulação Crítica em Políticas Públicas e Gestão
Social
Os caminhos possíveis de criticidade entre
os estudos em políticas públicas e os estudos em gestão social vêm ganhando
cada vez mais força teórica e metodológica com trabalhos que assumem a
não-neutralidade dos processos de políticas públicas e de gestão social,
particularmente no que concerne suas relações com os fluxos políticos mais
amplos, bem como com específicos biopolíticos. São trabalhos que assumem a
centralidade da linguagem, do discurso e das emoções, mas não se limitam e
eles, interpretando dinâmicas de construção de sentidos e significados como
disputas epistemológicas, atravessadas por argumentos e valores, que se
realizam em conturbadas arenas públicas discursivas ou em percursos/
instrumentos/ experiências/ fluxos de deliberação pública. Assim, este Eixo se
constitui como um espaço de articulação crítica entre os estudos em políticas
públicas e os estudos em gestão social, particularmente como acontece com a
chamada escola de estudos críticos em políticas públicas (critical policy
studies), com ancoragens epistemológicas em estudos feministas e estudos
decoloniais. Desta forma, a ideia é receber somente trabalhos dentro dos
estudos críticos, tendo como referência autores críticos como, por exemplo,
Frank Fischer, Deborah Stone, Anna Durvoná, Jennifer Dodge, Giadomenico Majone,
bell hooks, Lélia Gonzalez e Achille Mbembe. A ideia é retomarmos um pouco a
tradição do pensamento críticos latino-americano, buscando novos percursos de
articulação e avanços teóricos para a gestão social a partir da sua aproximação
com o campo de estudos (críticos) em políticas públicas. Este eixo busca reunir estes esforços de
articulação crítica, sobretudo quando ancorados nos estudos críticos em
políticas públicas, nos estudos feministas e/ou nos estudos decoloniais, com o
objetivo de reforçá-los e ampliá-los. São dois os principais campos de
aproximação que buscamos: a) Trabalhos que problematizem axiologicamente a
articulação entre os estudos em gestão social e os estudos em políticas
públicas; b) Trabalhos que explorem percursos cruzados de investigação crítica,
com foco sobre as múltiplas racionalidades dos processos/fluxos/experiências de
políticas públicas. Ressaltamos que buscamos trabalhos que assumam uma atuação
implicada no fazer pesquisa, o que para este Eixo significa antes de mais nada
a defesa e atuação de/ por/ com um projeto de sociedade democrática,
inclusivista, crítica, feminista, decolonial, antirracista, antissexista,
antiLGBTQ+fóbica e anticapacitista. Só a partir daí, os esforços podem tomar
algumas dos dois campos de aproximação propostos.
Coordenação do Eixo: André Luis Nascimento dos Santos (UFBA), Gustavo Costa de
Souza (UFRJ), Janaina Lopes Pereira Peres (UNB), Rosana Boullosa (UNB).
Eixo 12: Corpos, emoções, artes e culturas na gestão social
de experiências públicas
A gestão social de experiências públicas
depende do reconhecimento e valorização das diversidades de sujeitos, suas
múltiplas identidades, linguagens, subjetividades, corporalidades, emoções e
espiritualidades, nos contextos de construc¸a~o participativa. As múltiplas
racionalidades e formas de existência vão muito ale´m das que a academia
tradicionalmente reconhece e pratica. O privilégio assegurado à lo´gica
anali´tica, às linguagens te´cnicas e à visa~o objetivizante dos problemas se
desvela como dispositivo capaz de selecionar inclui´dos e exclui´dos.
Entendemos a gestão social como um conceito e prática interdisciplinar em
constante construção, por meio das experiências públicas que envolvem
diferentes sujeitos, suas tensões, conflitos, corporalidades, emoções, modos de
ser e estar nos territórios. Para além das lógicas da deliberação participativa
e dos princípios habermasianos, este Eixo pretende dialogar e construir
referenciais mais abrangentes e uma base epistemológica para a gestão social
que seja plural, complexa e situada e que inclua os apectos
teórico-metodológicos da decolonialidade, dos feminismos negros, das teorias
sobre culturas e identidades, dos disabilty studies, dos fat studies, teoria
queer, teoria crip, entre outros. Pretende-se (re)pensar as múltiplas formas de
definir e fazer a gestão social, de modo que a ênfase que ela traz à
participação seja qualificada pela valorização dos saberes, ativismos e fazeres
das periferias, com suas múltiplas, mutáveis e novas identidades emergentes e
leituras de mundo. O Eixo visa acolher reflexões sobre metodologias
integrativas em processos de ensino-aprendizagem, construção, gestão e avaliação
de ações públicas que envolvam mulheres, jovens, negros/as/es, povos indígenas
e comunidades tradicionais, pessoas trans, LGBTQIAP+, pessoas com deficiência,
entre outros/as/es, que utilizem experimentações e práticas criativas, artísticas
e culturais (dança, teatro, brincadeiras, jogos, audiovisual etc.) como
mediadoras das experiências públicas. São bem-vindos trabalhos em curso ou
finalizados, que tragam reflexões epistemológicas e metodológicas para uma
gestão social radicalmente inclusiva. Precisamos enegrecer, mulherizar,
“aleijar”, “engordar”, homossexualizar a gestão social e, para tanto, é
fundamental dar centralidade às categorias corpo, emoções, arte e cultura
dessas múltiplas identidades, como pilares da própria possibilidade da gestão
social de experiências públicas.
Coordenação do Eixo: Altemar Felberg (UNEB), Danielle Ferreira Medeiro da Silva
de Araújo (UNB), Edgilson Tavares de Araújo (UFBA), Maria Amélia Jundirian Corá
(UFAL), Valeria Giannella (UFSB).
Eixo 13: Gestão Social, Agroecologia e Pesca Artesanal
Agroecologia e Pesca Artesanal Sustentável
se pautam como categorias conceituais, elaboradas para orientar processos de
compreensão das epistemologias que guiam as ações dos sujeitos implicados
nessas categorias, em atividades ligadas à produção de alimentos. Estes
apresentam sistemas diversificados e complexos de organização e expressão
cultural, que, no entanto, convergem quanto à prática da Gestão Social no
contexto da realização de suas atividades coletivas e autogestionárias. Apesar
de o recorte da Gestão Social sobre esses conceitos/temas terem pautado vários
estudos, publicações, cursos, fóruns, capacitações e discussões, até então,
nunca foram apresentados de forma objetiva no campo da Gestão Social. O enfoque
amplo e transversal destas temáticas, até onde foi possível de se averiguar,
nunca estiveram reunidas de forma coesa em nenhuma outra edição dos ENAPEGS.
Este eixo abriga reflexões teórico-empíricas, pautadas na interface da
investigação e prática da Gestão Social sobre as agriculturas de bases ecológicas
e as práticas de pescas artesanais sustentáveis. Tem como um de seus objetivos
uma abordagem transdisciplinar sobre estes conceitos, a fim de se contribuir
com o debate sobre as diferentes epistemologias - aspectos cognitivos e
práticos - que orientam o modo de interação de grupos humanos com seus
ambientes, como no fomento aos processos de organização coletiva de sistemas
agroalimentares e pesqueiros autogestionários, de base agroecológica,
sustentável e solidária. Assim, considera-se que o enfoque da Agroecologia e da
Pesca Artesanal Sustentável compreendem uma análise necessária nos estudos em
Gestão Social em temas como: a acessibilidade aos recursos naturais, serviços
ecossistêmicos e políticas públicas; a organização social, governança e invisibilidade
de atores ligadas a estas práticas; as estruturas econômicas e formas de
resiliência, como circuitos curtos de comercialização e sistemas participativos
de garantia; os sistemas sócio agroecológicos como alternativas locais e/ou
modelos de gestão de recursos naturais; as condições de trabalho e acesso a
mercado; fatores de ameaças aos territórios pesqueiros, aos ambientes marinhos,
costeiros, fluviais e lacustres; à sua condição de vida, segurança alimentar; o
impacto da crise ambiental e das mudanças climáticas sobre as atividades
agroecológicas e de pesca; e as ameaças dos diferentes agentes externos. O
campo da Gestão Social é o escopo principal a ser considerado nos trabalhos
acolhidos por este eixo, sendo bem-vindas reflexões sobre o cenário atual da
atividade pesqueira artesanal e da atividade agroecológica, principalmente
ligada a agricultura familiar, em áreas terrestres, que explicitem caminhos e
alternativas em agroecossistemas. Os temas de investigações, devem abordar os
fatores que afetam as atividades agroecológicas e de pesca artesanal
sustentável. Também acolhe propostas que dialoguem sobre o tema da segurança e
soberania alimentar e nutricional, as redes solidárias de produção e consumo
crítico, e a educação popular socioambiental, em suas interfaces com a Gestão
Social.
Coordenação do Eixo: Ana Cristina Siewert Garofolo (EMBRAPA), Edmir Amanajás
Celestino (UFRRJ), Edna Ferreira Alencar (UFPA), Eliane Maria Ribeiro da Silva
(EMBRAPA), Laeticia Medeiros Jalil (UFRPE).
Eixo 14: Gestão Social, Gênero e Interseccionalidade
Gênero e interseccionalidade tratam-se de
temas recentes na abordagem da Gestão Social, mas que têm mobilizado grande
número de estudos, encontros, dossiês, cursos, periódicos e fóruns de
discussão. Reúnem categorias que, isoladas ou abordadas de uma perspectiva
interseccional, têm tensionado cânones até mesmo nos espaços como o das teorias
críticas e de estudos decoloniais. Essa abordagem atrai um número crescente de
investigadoras e investigadores. A Gestão Social ganha novas lentes, ou um novo
frame com esse enfoque, mesmo que os objetos (organizacionais, territoriais,
políticas públicas, etc) dos estudos empíricos pudessem ser reconhecidos nos
demais eixos do ENAPEGS. É preciso, contudo, ter presente que as propostas de
estudos comumente apresentadas em outros eixos ficam quase sempre restritas à
categoria “classe”, sem incorporar os demais recortes aqui propostos, segundo a
abordagem da interseccionalidade e, enfaticamente, a de gênero. O eixo acolhe
reflexões teóricas e teórico-empíricas cujos vetores teórico, epistemológico e
metodológico sejam dados por categorias biológicas, políticas, sociais e
culturais, tais como gênero, raça, classe, orientação sexual, idade,
capacidade, geolocalização, religião, casta entre outros marcadores de
identidade e diferenças, que possam ou não interagir em níveis múltiplos e/ou
simultâneos nas suas dinâmicas interseccionais. Os campos e objetos dos estudos
e reflexões devem ser os mesmos considerados no escopo das investigações em
Gestão Social, tendo, contudo, sua abordagem focada em tais marcadores.
Pretende-se ampliar o número de perspectivas pelas quais as práticas e as
teorias em Gestão Social possam ser lidas, em especial as subjetividades e
intersubjetividades que se movem e que são dialeticamente constituídas nesse
processo. São bem-vindos os trabalhos que enfatizem a invisibilidade na
aplicação de políticas públicas, os direitos sociais, as estratégias de
resistência, as ações de governança, os desafios para construção da equidade de
gênero, entre outras propostas que relacionam gênero, interseccionalidade e
Gestão Social. Assim, busca-se neste eixo uma renovação metodológica e
epistemológica dessas abordagens, fomentando a discussão sobre o potencial de
renovar as leituras das dinâmicas subjetivas e intersubjetivas que são
tradicionalmente analisadas nos estudos em Gestão Social.
Coordenação do Eixo: Edmir Amanajás Celestino (UFRRJ), Edna Ferreira Alencar
(UFPA), Laeticia Medeiros Jalil (UFRPE), Mariana Lima Bandeira (UASB -
Equador), Patricia Carvalho Rosa (IDSM), Pedro de Almeida Costa (UFRGS).