A violência contra as mulheres é um problema grave e generalizado em todo o mundo, manifestando-se de várias formas e pode causar dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico, tanto na esfera pública como na esfera privada. Configura-se como um problema de direitos humanos e de saúde pública, que exige atenção, prevenção e ação por parte da sociedade, governos e organizações para eliminar essa triste realidade que é motivada pela condição desigual de sexo, a qual começa no universo familiar.
O mês de agosto é dedicado à conscientização para o fim da violência contra a mulher – o “Agosto Lilás”. O Agosto Lilás foi instituído em referência à criação da Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006. Esta lei é um marco na luta contra a violência doméstica e familiar no Brasil, fornecendo uma estrutura legal para proteger as mulheres e punir os agressores. Desde então, agosto se tornou um mês dedicado a fortalecer essa luta e conscientizar a população sobre a gravidade e a extensão da violência contra a mulher.
O objetivo é sensibilizar, conscientizar e mobilizar a sociedade sobre a importância de combater todas as formas de violência de gênero. Esta iniciativa é crucial para promover a igualdade de gênero, garantir a segurança e o bem-estar das mulheres e criar uma cultura de respeito e dignidade.
Na Lei Maria da Penha estão previstos cinco tipos de violência: Física, Psicológica, Sexual, Patrimonial e Moral. É importante observar que essas formas de violência contra a mulher muitas vezes se sobrepõem, e as vítimas podem enfrentar múltiplos tipos de abuso simultaneamente.
Uma revisão sistemática realizada por Conceição e Madeiro (2022), aborda as percepções e desafios enfrentados pelas profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) no que diz respeito à violência de gênero contra as mulheres. Os estudos analisados por esses autores revelam que, frequentemente, os profissionais interpretam a violência como algo natural nas relações homem-mulher, ainda há a tendência de culpar a vítima e percebem a assimetria de poder de gênero como irreversível. Além disso, muitas vezes interpretam a violência como um problema restrito à relação entre vítima e agressor, isentando os serviços de saúde de responsabilidades. Essas percepções refletem a falta de conhecimento das profissionais sobre a complexidade da violência de gênero e influenciam a forma como oferecem assistência às vítimas.
O estudo destaca a necessidade de capacitação das profissionais de saúde da APS, bem como a inclusão da violência de gênero na formação curricular e pós-graduação. Essas medidas são essenciais para garantir a identificação precoce das vítimas e uma assistência integral, conectada com outros serviços de proteção à mulher, realçando o papel crucial da APS na prevenção, identificação e intervenção na violência de gênero (CONCEIÇÃO; MADEIRO, 2022).
O webinário tem como objetivo discutir as diferentes formas de violência, suas repercussões enquanto problema de saúde pública e como a equipe multiprofissional na APS deve acolher de forma humanizada esses casos na perspectiva da integralidade.