Joaquim Torres Garcia, em 1935, inverteu o mapa do continente americano colocando o Sul como o direcionador dos olhares para a busca de novos caminhos com sua obra “El norte es el Sur” e o artigo “Escuela del Sur”. A bússola que marca o direcionamento para nossas inquietações, olhares, invenções e interpretações se coloca para qual ponto geográfico? Romper os limites, proporcionar novos diálogos, ressignificar e significar espaços são ações proporcionadas pelas dinâmicas do Sul. Inverter para ver, buscar, criar e pertencer.
Olhar para fora e para dentro é um exercício que nós, pesquisadores latinos-americanos, estamos envolvidos. “Importar, traduzir, construir o próprio” é um processo que Canclini (1989, p.73) nos convida para pensar a América-Latina. Podemos ainda nos considerar seres antropófagos diante das trajetórias de ocupações e apropriações do que não é nosso? Ou será que já podemos transitar pelos caminhos do Sul, como nos convida Garcia?
Os fluxos e contrafluxos fazem parte da nossa investigação cotidiana, da construção de identidade e do nosso hibridismo social. Será que o fluxo somente segue na direção dominante? Existem frestas deixadas pelo fluxo? São os contrafluxos contrários ao fluxo?
Esta 8ª edição do Seminário de Pesquisa em Artes, Cultura e Linguagens, organizado pelos discentes do PPGACL da Universidade Federal de Juiz de Fora convoca os pesquisadores e artistas a compartilhar os caminhos trilhados com a bússola invertida e, nos presentear entre os dias 16 e 19 de novembro de 2022 com seu olhar cativo imerso nas dinâmicas do Sul.
“Olhar para a nossa realidade, constatar nossas diferenças, romper com o modelo de repetição e a partir desse hibridismo construir uma cultura nacional” (COSTA, Maria Luiza C. C., 2011, p.194).