As pesquisas acadêmicas vêm salientando que a formação de educadores se dá na lógica monocultural, lógica fruto da modernidade, que almeja a homogeneização. Os educadores formadores nessa lógica têm dificuldade de questionar as práticas que discriminam, inferiorizam, estereotipam e rotulam como incapazes os alunos que não provém da cultura hegemônica, notadamente, as culturas indígenas, afro-brasileiras e populares.
Além das pesquisas acadêmicas, os movimentos sociais, sobretudo, indígenas, movimentos sociais negros e de educação popular vem denunciando o caráter monocultural da formação de educadores, forjando um conjunto de leis que procuram fazer da formação de educadores um espaço que qualifique para a heterogeneidade, que forme os educadores para que estes sempre questionem os processos de discriminação que ainda ocorrem com negros, indígenas e grupos populares.
O VIII Seminário Regional Diálogos Interculturais, Currículo e Educação de Fronteira Étnico-Racial: Por uma Pedagogia Decolonial visa o debate, em parceria com os professores e professoras do estado do Mato Grosso do Sul, esse que é marcadamente um estado da diferença e da diversidade em sua constituição social, sobre os limites de uma formação antirracista e de valorização da pluralidade cultural.
Nesta edição celebraremos no mês da Consciência Negra os avanços nas políticas voltadas para a Educação das Relações étnico-raciais trazidos pela Lei 10639/2003 e 11.645/2008 que inserem a história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar.
E também as políticas de formação continuada com editais da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) que no governo Lula retomam as ações necessárias para o reconhecimento e respeito à diversidade étnica-racial no Brasil.
O evento abrigará o I SEMINÁRIO INTERNCACIONAL SOBRE POLÍTICAS AFIRMATIVAS E O ACESSO DENEGROS/AS E INDÍGENAS NA PÓS-GRADUAÇÃO, atividade referente ao projeto do Edital n. 16 do Abdias do Nascimento, coordenado pela Professora Drª. Eugenia Portela de Siqueira Marques NEAB/FAED/UFMS.
O projeto de pesquisa busca analisar o acesso e a permanência da população negra e indígena na Pós-Graduação Stricto Sensu nas Universidades Públicas da Região Centro-Oeste. Com a publicação da Portaria Normativa nº. 13, de 11 de maio de 2016, que dispõe sobre a indução de Ações Afirmativas na Pós-Graduação nas Instituições Federais, pesquisas demonstram que mais da metade dos Programas de Pós-Graduação em Universidades Públicas no Brasil possuem algum tipo de ação afirmativa. Apesar de população brasileira ser constituída por mais de 50% (cinquenta por cento) de pretos e pardos, há uma sub-representação em Cursos de Pós-Graduação, consequência de um processo histórico de exclusão desses grupos nas Universidades Brasileiras, desde a Graduação. A exclusão torna-se mais acentuada quando se trata dos povos indígenas. Buscar-se-á caracterizar o processo histórico de criação da Pós-Graduação na Região Centro-Oeste e os aspectos históricos-educacionais dos Programas investigados, a fim de identificar a efetivação de políticas afirmativas, no período de a adoção de reserva de vagas nesses Programas, no período de 2016 a 2026.