ICHCA/UFAL - Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte - Maceió - Alagoas - Brasil
Apresentação
O Colóquio Diálogos Interdisciplinares sobre Gênero, Raça e Sexualidade é organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/CNPq) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Conta com o apoio do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da mesma instituição. O encontro parte dos referenciais teóricos promovidos pela interseccionalidade (Kimberlé CRENSHAW, 2002; Ângela DAVIS, 2016, Lélia GONZALEZ, 2020) para pensar gênero, raça e sexualidade (Judith BUTLER; 2003; Michel FOUCAULT, 2009; Letícia NASCIMENTO, 2021; Joan SCOTT, 1995), inserindo-se em um contexto de transformações político-epistemológicas, promovidas pelos movimentos feminista, negro e LGBTQIA+ que marcam o mundo político-acadêmico contemporâneo. Nas últimas cinco edições, as mesas-redondas reuniram palestrantes de diferentes regiões/instituições do país, também aconteceram sessões de seminários de pesquisa, nos quais os/as integrantes do GEPHGS (graduandos/as, mestrando/as) apresentaram suas pesquisas. O evento tem como finalidade promover uma discussão ampla e diversificada sobre gênero, sexualidade e raça a partir de uma perspectiva histórica e interdisciplinar. O encontro articula graduação e pós-graduação em História, diferentes instituições e grupos de pesquisa em gênero e sexualidade, além de estender o diálogo aos/às professores/as da educação básica e aos movimentos sociais. A sexta edição, prevista para acontecer na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió (AL), nos dias 17, 18, 19 e 20 de setembro de 2024, intenciona ampliar os diálogos e parcerias iniciadas nas edições anteriores e, pela primeira vez, a programação será composta por simpósios temáticos.
Sobre a obra que ilustra a arte do evento
"Quando criança, cresci e fui criado na beira do Rio UNA, vi ele secar e encher por longos anos, atravessava sua margem que passava por trás da casa da minha avó, pulava suas pedras, as menores, as maiores nunca nem tentei. Tomava banho quase todos os dias depois da escola. Quando a mistura estava pouca pescava de gereré, vara ou linha de anzol, quando não conseguia nada, mergulhava para pegar aruás nas pedras submersas do seu leito eu via os reflexos da correnteza e temia sua profundeza. UNA é um gigante, duzentos e noventa quilômetros da sua nascente em Pernambuco até seu desague. Vi sua fúria na cheia de 2002, as lágrimas de muitos que perderam seus móveis e casas, ele literalmente engoliu quase toda cidade de Barreiros, cidade da qual sou natural. Foi um caos. Nesse sentido de rememoração sobre o mergulho dentro de nós, trago essa curta narrativa para ilustrar minha mais nova Série de autorretratos UNA - Um mergulho profundo nos rios da solidão, nela tento, através das imagens únicas, duplicadas, retorcidas, onduladas com requintes de abstracionismos, fazer uma imersão para dentro de minhas memórias e sentidos mais profundos. O fundo preto representa o nada, o abismo desconhecido que evitamos conhecer, porque nele não sabemos o que vamos encontrar, ou até sabemos, por isso não ousamos ir até sua beira, mas há os que nos empurram dela. O vermelho representa aquilo que nos move, o alimento do nosso interior, o sangue, sem ele, nossa existência é impossível. Ele representa nossa força e também nossa fraqueza, já que quando ele jorra é sinal que estamos machucados. As dobras nos tecidos, são representações das correntezas desse rio interno, que corre dentro de nós, de forma tão caótica, mas ao mesmo tempo, precisa e potente, driblando o que impede sua passagem. Ele tem que correr, parado ele apodrece e morre. Enquanto as formas, deixo por conta de vocês que vão mergulhar nessas águas, ora rasas, ora profundas demais. Entretanto, não posso deixar de pontuar que UNA também fala sobre os corpos das “minorias”, quase sempre encobertos por padrões eurocêntricos, constituídos a partir de narrativas impostas por um sistema racista, homofóbico e heterocentrado"
UNA- Um mergulho profundo nos rios da solidão
Por Roger Silva (2022)
