A implantação da filosofia enquanto disciplina obrigatória nos três anos do nível médio de ensino foi garantida por lei a partir de 2008 e representou a vitória dos movimentos e das entidades (ANPOF, ANPED) que, desde a década de 80 do século XX, vinham lutando pelo retorno da disciplina nas estruturas curriculares. A obrigatoriedade também consolidou e regulamentou a iniciativa de muitos Estados que, respaldados pelos Conselhos Estaduais de Educação – CEE, já haviam inserido a disciplina na parte diversificada do currículo. No entanto, com a reforma do ensino médio, Lei nº 13.415/2017, essa obrigatoriedade está novamente sendo questionada. A reforma estabelece que 60% da carga horária será composta por disciplinas definidas pela Base Nacional Curricular Comum –BNCC e os 40% restantes será composto pelas áreas específicas, denominadas de “Itinerários Formativos”: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Linguagem e suas Tecnologias e Formação Técnica e Profissional. O aluno poderá escolher dentre os itinerários formativos disponibilizados em seu estado qual deles se adequa às suas necessidades e, caso haja vaga, optar por mais de um. A implantação da reforma coloca em xeque muitas conquistas que nas últimas décadas mobilizaram a a sociedade civil organizada tendo em vista uma educação mais humanizada e crítica. Nesse sentido, as reformas em curso representam um retrocesso e a ascensão de um projeto de educação neotecnicista que advoga os princípios positivistas da neutralidade e objetividade, haja vista a tentativa de impor projeto como o “Escola sem partido – ESP”. Esse projeto de educação tem como eixo uma formação técnica para o mercado. Dessa forma, disciplinas como Sociologia, Artes e Filosofia são relegadas a segundo plano.Temos clareza do contexto adverso em que se encontra a disciplina Filosofia nesse nível de ensino. No entanto, entendemos que não basta a denúncia, são necessárias ações que ao se contrapor ao projeto em curso possam construir alternativas. Ações essas, que podem ser resultado do compromisso das instituições universitárias em parceria com as escolas públicas. Diante dos mais variados problemas e desafios enfrentados pelos que hoje estão lecionando a disciplina nesse nível de ensino, é que nos propussemos a construir um espaço de partilha e luta dos professores de Filosofia da Região do Cariri, nesse sentido temos desde 2018 realizado Encontros onde possamos socializar, refletir os saberes e práticas buscando articular os diferentes níveis de ensino.
O I Encontro de Professores de Filosofia da Região do Cariri como temática: Impasses e desafios do ensino de Filosofia no Brasil e ocorreu em 06 e 07 de junho de 2018.
Em 2019 o II Encontro definiu como temática: Filosofia da libertação: educação e resistência.
Em virtude da pandemia do Coronavirus o III Encontro só foi realizado em 2021 no formato remoto e teve como temática: (Re)significando o Ensino de Filosofia: O “novo” Ensino Médio.
Dando continuidade a discussão iniciada no terceiro
encontro e diante dos impasses e transformações que estão sendo implementadas
na educação, em especial no Ensino médio com a implementação da BNCC
pretendemos aprofundar a discussão sobre o papel das “Humanidades” na formação
problematizando as diferentes linguagens, epistemologias e atores sociais
historicamente excluídos. Nessa perspectiva Humanidades: diversidade e inclusão foi a temática geral do IV
Encontro que ocorreu de 30 de novembro a 01 de dezembro de 2022.
Conheça mais sobre os eventos anteriores: IV ENCONTRO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA DO CARIRI
Em 2025 o V Encontro terá por temática: ONDE ESTÃO OS PROFESSORES DE FILOSOFIA? O PENSAMENTO FILOSÓFICO NO MUNDO HIPER-CONECTADO.
Está em pauta novametne o futuro do ensino de filosofia. No cenário atual, o papel do professor de filosofia se torna ainda mais relevante e desafiador. A filosofia, como disciplina que incentiva o pensamento crítico, a reflexão ética e a compreensão profunda de conceitos fundamentais, é crucial para ajudar indivíduos a navegar pelas complexidades de uma sociedade hiperconectada.
O Evento tem por objetivos:
1. Problematizar os desafios que se impõem à Filosofia e seu ensino em um mundo interligado.
2. Estimular um espaço de partilha dos saberes e práticas dos professores de Filosofia;
3. Promover maior articulação entre os educadores da área de filosofia, agregando forças em defesa do ensino de Filosofia na formação dos jovens no Estado do Ceará e no Brasil;
3. Discutir os desafios do ensino de Filosofia no contexto atual com a implementação do Novo Ensino Médio.
Este evento busca reunir educadores, pesquisadores e estudantes para compartilhar experiências, debater ideias e fomentar uma rede de colaboração que fortaleça o ensino de filosofia e sua adaptação aos novos tempos. Acreditamos que a discussão sobre o papel do professor de filosofia num mundo hiperconectado é essencial para garantir uma educação que não apenas acompanhe as transformações tecnológicas, mas que também ajude a moldá-las de maneira ética e humanista.