O V Colóquio Variações Deleuzianas: Sociedade de Controle, Produção de
Subjetivação e Resistência objetiva trazer reflexões e pensar formas de
resistência às configurações explícitas de controle e às tentativas de
subjetivação da vida. O avanço tecnológico, os meios de comunicação e as
relações sociais figuram em redes digitais e promovem ações que são
transformadas em elementos de controle corporal e cognitivo. Configura-se,
assim, uma política que, em sua forma de gestar e modular a vida, busca assumir
o controle de disputas culturais, educacionais, estéticas e comerciais.
Nas Sociedades de Controle, Estados e governos lançam mão de ferramentas
tecnológicas e dinamizam políticas de controle, ao mesmo tempo em que são
afetados e têm suas estruturas de governança abaladas por outros usos dos
fluxos cibernéticos e digitais. Há uma crescente e ameaçadora produção de fake
news, conteúdos digitais ‘paralelos’, monetização e direcionamentos das
informações disponíveis que acabam por modular e atualizar novas formas de
subjetivação, criando perfis como pacotes monetários.
Em “POST-SCRIPTUM Sobre as Sociedades de Controle”, Deleuze (1992) já
buscava nos fazer perceber esses novos movimentos de subjetivação implicados,
sobretudo, em outra forma de funcionamento do capitalismo: “os indivíduos
tornaram-se ‘dividuais’, divisíveis, e as massas tornaram-se amostras, dados,
mercados ou ‘bancos’” (p. 222). Nesse contexto, o filósofo apontava que o
capitalismo sofria uma mutação que melhor correspondia às novas máquinas que
passaram a predominar nessa nova sociedade, “máquinas de informática e de
computadores”, e, consequentemente, atualizavam outras relações entre as
subjetividades e a circulação do capital. Deleuze buscou mostrar como a
sociedade de controle implicava uma formação de subjetividades contínuas e
produtivas, em que a energia dos fluxos não é descontinuada, mas
permanentemente modulada e exaurida.
Em meio a essa problemática e a essa exaustão, parece emergente que
pesquisadores e pesquisadoras se voltem seriamente sobre o problema, apresentem
possibilidades de enfrentar seus desafios e tensionem suas configurações para
melhor compreender o seu regime de funcionamento, bem como busquem meios de
resistência e outras formas de pensar e afirmar vidas.