Os duzentos anos das independências latinoamericanas merecem uma celebração à altura da fortuna crítica e artística que, calibanescamente e antropofagicamente, vêm construindo nossa identidade e as possibilidades de um futuro mais justo e inclusivo, novo em termos históricos como a nossa identidade étnica miscigenada.
Você está sendo provocado para vir conosco,
seja qual for sua formação e ocupação, para
A T E M P E S T A D E !
Uma experiência de criação coletiva intercultural
e de gestão democrática da produção e da informação
a partir do texto de William Shakespeare,
em uma montagem itinerante trilíngue
totalmente criada em dois seminários artístico-acadêmicos:
TEMPESTADE de IDEIAS
a partir de 14 de janeiro de 2021
toda quinta-feira às 20h no horário de Brasília (GMT - 3)
Palestras, debates e formação de grupos de discussão e de trabalho
A TEMPESTADE!!
JULHO a SETEMBRO de 2022
Rio Branco, Acre
Oficinas, aulas-espetáculos, vivências comunitárias sustentáveis e outras ousadias imaginativamente subversivas, com o compromisso da reflexão ética, da sacralidade da dúvida metódica e do diálogo, da disciplina construtora de vínculos de confiança e da não-normatividade do outro. Este evento será inteiramente idealizado durante o seminário virtual TEMPESTADE de IDEIAS.

Todos os eventos utilizarão indistintamente português ou espanhol como línguas oficiais, serão gratuitos e sem finalidades lucrativas.
Até que se decida coletivamente
agir de maneira diferente,
por ambição da inclusividade máxima,
todos serão aceitos para o processo de trabalho, indiscriminadamente.
SINOPSE PROVOCATIVA
(uma possibilidade entre outras que exploraremos):
A ação se passa no Novo Mundo e, sim, o cenário é nossa casa. O conflito que encenaremos inicia como consequência de navegações europeias.
O primeiro a chegar foi Próspero, que colonizou a ilha com o poder obtido em seu livro, matou a feiticeira africana que dominava as forças da natureza, escravizou os nativos, e que agora tem poder absoluto sobre as pessoas e coisas daquele lugar.
Miranda, filha de Próspero, é totalmente submissa à ideologia paterna e ao seu poder de alienação (ele lhe aplica o boa-noite-cinderela, a seu bel-prazer). Ela voluntariamente escolhe o destino que permite a seu pai o comércio mais vantajoso de sua pureza, como racialmente adequada e adequadamente virgem.
Na primeira cena vemos a briga da tecnologia contra as forças da natureza, em que a mais moderna nau da gloriosa civilização ocidental finalmente sucumbe. Aí começamos, nesse naufrágio. Do ponto de vista dos europeus, o conflito principal é sobre coisas europeias. Próspero tem algum fetiche com títulos e honrarias em sua terra natal.
Para descolonizadores que nos propomos à canibalização do texto de Shakespeare, e que devemos reverenciar os que nos possibilitaram a consciência dos confrontos camuflados na teia do cotidiano, resta trazer a oposição explorada pelo antropófago cubano Roberto Fernández Retamar, entre o conceito-metáfora Calibã e seu antagonista Próspero, mas o momento nos impele a acrescentar outros termos à equação.
Vivemos a tempestade perfeita, queiramos ou não. É tempo de adaptações forçadas, tempo de descobrir a capacidade resiliente que garantiu nossos antepassados, dentro de cada um de nós.
São propostas investigações: quem foi a feiticeira Sycorax? Ela foi morta? Para Ariel, também um inveterado obediente a Próspero, a tirania do europeu é preferível à da feiticeira africana. Quantos lados tem essa história? E mais, Sycorax realmente existiu? Se existiu, como não idealizá-la? Se não existiu, deve ser existida. Conjurada, na Tempestade da criação coletiva. Vamos acrescentar Sycorax ao triângulo da ação dramática, com Próspero e Calibã, mas também atuante na oposição com Miranda, a única personagem feminina posta por Shakespeare em cena, e que deve ser respeitosamente retratada em nossa montagem, como representante da maior parte de nossas avós, de boa parte de nossas mães e mesmo das relações de opressão interiorizadas dentro de cada um de nós.
Nosso processo de trabalho: durante a TEMPESTADE de IDEIAS, juntamente com a apresentação de palestras sobre A Tempestade e temas latinoamericanos associáveis, realizaremos nos primeiros encontros debates sobre o tema, e a partir destes debates nos dividiremos em grupos de trabalho: por exemplo, um para a produção, um para a direção de arte, um para a música, e alguns outros, direcionados para a criação do texto, lidando com temáticas específicas relacionáveis com o texto shakespeariano.
