Apresentação e proposta
O Simpósio do Patrimônio Material e Imaterial é uma realização do
Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da Unidade de Gestão de Cultura de
Jundiaí (UGC) em parceria com a Fatec Jundiaí, a Fatec Itu e a Fatec São Paulo. Desde 2018, o
Simpósio faz parte da programação do Mês do Patrimônio Histórico e Cultural de
Jundiaí, um programa municipal de educação patrimonial realizado durante o mês
de agosto, que tem o objetivo de inserir na pauta de discussões da gestão
patrimonial os resultados das pesquisas, reflexões e intervenções no âmbito da
preservação do patrimônio cultural. Desde 2019, o Mês do Patrimônio faz parte
do calendário municipal oficial de Jundiaí.
Este ano, em sua décima primeira edição, a ser realizada em 24, 25 e 26
de agosto, o Simpósio tem como tema central a interface entre patrimônio,
cultura e educação.
As cidades são espaços da vida, das relações cotidianas, da
sociabilidade, das manifestações artísticas e culturais e de práticas
educativas formais e não formais. São lócus de referências identitárias e das
relações de pertencimento que conectam os indivíduos e grupos sociais às
parcelas do território simbolicamente representativas, contemplando desde as
edificações isoladas de relevância histórica e arquitetônica até conjuntos
urbanos detentores de uma multiplicidade de edificações e espaços públicos de
relevância patrimonial. Nos anos 90, a abordagem das cidades como documento
passou a considerar as áreas construídas como documentos de processos
históricos, econômicos e sociais de produção do espaço urbano (Sant´Anna, 2017,
p. 32), resultando em uma ampliação tipológica e cronológica dos bens passíveis
de tombamento e valorizando o repertório de conhecimentos associados ao
patrimônio. Também passou a levar em consideração a dinâmica de usos do
patrimônio, como o turístico.
A interpretação dos vestígios materiais de ocupação dos territórios em
períodos históricos diversos são referências importantes para o processo de
construção de memórias e identidades individuais e coletivas sobre as cidades
nas diversas fases de ocupação do espaço urbano. Compreender a relevância
material e simbólica dos vestígios do passado implica em entender a cidade como
um documento vivo do processo de ocupação do território, dos sentidos, valores
e significados socialmente atribuídos aos objetos, lugares e referências
culturais de referência da comunidade.
Os desafios das políticas patrimoniais enveredam-se para a ampliação da
concepção de seleção e preservação patrimonial que ultrapasse a esfera estatal
e englobe uma atuação mais participativa e democrática dos diversos grupos
sociais no processo de seleção, valoração e proteção de um patrimônio cultural
múltiplo e diverso.
Nessa proposta, busca-se valorizar o patrimônio cultural (material e
imaterial) e as identidades plurais que coexistem nas cidades visando
fortalecer o sentimento de pertencimento entre os membros da comunidade e uma
participação mais democrática no processo de seleção, identificação e valoração
das referências culturais.
O exercício da cidadania perpassa pela compreensão do papel do cidadão
como agente do processo de atribuição de valores e significados a um patrimônio
socialmente construído em períodos históricos distintos. O patrimônio cultural
de uma cidade deve representar a diversidade cultural da comunidade, bem como
ser um espaço de referência de uma população heterogênea visando conectar os
cidadãos aos lugares que habitam.
Avançam os conceitos e práticas em torno das cidades educadoras que com suas instituições de ensino formal e as suas intervenções não formais (com fins educativos fora da educação regulamentada) e informais (não intencionais ou planejadas), podem e devem colaborar entre si para tornar a troca de experiências uma realidade. Essa concepção da Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE) nos inspira a postular uma política pública que no conhecimento, preservação e ressignificação de bens culturais possa garantir a articulação entre cultura e educação.
O conceito de cidades educadoras está articulado a outras ênfases e abordagens como as de “cidades inteligentes”, “cidades digitais”, “cidades saudáveis”. Apesar de serem categorias consideradas em escala global é nas localidades e nos territórios que as experimentações para o exercício de uma plena cidadania democrática, e por isso mesmo multicultural, constituem-se.