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O Grupo de pesquisa Processo de Criação
na/da Amazônia do Instituto Federal de Rondônia, Campus Porto Velho Calama apresenta duas linhas de pesquisa: Linha 1 - Processos de criação literária Esta linha tem como objetivo estudar o
processo de criação literária de escritores da/na Amazônia. Pretende se
investigar como é o fazer literário, o passo a passo de um processo
literário. A importância desta linha perpassa na possibilidade de levantar
reflexões e discussões sobre a produção literária amazônica e nacional
relacionada ao seu processo de criação. Linha 2 - Criação, Literatura e Sociedade A partir da análise de produção e escrita de obras literárias, os
estudos desta linha indagam sobre as temáticas, o contexto histórico e social
numa perspectiva da sociedade e de sua criação. A produção literária canônica é estudada e analisada por estudantes, professores e pesquisadores nos espaços formais: escolas, institutos, universidades, grupos de pesquisa. A produção literária de expressão amazônica ainda é vista com preconceitos e as pesquisas sobre a temática em nossos espaços formais demanda mais olhares e reflexões. Este projeto vem como um primeiro passo de uma ação maior, reunir estudantes, pesquisadores, teóricos e escritores para discutir, refletir, produzir e publicar pesquisas sobre as escrituras amazônicas. O IFRO, como instituição de pesquisa, prima pela produção acadêmica no intuito de disseminar ações reflexivas para a sociedade. E possibilitar estudos teóricos e práticos relacionados à Literatura produzida na Região Norte vem ao encontro deste grupo de pesquisa e seus membros. Em parceria com o Grupo
de Pesquisa Letramento Literário: estudo da/na narrativas na Amazônia e o
Mestrado em Estudos Literários da Universidade Federal de Rondônia - MEL, o projeto
visa agregar ações mútuas de leitura, reflexões, debates, escritas e publicações
entre estudantes de mestrado, professores pesquisadores e estudantes do
Ensino integrado Profissional e Técnico do IFRO. O projeto Escritores, teóricos e pesquisadores conversam sobre
Amazônia, Literatura, Cultura e Sociedade vem ao encontro desta demanda para
contribuir de forma exitosa a conhecermos, refletirmos, produzirmos e
divulgarmos as produções literárias bem como as produções acadêmicas dos
sujeitos pesquisadores. |
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Não sei se alguém já disse isso, mas eu registro agora: as memórias são fragmentos dos espíritos dos dias que vivemos. Quase todo mundo usa o passado como uma âncora. Aquele peso daquilo que fomos é o que nos impede de adernar, ir para o fundo. Todos um dia seremos aqueles meninos e meninas que fomos. Como se fôssemos uma embarcação sempre sujeita ao mau tempo. Gosto dessa imagem (GARCIA, Alfredo Guimarães. Enquanto meu pai morre, 2019)
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ALFREDO GUIMARÃES GARCIA
Não sei se alguém já disse isso, mas eu registro agora: as memórias são fragmentos dos espíritos dos dias que vivemos. Quase todo mundo usa o passado como uma âncora. Aquele peso daquilo que fomos é o que nos impede de adernar, ir para o fundo. Todos um dia seremos aqueles meninos e meninas que fomos. Como se fôssemos uma embarcação sempre sujeita ao mau tempo. Gosto dessa imagem (GARCIA, Alfredo Guimarães. Enquanto meu pai morre, 2019)
DANIEL DA ROCHA LEITE
Maria é filha das águas, menina da várzea, sabe todos os segredos do rio: o tempo de mudar as cores da água, o cheiro da maré de lanço, o perfume do sol nas raízes da margem. Nas mãos da pequena, a vida que as águas grandes trazem, os campos inundados de sua casa. A gravidez das águas nas terras, a promessa que o rio lhe fazia todos os anos. O saber do rio. Quando falava dele, o gosto vinha da sua língua, as palavras tinham a memória olfativa da água. Sabor de rio amanhecido. Nos olhos da menina o som das águas. A terra seca do verão na garganta do pasto espumando. A margem, antiga margem, que aguardava o desaguar de um corpo. O rio grávido, perturbado, gemendo sua fecunda terra. O rio que acordava mar. O rio que cala o mato seco. Seu murmúrio líquido. (LEITE, Daniel da Rocha. Águas imaginárias. 2004)
JUCIANE CAVALHEIRO
Relato de um certo Oriente e Dois irmãos concentram-se em histórias de
imigrantes no Brasil, dadas a conhecer através de narradores que com eles
compartilham laços e enredos. Se nos dois primeiros romances, revelam-se as
seis primeiras décadas de Manaus no século XX; no terceiro, a narrativa se passa
sobretudo na cidade das décadas de 1960 a 1980. Já, em Órfãos do Eldorado,
figura o auge econômico do Amazonas, durante a virada do século XIX para o XX,
tempo durante o qual determinada família enriquece através da exploração da
borracha. Segundo o autor, seu interesse centra-se na “memoria desfalcada”, na
“memória não lembrada”. O aspecto memorialístico, a cidade de Manaus, a vida
de famílias de imigrantes e a figura dos narradores são, pois, alguns dos temas
mais explorados pela crítica dos romances de Hatoum. (CAVALHEIRO, Juciane)
NICODEMOS SENA
A floresta àquela hora abria os olhos e espreguiçava-se. Por toda parte havia uma orquestra invisível: o melodioso trinado dos pássaros anunciando a manhã harmonizava-se perfeitamente com o último coaxar monótono dos sapos que se despediam de mais uma noite de árduo trabalho. Os guaribas haviam cessado a sua cantoria, mas as araras e os papagaios, no cimo das árvores, acordavam tudo com o seu alarido; porém, todos esses sons e ruídos acabavam diluindo-se num ritmo tão suave e harmônico que era quase o silêncio. Uma aragem úmida e fresca trazia ao olfato o cheiro forte de húmus em combustão, de troncos e folhagem apodrecendo no solo, como restos mortais decompondo-se após feroz batalha. (SENA, Nicodemos. A espera do nunca mais. 2002)
MILTON HATOUM
?“Enquanto escrevia o romance, depois de um silêncio de onze anos, um silêncio que prometia ser um encalhe para sempre, percebi que havia um problema no meu narrador, que é um filho bastardo de uma índia com um dos dois irmãos a que alude o título do livro. A relação desse narrador com os membros da família, com os vizinhos, com o espaço de Manaus ainda era uma relação frouxa, que não se problematizava suficientemente ou que escondia certos conflitos. Faltava, vamos dizer, expor as vísceras desse filho bastardo que sobrevive para contar a história do clã, sua pequena tribo manauara. Na verdade, faltava interiorizar o drama desse narrador e tecer a rede de relações com o mundo narrado." (HATOUM, Milton. Dois irmãos. 2002, p. 396)