Isildinha Baptista Nogueira é uma pioneira. Foi das primeiras a abordar com o instrumental psicanalítico tanto a dimensão sociocultural como subjetiva da condição de negro no Brasil e a primeira a incluir a discussão do corpo. Faz um trabalho profundo em si mesma e portanto sobre a condição da mulher, negra e brasileira. Ela delineia as muitas amarras que interditam o desenvolvimento da pessoa, a autodepreciação e processos autodestrutivos culturalmente introjetados numa sociedade racista. Se o inconsciente traz as marcas das memórias da formação de todos, como dizia Freud, as vivências díspares, de valoração oposta, de negros e brancos, mostram que, sim, na subjetivação dos corpos brasileiros, pode-se dizer que ele tem cor. É cavando fundo nas neuroses nossas de cada dia que Isildinha (em seu livro A Cor do Inconsciente: Significações do Corpo Negro) expõe as raízes do racismo entranhado e que, apequenando os indivíduos que o sofrem, amesquinha os que o exercem - e envenena o país.