Neusa Santos Souza foi uma importantíssima psicanalista e
psiquiatra negra brasileira. Nasceu em Cachoeira na Bahia, de origem humilde,
ficou conhecida principalmente pela sua obra “tornar-se negro” na década de 80.
Obra fruto de sua pesquisa de mestrado, no entanto a Neusa Santos tem uma
trajetória que está para além desta obra. Uma mulher, preta, que foi professora
universitária, dialogou e coordenou grupos de estudos. Ademais, era
frequentemente convidada para dar palestras e participar de momentos das
formações ou de outros eventos das escolas de psicanálise do Rio de Janeiro.
No campo da saúde mental, a Neusa
trouxe diversas contribuições tanto com seus estudos sobre a emocionalidade do
negro em ascensão social quanto sobre a psicose. No que diz respeito a sua
atuação profissional, de maneira resumida destaco sua atuação profissional Junto
a Jurandir Freire e outros psiquiatras militantes no Centro Psiquiátrico Pedro II - atual IMAS
Nise da Silveira - Que foi local de
encontro de muitos psiquiatras militantes que começavam a construir uma das
primeiras experiências da reforma psiquiátrica no Brasil.
Neusa Foi uma figura importante que
junto a outros psicanalistas operaram mudanças significativas no que diz
respeito a psicanálise no Rio de Janeiro, a partir de vários de grupos
autônomos passou de uma orientação Kleiniana para uma orientação Lacaniana.Apesar
das contribuições para o cenário da psicanálise no Brasil, Neusa trilhou o
caminho da autonomia e escolheu não se vincular a nenhuma escola de
psicanálise.
A partir de grupos de estudo
autogeridos, apostou em uma formação independente das escolas. Além do que, era crítica à forma com eram
estudados os intelectuais estrangeiros nestas escolas, apontando para o
colonialismo em como eraam veiculados os autores estrangeiros e defendendo a
ideia de um estudo voltado a uma psicanálise que contemplasse os brasileiros e
os problemas daqui. Neusa Santos Souza manteve sua independência financeira e
intelectual trabalhando em seu próprio consultório de psicanálise.