Em comemoração ao Dia Nacional do Patrimônio Cultural, celebrado em 17 de agosto, o Arquivo Municipal de Campinas promove a mesa-redonda "Patrimônio e arquivos: transversalidades e convergências no campo das políticas públicas de memória". A mesa ocorrerá de modo online, no canal EducArquivo, em 18/08 das 15h às 17h e haverá emissão de certificado aos participantes.
Com mediação de Josianne Cerasoli, Professora Doutora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, a mesa contará com as seguintes participações:
Helenice Afonso de Oliveira (Arquivo Público Municipal de Ouro Preto)
"Traçando linhas, percorrendo caminhos: A cidade e seu acervo : patrimônio humano e acervo documental"
Magda Almada (Mestrado Profissional - Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde / Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz)
"O som do patrimônio e seus arquivos"
Vanessa Lima (Arquivo Histórico Municipal de São Paulo)
"Educação e Patrimônio: os arquivos como lugares de criação"
Ao propor esse evento, nós do Arquivo Municipal de Campinas convidamos a refletir sobre a relação entre patrimônio e arquivos e, especificamente, sobre como compreender essa relação pode contribuir com nosso trabalho, principalmente o educativo e de difusão cultural.
Acreditamos que, para ter ressonância, ações educativas ou de difusão em arquivos devem ter em conta que, apesar do discurso de que a documentação custodiada diz respeito à preservação da memória de um determinado local e de sua população, isso não corresponde plenamente à realidade. Da mesma maneira que os bens tombados como patrimônio cultural podem comumente ser desconhecidos de grande parcela da população para quem infelizmente cultura nunca foi direito básico.
Arquivos municipais detém registros das atividades do governo e dos cidadãos que interagem com essas para fins diversos. Assim, a memória por eles resguardada tende a ser fundamentalmente a memória oficial da entidade produtora da documentação e intrinsecamente atrelada às suas práticas. Pensar no acervo sem ter em conta muito claramente esses limites é tão inócuo quanto promover um tour por bens tombados para grupos que nunca estiveram naquele local e, de imediato, não veem estabelecida nenhuma relação. Para além dos bens oficialmente arrolados, há inúmeras referências culturais, materiais ou não, para as quais deveríamos ter a sensibilidade de olhar. Do mesmo modo, para além da documentação oficial, há toda uma cidade em funcionamento, cujos registros não fazem parte dos arquivos.
Em ambas as situações, ter em conta as metodologias afins ao campo do patrimônio nos permite, enquanto agentes públicos, criar ferramentas para que todos possam compreender melhor aquilo que é fundamental à composição de nossa identidade, e que nos permite compreender passado e presente, bem como a dinâmica da sociedade em que vivemos.
Se por um lado é imprescindível colocar os arquivos e seus agentes no lugar que lhes cabe, tanto como profissionais especializados quanto como os responsáveis pela institucionalização – ainda que balizada por uma ciência e seus pressupostos – daquilo que constituirá o patrimônio documental de um grupo, local ou órgão administrativo, também é necessário reconhecer que esse patrimônio se torna material para a memória coletiva e para a história enquanto disciplina.
Temos buscado, nos últimos anos, que o Arquivo Municipal possa colaborar para que comunidades e grupos possam também organizar suas memórias e, por meio da transmissão de algumas ferramentas específicas da arquivística, possam fazer uma melhor gestão de seus acervos e, quem sabe, a partir dele organizar suas próprias memórias ou até pequenos centros de documentação. Para tais iniciativas, o patrimônio, se trabalhado à luz dos critérios contemporâneos, pode ser uma ferramenta a orientar como despertar a sensação de pertencimento e apropriação do acervo como um bem que é – ou deveria ser – comum e caro a todos.
O tempo presente não admite mais relações verticais entre técnicos e a população em geral, tanto nos arquivos, quanto nos órgãos patrimoniais. Se pudermos trabalhar horizontalmente, e em redes, certamente o conhecimento de nosso patrimônio e nossos acervos poderá enfim se constituir como ser instrumento fundamental para refletir, criticar e compreender melhor o grupo social a que pertencemos e também para conhecer outras expressões culturais cujas semelhanças complementam e cujos contrastes dão forma à nossa cultura.
Convidamos a todas e todos os interessados nessas reflexões a estarem conosco em nosso evento. Nos vemos dia 18 :)
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