A
maioria de nós não está consciente sobre como nossas ações cotidianas afetam a
saúde e sustentabilidade do oceano e seus muitos recursos dos quais dependemos.
Tampouco, a maioria de nós, reconhece como a saúde do oceano afeta nosso
dia-a-dia. A maioria dos cidadãos não tem consciência da extensão total da importância
médica, econômica, social, política e ambiental do oceano e dos mares.
No
entanto, o que alguns estudiosos chamaram de “cegueira oceânica” pode ser
combatida através do aperfeiçoamento do acesso a uma educação oceânica correta
e convincente, e que fortaleça a conexão do aprendiz com o oceano. Esta é a
essência da cultura oceânica: uma compreensão da influência do oceano em nós e
nossa influência no oceano.
A
aprovação de um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas
único para o oceano, o ODS14, foi uma grande conquista para a comunidade
oceânica global. No entanto, se quisermos alcançar o ODS14 para “conservar e
usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos” e implementar
políticas oceânicas globais necessárias para sustentar ecossistemas oceânicos
saudáveis, precisamos construir um grupo mundial para o oceano. Ao longo da
última década, foram produzidos vários relatórios nacionais que documentam a
importância do oceano, costas e mares para a economia, meio ambiente e qualidade
de vida. Eles enfatizam a necessidade de aumentar a cultura oceânica a fim de
melhorar a estabilidade econômica e a segurança nacional, e permitir que a
sociedade entenda questões críticas relacionadas ao oceano, abrangendo
ecologia, comércio, exploração de energia, mudança climática, biodiversidade, o
oceano e a saúde humana, e o desenvolvimento de um futuro
sustentável.
Um
dos maiores desafios da educação oceânica e do engajamento público é penetrar
na opacidade do nosso oceano global.
O
público normalmente enxerga o oceano como aquilo que eles podem ver da costa. A
tecnologia atual está ajudando a mitigar esse limite físico relacionado às experiências
e exploração oceânicas. Novas ferramentas de aquisição de dados de acesso aberto,
de mineração de dados e de visualização oferecem a educadores e comunicadores
oportunidades de levar o público com eles às profundezas do mar. Promover as experiências
dos cidadãos, expandir o conhecimento e ampliar as perspectivas em torno da
ciência oceânica e do desenvolvimento sustentável do oceano e de seus recursos são
atitudes cruciais para tornar as políticas regulatórias mais robustas, eficazes
e confiáveis.
A
necessidade de conservar o oceano e sustentar seus recursos, está intimamente
ligada à necessidade urgente de uma força de trabalho bem treinada em ciência (natural
e social), engenharia, e tecnologia oceânicas. Essa necessidade é grande devido
ao aumento dos desafios para os ecossistemas oceânicos e os recursos dos quais a
sociedade depende em todo o mundo. Além dos impactos nas comunidades costeiras,
como a elevação do nível do mar e as tempestades costeiras, outras questões globais
sobre os oceanos incluem o aumento do lixo marinho, a perda de biodiversidade
marinha, a destruição da pesca em todo o mundo e a acidificação e desoxigenação
do oceano.
Em
2017, a UNESCO publicou o Relatório Mundial sobre a Ciência Oceânica — O status
atual da ciência oceânica em todo o mundo que fornece uma visão geral dos
investimentos, recursos e produtividade científica de várias nações em relação
à ciência do oceano a fim de abordar as questões acima mencionadas. É
importante ressaltar que o relatório também aborda lacunas no conhecimento,
pesquisa, capacidade e infraestrutura técnica em todo o mundo, bem como
oportunidades de colaboração internacional. Impedir a perda de biodiversidade,
reduzir o lixo marinho, aumentar a proteção do ambiente marinho, ou seja, implementar
o ODS14 exigirá uma mudança em nossos estilos de vida e uma transformação na forma
como pensamos e agimos. Para conseguirmos essa mudança, precisamos
de novas habilidades, valores e atitudes que levem a
sociedades mais sustentáveis no que tange ao oceano.
Os
sistemas educacionais devem responder a essa necessidade urgente, definindo objetivos
e conteúdos de aprendizagem relevantes e introduzindo pedagogias oceânicas que capacitem
os alunos.
Além
disso, a alfabetização oceânica é mais do que apenas educar ou informar o
público e as partes interessadas do setor marítimo sobre a importância do oceano.
Há uma necessidade de se envolver com a sociedade e preparar as pessoas para isso.
É
imperativo que os cidadãos globais entendam os impactos sociais da pesquisa oceânica
e das questões oceânicas mais urgentes.
A
cultura oceânica visa facilitar a criação de uma sociedade consciente sobre o oceano
e capaz de tomar decisões informadas e responsáveis sobre os recursos oceânicos
e a sustentabilidade do oceano.
O
oceano é uma fonte de alimento, energia, minerais, cada vez mais de
medicamentos; regula o clima da Terra e abriga a maior diversidade de vida e
ecossistemas, e é um provedor de serviços econômicos, sociais e estéticos para
a humanidade. Conhecer e entender a influência do oceano em nós, e nossa
influência no oceano, é crucial para viver e agir de forma sustentável.
O
oceano é o grande unificador e é nossa responsabilidade preservá-lo para as
gerações atuais e futuras.
Saiba
mais assistindo a palestra “Cultura Oceânica”, que será realizada no dia 26 de
novembro próximo, a partir das 10h.
(Fonte:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373449)