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O DEDO DE DEUS:
contatos mágicos na Serra do Roncador
“Se existimos, a que se destina?”. A busca por respostas leva a caminhos inesperados na Serra do Roncador (Barra do Garças-MT). Com imagens da natureza exuberante da cordilheira que é considerada um dos chacras energéticos do planeta, o documentário apresenta relatos intrigantes de experiências místicas e de consciência humana vivenciadas pelo ator André D’Lucca, um apaixonado pela região. O mistério que transcende a realidade material também entrelaça depoimentos de pesquisadores e de espiritualistas que encontraram no Roncador um santuário espiritual e metafísico.
RELEASE
Documentário O dedo de Deus
estreia em dezembro
Produção
audiovisual barra-garcense que retrata o misticismo no Roncador
foi realizada com
recursos da SECEL-MT em parceria com o NPD/UFMT
O filme documentário O DEDO DE DEUS: contatos
mágicos na Serra do Roncador estreia no próximo dia 14, às 19h, no
cinema do SESC Arsenal, em Cuiabá. A produção audiovisual realizada com
recursos da Lei Aldir Blanc, edital MT Nascentes, da Secretaria de Estado de
Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (Secel-MT), retrata o misticismo na
Serra do Roncador com imagens da natureza exuberante da cordilheira, que é considerada
um dos pontos de energia espiritual do planeta. Em Barra do Garças (MT) e em Cáceres (MT), as
exibições serão no dia 7, às 19h, no auditório da Prefeitura Municipal e no 3º
Festival de Cinema Olhares do Pantanal, respectivamente.
O documentário tem como fio condutor o relato de experiências
metafísicas e de evolução da consciência humana vivenciadas pelo ator cuiabano André
D’Lucca, um apaixonado pela região. Do primeiro encontro com a serra no município
de Barra do Garças (MT), ainda na adolescência, às mais de 30 viagens ao
Roncador na fase adulta, André conta sua trajetória em busca de autoconhecimento
e de conexão com o divino.
O mistério que transcende a realidade material
também entrelaça à narrativa do ator os depoimentos de pesquisadores e de
espiritualistas que consideram o Roncador um santuário espiritual e metafísico,
um chacra da Terra. Mais do que a porta da Amazônia Legal, a Serra do Roncador
seria um portal para o desconhecido.
O título do filme, O dedo de Deus, é uma menção
à formação rochosa no Roncador bastante visitada por turistas e místicos do
Brasil e do exterior por ser considerada um local de grande concentração
energética. Do visível ao invisível, o curta-metragem tem como pano de fundo a
reflexão sobre a fuga da rotina e do sistema econômico que valoriza os bens
materiais, a busca pelo amadurecimento espiritual que intriga a razão, cura as
feridas emocionais e instiga a imaginação.
Com 31 minutos de duração, o filme foi realizado em parceria com o Núcleo de Produção
Digital da Universidade Federal de Mato Grosso (NPD/UFMT) do campus
Araguaia. As gravações durante a pandemia, nos meses de março, julho e setembro
deste ano, foram um desafio a mais para a finalização do projeto, que tem
locações na Serra do Roncador, no distrito de Vale dos Sonhos, município de
Barra do Garças, e em Cuiabá (MT).
A idealizadora do projeto, a jornalista Aliana Camargo, afirma
que a realização do documentário é uma provocação interna para ela e para os
que assistem. “Ele traz o benefício da dúvida para quem é cético, e instiga os que
estão na busca de saberem o que há além dos nossos cinco sentidos materiais.
Além disso, mostra a riqueza exuberante da Serra do Roncador, que é um lugar
com uma energia muito forte.” Aliana, que é doutoranda em Educação pela UFMT, é responsável pelo
roteiro e pela direção da produção.
Em tempos de desigualdade social e de desequilíbrio
ambiental sem precedentes, a produção audiovisual mato-grossense aborda o
intangível caminho rumo à espiritualidade que passa pelo desenvolvimento humano
e pelo respeito ao planeta.
TRAILER
ENTREVISTA: ALIANA CAMARGO
“Há um mundo imaterial muito maior do que imaginamos, onde está a verdadeira realidade”
Aliana Camargo é jornalista, mestre em Estudos de Cultura
Contemporânea e doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT). Mas ter os pés na academia e nos fatos da lida jornalística não
impediram Aliana de pautar o invisível. O desejo de se afastar dos dogmas e a
busca por respostas que passam pela espiritualidade levaram a jornalista a abordar
o tema misticismo no documentário O dedo de Deus: contatos mágicos na Serra
do Roncador. A produção audiovisual foi realizada com recursos da Lei Aldir Blanc,
edital MT Nascentes, da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer de
Mato Grosso, em parceria com
o Núcleo de Produção Digital da UFMT, campus Araguaia. Com 31 minutos de
duração e locações na Serra do Roncador, no distrito de Vale dos Sonhos,
município de Barra do Garças (MT), e em Cuiabá (MT), o filme retrata o
misticismo com imagens da natureza exuberante da cordilheira, que é
considerada um dos pontos de energia espiritual do planeta.
Roteirista e diretora do documentário que estreia em
dezembro, Aliana é uma defensora da arte. “A arte é a água transformada em
vinho, mexe com as nossas emoções e faz a gente viver o que ainda não
sentimos.” Em entrevista, a documentarista conta um pouco da sua trajetória e
do processo de produção do curta-metragem que tem como fio condutor o relato de experiências
metafísicas e de evolução da consciência humana vivenciadas pelo ator cuiabano
André D’Lucca na Serra do Roncador.
Apesar de ser um registro da realidade, o
documentário tem um caráter autoral também. Qual foi a sua proposta de
abordagem do misticismo na Serra do Roncador e de que forma ela está representada
no filme?
Para responder
a esta pergunta eu preciso voltar um pouco antes, ao que me constitui como
pessoa. Por muitos anos, a minha mãe sofreu com uma doença crônica e isso me afetou
dos meus 18 anos até a sua passagem.
Então, eu fui procurar respostas para o que ela vivia, não era possível
que o corpo físico poderia ser abalado daquela maneira sem uma causa que, para
mim, não era material. Encontrei respostas importantes na espiritualidade que
estudo até hoje, quando digo isso me refiro à busca tentando me afastar dos
dogmas. Avançando no tempo, chego ao ano
de 2013, quando conheço Barra do Garças e fico impressionada com a energia do
lugar, e naquele momento me dá vontade de morar na cidade. Um ano depois
conheço o ator André D’Lucca numa festa em Cuiabá, na casa de um amigo em
comum, o Ronei Ferraz, que é artista plástico. Nessa festa falamos sobre Barra
do Garças e ele me contou sua história incrível de transformação na Serra do
Roncador, fiquei impressionada e disse que aquela narrativa de vida era
propícia para um documentário que tratasse da busca pessoal. Em 2019, eu me
mudo para Barra do Garças, foi quando percebi que que há uma grande
movimentação de pessoas que buscam no local um refúgio espiritual,
principalmente no Roncador, que até então eu não conhecia, mas já tinha feito
pesquisa para o documentário com o André. Então, a abordagem do tema se conecta
ao início, a minha ligação com a minha mãe, vem de um sofrimento pessoal, que
não é tão distante do que viveu o personagem central e de tantos outros personagens
reais que encontramos pela vida. De maneira que este misticismo está na
compreensão de que há um mundo imaterial muito maior do que imaginamos, e para
mim é onde está a verdadeira realidade, e a Serra do Roncador é um dos portais
para acessarmos. Eu e o João, o montador do documentário, nos preocupamos em
trazer essa temática com muito respeito, pois cada um tem uma biografia, uma
construção de vida que precisa ser respeitada.
A Serra do Roncador tem um grande potencial
turístico, um turismo ecológico e de motivação espiritual. O que está faltando?
Falta
organização e gestão. O potencial turístico de Barra do Garças é muito forte.
Mas tem suporte do estado? Do município?
Me parece que a gestão atual quer escrever uma nova gestão, mais antenada com o
potencial que Barra pode oferecer. Outro fator importante é que faltam dados.
Não se tem, por exemplo, estimativas de quantas pessoas visitam o Roncador para
esse turismo que, sem ser da área, denomino como contemplativo, como turismo de
linha espiritual. Sem dados, como podemos qualificar os números? Como fazer
investimentos no setor?
Fazer um documentário sobre o desconhecido
(mundo espiritual) em tempos de pandemia, quando o inimigo é invisível aos
olhos (o vírus), inspira ou traz ansiedade?
Os dois. A
ansiedade se refere a mim, porque cada um vai interpretar da forma que bem
entender, e sobre isso não há nenhum controle, então eu preciso respirar e
trabalhar a ansiedade. Mas, sobretudo,
espero que inspire outras pessoas, porque o mundo espiritual é desconhecido até
o momento em que você muda a chave e se propõe a estar aberto, a estudar,
buscar informações, e isso é libertador porque quanto mais você entende, mais
você quer respeitar o livre-arbítrio do outro, a escolha religiosa do outro, e
pensar na responsabilidade sobre as coisas que te cercam. Todo mundo acha que o
mundo espiritual é algo muito distante, está lá no outro lado, mas, como já
disse um grande sábio - “assim na terra como no céu”, se somos seres
espirituais, a matéria/corpo que fica é apenas uma roupa, a essência é
espírito. Nesse sentido, a pandemia veio para sacudir as pessoas para este
momento, e acredito que o documentário veio no momento certo.
Você é doutoranda em Educação, tem mestrado
em Estudos de Cultura Contemporânea. Há espaço na academia para falar de
espiritualidade?
A academia
atual não se abriu tanto para isso, mas aos poucos isso se tornará inevitável,
é o que almejo e sei que não estou sozinha nesta ideia. Mas ao longo da
história podemos perceber que há escritos com base na espiritualidade. Tenho
dois exemplos. Einstein fala sobre a intuição, que para ele é um dom sagrado,
quando não consegue explicar mais nada, quando o homem chega ao limite do
racional, ele recorre à intuição, isso tem raiz na espiritualidade, o que ele
está dizendo. Na história da humanidade temos filósofos que conseguiram pensar
a espiritualidade com maestria, como Baruch de Espinosa, que foi excomungado
pela Igreja, mas que tem um tratado belíssimo que se chama Ética. O seu
trabalho mais importante fala sobre Deus, corpo e espírito como unidade, sobre
afetos e liberdade humana. Deus é a natureza, é a consciência que se manifesta
em forma de amor, esse amor, para Espinosa é um afeto de maior perfeição e é o
que temos que alcançar como pedagogia social.
O documentário apresenta leituras da
realidade, no plural. Como um professor poderia inserir o seu documentário na
sala de aula para ensinar?
Acredito que o
documentário pode ser trabalhado a partir dos nove anos de idade. Depois da
sessão eu ouviria o que as crianças têm a dizer para entender como fazer a
mediação, e o professor fará a mediação que julgar interessante com base em
pesquisa prévia. As crianças de nove anos
conseguem perceber questões pré-conceituais, entendendo os elementos que elas
trazem o professor saberá definir bem a linha. Os maiores de 14 anos, que já
estão entrando na fase da adolescência, já conseguem fazer reflexões
conceituais, trazer significados da narrativa, então acredito que podem ser
trabalhadas questões sobre a sensibilização ética, a busca pessoal, o eu e o mundo
de maneira a também buscar ouvi-los, mas fazendo uma mediação baseada em
filosofia, arte, antropologia, sociologia. Acredito que seja esse o caminho que
eu seguiria.
Quando o
assunto é o intangível, aquela história de que “uma imagem vale mais do que mil
palavras” cai por terra? O que resta (a palavra) faz cinema?
Acredito que
tudo vale, uma palavra, uma imagem, apenas um som, o que vai definir é o que
está no plano do sentir, da emoção. Podemos ouvir/ler apenas palavras e nos
sensibilizar, podemos ver uma imagem, e nos sensibilizar. O cinema tem muita
coisa do subjetivo. Então, a questão é o sentir como elemento central, mas que
nos leva a um curto-circuito que provoca a transformação. Por isso, a arte é
tão importante. A arte é o social em nós, é o que transborda das relações
humanas. A arte é a água transformada em
vinho, mexe com as nossas emoções e faz a gente viver o que ainda não sentimos.
Lutemos pela arte! Aproveitando para falar, nesse sentido, que o edital Aldir
Blanc, no qual o documentário foi contemplado, foi um momento ímpar depois da
loucura que começamos a viver em março de 2020, com a pandemia. Os artistas e produtores puderam colocar na
ação o que estava no plano do sentir.
Qual a
importância do financiamento público da cultura e da Lei Aldir Blanc?
O edital
Nascentes da Secel-MT, no qual o documentário foi contemplado, tem recursos da
Lei Aldir Blanc. Foi um momento ímpar depois da loucura que começamos a viver
em março de 2020, com a pandemia. Os
artistas e produtores puderam colocar em ação o que estava no plano do sentir. Os
aportes culturais dão condições aos produtores de fazerem a cultura fluir, se
movimentar. A cultura é muito importante porque mostra os valores, costumes, a
identidade de determinada região. O Brasil, como um país continental, com a
grande diversidade fruto de mestiçagem de saberes, sabores e olhares, precisa
de incentivo nesse campo. A Lei Aldir Blanc, além de fomentar a cultura,
conseguiu dar condições para produtores que passaram por um momento muito difícil
durante o distanciamento social.
O NPD fornece
apoio aos realizadores independentes. Qual a importância do núcleo para a cena
cinematográfica da região e para descentralização da produção audiovisual no
país?
Faz pouco tempo
que estou em Barra do Garças e ter a parceria do Núcleo de Produção Digital da
UFMT fez total diferença neste projeto porque acolheram a proposta que
apresentei e agradeço muito ao coordenador do núcleo, professor Gilson. Eu
acredito que a universidade é este organismo que precisa estar aberto para a
comunidade, claro dentro de suas possibilidades. O fato de ter um NPD em Barra
é importante para que outras e novas escritas audiovisuais sejam realizadas. Um
povo que consome suas próprias produções, que se olha e se reconhece, busca
mudar o que é preciso quando as transformações sociais são necessárias. Eu
desejo que o NPD cresça e cada vez mais faça a diferença na produção
audiovisual da região. Se depender da minha contribuição, quero ser parceira
nessa construção.
Para
finalizar: “Existirmos, a que se destina?”
Essa frase é da
música Cajuína, uma homenagem a Caetano Veloso, um dos maiores cantores
e compositores deste país. E veja, Caetano escreve essa música quando perde um
grande amigo, no sofrimento profundo nos deu uma pérola. A arte é isso: transforma
água em vinho. A existência sempre ocupou as mentes dos grandes filósofos, por
isso filosofia é tão importante para a formação humana. Existir é buscar querer
ser melhor a cada dia, mas com sensibilização ética, não estou falando de uma
busca que está preocupada em pagar boletos, em ter. Existir é ser. Buscar nos
ancorar num porto em que haja amor, o afeto de maior perfeição que Espinosa nos
ensina, e amar com consciência pode ser um exercício muito difícil para muitos,
porque embutido no amor há uma complexidade de fatores, o maior deles é o
livre-arbítrio. Aprendi que o antagônico ao amor não é o ódio, mas o desamor,
porque é aquele que dá vazão para expressões como “matei por amor”, também para
a falta de compreensão do que é o amor próprio. O desamor é o que pode anular a
si e ao outro, o ódio é violento, e violência pode-se praticar até por
telepatia (que é invisível, imaterial). Então precisamos saber como amar, um
amor autêntico, e eu estou estudante dessa disciplina, terei um caminho pela
frente ainda. Há milhares de anos nos dizem: conheça-te a ti mesmo. Acredito
que seja isso, buscar nos conhecer, saber que Deus habita cada um e é isso que
liga todos os seres do universo.
CRÉDITOS
O DEDO DE DEUS: contatos mágicos na Serra do Roncador
Direção e roteiro: Aliana Camargo
Direção executiva: Gilson Costta
Direção de fotografia: Cristiano Costa
Assistente de direção de fotografia, edição, finalização e color grading: João Rocha
Assessoria de comunicação, imprensa e mídia: Carina Benedeti
Imagens de drone, guia e locações:
Genito Santos
Johnatha Moura Martinel
Produção: Nathália Gonçalves
ENTREVISTADOS
André D’Lucca
Ator
Ataíde Ferreira
Especialista em parapsicologia, pesquisa fenômenos na Serra do Roncador
Fabrício Chabô
Produtor cultural
Onofre Ribeiro
Jornalista, espiritualista e estudioso dos fenômenos na Serra do Roncador
Teresa Ferreira
Espiritualista
TRILHAS
Frase final extraída do livro - Caminhos de um Aprendiz: revelações sobre o mundo espiritual, de Halu Gamashi, 2017.
AGRADECIMENTOS
Núcleo de
Produção Digital (NPD/UFMT)
Universidade
Federal de Mato Grosso - Campus Araguaia
Secretaria de
Estado de Cultura de Mato Grosso
Secretaria
Municipal de Cultura de Barra do Garças
Sesc Arsenal de
Cuiabá
Felipe Oliveira
Resende
Guido Fernandes
Oliveira
Sinara Moraes
Ralph Reis
Tainá Moraes
Vitor Moraes
Maíra Taquiguthi Ribeiro
Eduardo Monteiro
Isadora
Taquiguthi Lemos
Maria Júlia
Camargo
Emmanuel Camargo
Adayane Martinel
João Jairo
Carvalho Feitosa
Se existimos, a
que será que se destina?
Primavera de 2021
Barra do Garça,
Mato Grosso, centro geodésico do Brasil.