Nietzsche e a nova aurora da Filosofia Brasileira

Nietzsche e a nova aurora da Filosofia Brasileira

online Universidade Federal do Paraná - Curitiba - Paraná - Brasil
presencial Com transmissão online

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Sobre o evento

O Colóquio Nietzsche e a nova aurora da Filosofia Brasileira busca trazer ao público interessado algumas importantes discussões sobre a situação atual de nossa filosofia a partir dos estudos Nietzsche no país. Nesse sentido, se a temática principal do evento será a filosofia nietzschiana e a relação de intelectuais e filósofos brasileiros com a obra do filósofo alemão, interessa, talvez ainda mais, discutir em que medida tal filosofia e nossa relação com ela podem ser frutíferas para a Filosofia Brasileira. 

Com isso surge o outro lado, o lado mais interessante da questão: se Nietzsche nos propõe uma filosofia perspectivista, capaz de superar a objetividade moderna por meio da consideração de diferentes perspectivas, talvez sua maior lição para a Filosofia Brasileira seja a de que, para pensar filosoficamente a multiplicidade do(s) Brasil(s),  faz-se incontornável uma pluralidade de pontos de vista, abordagens, lugares de fala, interpretações, ora, de perspectivas. Precisamente por isso, mesmo um colóquio que orbita a filosofia nietzschiana não pode, se quer também ser um colóquio de Filosofia Brasileira, limitar-se ao autor de Zaratustra. 

Trata-se portanto de, com Nietzsche, abrir-se à pluralidade da Filosofia Brasileira.


Gravação

Todas as mesas e atividades do evento podem ser reassistidas pelo canal do Youtube do Departamento de Filosofia - UFPR

Atividades

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Calendar

Lista de frequência

A frequência no evento, para fins de emissão de certificados para ouvintes, será controlada pelo seguinte Formulário de Presença


A cada mesa será fornecida uma palavra-chave para a confirmação da presença.

Palestrantes

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Programação

QUARTA-FEIRA, 26/02/2025


09:00 às 12:00 - Defesa de Dissertação - UFPR (Anfi 400, DPI)

  • Pedro Dallacosta Chiarani: Ler Nietzsche desde o Brasil, Falar dos Brasis desde Nietzsche


ALMOÇO


13:30 às 16:00 e 16:30 às 19:00 - Mesas de Conferências - UFPR (Anfi 400, DPI)

  • Antonio Edmilson Paschoal (UFPR): Usos de Nietzsche para além do ressentimento
  • Luciana Zaterka (UFPR e UFABC): Transhumanismo e o sentido da existência humana: perspectivas a partir da obra de F. Nietzsche
  • Angela Couto Machado Fonseca (UFPR): Nietzsche para uma filosofia encarnada
  • Hailton Felipe Guiomarino (UFPA e Faculdade Cosmopolita): Sobre a velha questão "O que é brasileiro?"

CONFRATERNIZAÇÃO
Restaurante Nina - Rua Marechal Deodoro, 847, Centro - Curitiba

QUINTA-FEIRA, 27/02/2025

08:00 às 10:00 - Mesa 01: Nietzsche no Brasil e outras apropriações anticoloniais - Online com transmissão no Anfi400
  • ENSAIO: A Filosofia brasileira a partir de Nietzsche e Clarice Lispector: conexões entre vida, pensamento e criação - Lúcia Schneider Hardt e Luiz Paulo Matias (UFSC)
  • A genealogia do homem cordial, por Sérgio Buarque de Holanda - Geraldo Dias (IFPB)
  • Sepultamento dos saberes negros: um diálogo entre o conceito carneiriano de epistemicídio e a noção de silenciamentos de Miranda Ficker - Evelin Machado da Rosa (UFRGS)


10:30 às 12:00 - Mesa 02: Filosofia Anticolonial  - UFPR (Anfi 400, DPI)
  • O contracolonialismo de Antônio Bispo dos Santos: conceitos e experiências de vida - Pedro Henrique Lopes de Oliveira (UFPR)
  • Saberes ancestrais na Filosofia Brasileira: reflexões a partir de Adilbênia Machado - Maria Eduarda dos Santos Penteado (UFPR)
  • Deleuze e Guattari, Hayden White e Nietzsche: Percursos contra e com a História - João Victor Silva B. (UFPR)

ALMOÇO


13:00 às 15:00 - Mesa 03: Pensar o Brasil com Nietzsche - Online com transmissão no Anfi400
  • “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”: ressentimento no cenário brasileiro contemporâneo - Leonardo Gonçalves de Alvarenga, Luiz Gustavo Dos Santos Viana e Melissa Araújo Pedroso (UEPA)
  • Conhecimento como Predação: Perspectivismo nietzschiano e ameríndio em diálogo - Bruno Nichel (UFSC)
  • O uso do ressentimento pelo líder religioso: uma análise entre Nietzsche e Adorno - Lucas Pires Ramos (UNICAMP)
  • Filosofia de raspão: a ira de Friedrich Nietzsche - Pablo Vinícius Dias Siqueira (UFU)


INTEVALO


15:30 às 17:00 - Mesa 04: Filosofia Brasileira de matriz ocidental  - UFPR (Anfi 400, DPI)
  • As finalidades do Estado schopenhaueriano e a atuação do Estado hoje - Vinícius Edart (UFPR)
  • Perspectivismo em F. Nietzsche: tese autônoma ou expressão da vontade de poder? - Isabella Nóbrega Gomes Stencel (UFPR)
  • Parmênides aos olhos de Nietzsche: a inversão da Verdade - Allisson Morona de Faveri (UFPR)

INTERVALO


18:00 às 20:00 - Mesa 05: Marxismos no Brasil  - UFPR (Anfi 400, DPI)
  • Sobre ideias e lugares: Reflexões sobre Filosofia e Formação Nacional - Kayque Souza (UFPR)
  • A educação especial sob a ótica do marxismo: uma possível contribuição da pedagogia histórico-crítica - Andre Henrique Boazekewski Pereira (UFPR)
  • A impossibilidade do niilismo: Günther Anders leitor de Beckett - Felipe Serafim Vieira (UFPR)
  • O corpo que sente e o consolo do conceito: uma exposição de Natureza-Morta de Maurício Chiarello - Rodrigo Z. Mickus (UFPR)

CONFRATERNIZAÇÃO
Mafalda Café Bar e Bistrô - Rua Tibagi, 75, Centro - Curitiba

Chamada para submissões

Filosofia brasileira e... Nietzsche? Curiosa combinação. Um pensador que nunca pisou nosso solo, que na totalidade de seus escritos se refere mais ao nosso então imperador lusitano que ao país, que nunca pensou o Brasil, que via na colonização a solução para o problema da superpopulação europeia (A 206)... o que teria a contribuir para nossa filosofia? O que teria o filósofo da vontade de poder de frutífero para uma nação historicamente submetida a uma intransigente vontade de colonização?

Pasmem: muito. Pois não há um Nietzsche, mas vários Nietzsches. Eis a grande riqueza de sua filosofia: ao constituir-se numa série de experimentos (Versuche) perspectivísticos, trocas de pele, mudanças de ótica, o filósofo do martelo, fazendo desmoronar também a própria pretensão filosófica à verdade, abre sua própria filosofia a marteladas. Pede, nesse sentido, que seus leitores sejam mais que leitores, que sejam interlocutores (BM 22, GM, Prólogo, Za, Da virtude que presenteia, 3, etc.), que o leiam perspectivamente, desde seu ponto de vista, seu lugar de fala, poderíamos dizer. Sua filosofia, nesse sentido, não busca estabelecer verdades, fazendo-se isso sim aberta a diversas interpretações, mesmo a ser dominada por uma vontade de poder que a possa ressignificar. Podemos assim, nos apoderando de Nietzsche – é dizer, impondo perspectivamente, como não poderia deixar de ser num mundo em que só há interpretações, significado nosso a suas palavras – pensar a constituição do rebanho brasileiro, tão diferente do europeu; nossa moral, composta também numa relação entre senhor e escravo, que era entretanto outra escravidão; a suposta universalidade da filosofia, que se para ele era um problema epistemológico, para nós é político, de nossa dependência intelectual e filosófica; e tantas outras questões quantas leituras há de Nietzsche no Brasil. Isso implica, é claro, que tenhamos a força necessária para ta apropriação, para assenhorearmo-nos de Nietzsche… mas ele bem sabia que não era pouca a exigência que colocava sobre seus leitores.

Interessante ainda é perceber que, ao colocar a filosofia em perspectiva, Nietzsche coloca a possibilidade/necessidade de se compreender também o caráter perspectivista de nossa própria filosofia. Se todo conhecer se dá desde um corpo, de uma localização histórica, de uma perspectiva determinada por certos interesses referentes ao existir daquele que conhece, torna-se inegável: não há um Brasil, ou uma filosofia brasileira, mas Brasis e filosofias brasileiras. Eis então a única maneira de pensar o Brasil: de diversas maneiras – levando em conta a pluralidade de perspectivas que nos compõe. Perspectivando, ampliando os pontos de vista, vendo de maneira sempre nova: isso para a superação da objetividade moderna (GM III 12). Decorre disso também outra importante obviedade: Nietzsche não é suficiente.

Com efeito, formam-se, no Brasil, escolas de pensamento. As tradições proliferam: os 200 anos de universidade no Brasil lutam com os mais de 500 anos de escravidão. Hoje em dia, a digestão da filosofia mundial, das que vem de fora, em filosofia brasileira atinge o que talvez seria o seu ápice pulverizacional: as pesquisas sustentadas nas universidades tomam nota do seu tempo histórico, direta ou indiretamente. Eventos tais como este colóquio estimulam e são estimulados por pesquisas que, de dentro da disciplina filosófica, colidem com um fervor inimaginável. Qual é o legado? Uma pergunta que jamais cessará de surgir.

Os clássicos, para bem e para mal, por muito tempo ainda serão “os clássicos”. A diferença se dá pela maneira de abordagem. O quão críticos podemos ser em relação a eles? O quanto de sua “interpretação brasileira” será vista como traição? O quanto dessa traição faz força para o começo de novas tradições? Sem dúvidas, o caráter multiplicitário da filosofia brasileira traz à tona a extemporaneidade de seus pensamentos. Cada pesquisa, se pudéssemos falar assim, digere, à sua maneira, aquilo que vem de fora. Mas e o “dentro”? Seria oco? Ou seria preenchido com uma matéria ainda inominável? Ah, sim! O futuro!

O futuro, os clássicos… tudo que soa familiar e bem constituído em nossos ouvidos é antes passível de dúvida. Talvez, se bem forçarmos a visão, não veremos diferenças tão nítidas entre o passado e o futuro, entre o datado e o vir-a-ser, entre o que fortemente nos constitui e o que será, matéria colorida e infinda, conclusão e próxima etapa de quem somos. Mas por que, afinal? Pelo simples fato de que sabemos tão pouco do que já foi quanto temos certeza do que virá: as nuances da história, das escolhas de narrativa, a sobrevivência de certos fragmentos, a citação de autores específicos… 

Quando Simplício citou Parmênides de Eleia, recuperando o filósofo pré-socrático para responder à Física aristotélica, o que tinha em mãos? Era ele o guardião do poema de instituição do “Ser” que nunca nos chegou? Tinha, em seus pergaminhos, a palavra escrita direta, não fragmentária, do eleata? Qual foi o fantasma que sussurrou em seu ouvido? Por qual motivo recuperar tão fielmente somente alguns trechos?... Em fato, se um espectro rondava Simplício, poderia ser um menos opaco do que o que temos hoje: fragmentos, restos, unidos por uma cola filológica e fundidos no aço da curiosidade filosófica: o incompleto, o problemático, o tão isento de certezas, o poema do Ser!

Se é tão incerto o passado, se é tão incerto o futuro, quem somos nós diante de ambos? Se Platão também citou Parmênides, se Aristóteles também o fez, mas de seu próprio modo, que atitude tomaremos? Se não há um caminho nítido e muito claro, ficaremos na selva, úmidos e abandonados? Seremos a citação da citação, o comentário dos comentários? Ah, quem dera tivéssemos a força necessária para darmos este salto, pegarmos a alma do texto fragmentário, olharmos para nós mesmos, bradarmos sem culpa e sem medo, e com a força que lembra Ogum guerreiro, atravessarmos, sem dó ou receio, rompermos esse mato!

Quem dera se tivéssemos a força de nossos marxistas, que já há mais de um século compreenderam em que medida é necessário dialetizar uma teoria estrangeira para poder aplicá-la à nossa realidade - mas não decorreria isso do próprio caráter materialista dessa teoria? Quem dera tivéssemos a força dos povos oprimidos no processo colonial que nos formou, que resistiram até hoje e ainda hoje resistem à invasão; e também a força de nossas filósofas, que sempre tiveram de disputar seu espaço num meio tão masculino - mas será que não temos? É dizer: quem dera fossemos uma academia mais plural, mais feminina, mais negra e indígena, mais brasileira - mas será que já não somos?

Teremos ainda que nos haver com outras perguntas: afinal, as nossas interpretações serão mesmo filosofia? A pesquisa acadêmica brasileira sobre um filósofo que viveu e problematizou a sua época, poderá ser mesmo considerada filosofia, ou ainda, brasileira? Qual o jeito certo de filosofar? Uma filosofia feita de outra maneira que à moda ocidental não será qualquer coisa diferente da Filosofia – com F? Por que ser Filosofia?

Pasmem: tudo isso é Filosofia Brasileira, e muito mais. É filosofia brasileira também a infinidade de saberes ancestrais renegados pela academia, que hoje encontram, em novos corpos, novas entradas; é filosofia brasileira o saber popular, a literatura de nossos literatos filósofos, a música que nos cantou e canta, o cinema que nos mostra o que há de bom e mal em nossos Brasis – e muito, muito mais. Eis o perspectivismo brasileiro, a nova aurora de nossa filosofia. É sobre essa pluralidade que, nesse texto composto a várias mãos, várias perspectivas, convidamos a comunidade acadêmica brasileira a vir perspectivar conosco no dia 27/02/2025. Façamos filosofia – brasileira!

Local do Evento

Comissão organizadora

Allisson Morona de Faveri (UFPR)

Antonio Edmilson Paschoal (UFPR)

Gabriel Pereira Gioppo (UFPR)

Hailton Guiomarino (UFPA) 

Matheus Pedrini (UFPR)

Pedro Dallacosta Chiarani (UFPR)

Vinicius Edart (UFPR)


Informações adicionais

  • Será fornecido certificado de 20 horas de participação como ouvinte para aqueles que somem 75% de frequência presencial no evento. Não é necessário inscrever-se para obter o certificado. A frequência será controlada por listas de presença que circularão durante o evento.

  • Apenas aqueles que desejarem apresentar comunicação devem se inscrever pelo site.

  • As comunicações poderão ser realizadas de modo presencial ou remoto.

  • O número de submissões de comunicações será restrito a 30.

  • Comunicadores receberão certificado de suas comunicações, podendo também receber o certificado de participação como ouvinte caso somem 75% de frequência presencial.

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