O projeto visa reconhecer a diversidade das formas de
engajamento musical – ou do musicar – em localidades diversas. Adotamos o termo
“musicar” como tradução da palavra musicking, cunhada por Christopher
Small, para descrever qualquer forma de engajamento com música. Assim, a
performance musical é uma forma de musicar, mas musica-se também ao ouvir ou
falar sobre música, ao fazer o download de uma música ou mesmo ao participar da
organização de um show. Com efeito, Small chama atenção para o caráter social do
musicar, ocorra ele numa performance em tempo real ou mediado por música
gravada. Musicar, enfim, é engajar-se num processo interativo ligado à produção
e vivência da música.
Ao atrelarmos o musicar ao local, buscamos investigar como o
musicar constrói a localidade e como é construído por ela. Ao dar foco à
localidade da atividade musical, pretende-se chamar atenção para o papel da
música na articulação deste contexto, independentemente da origem do estilo em
questão. Localidades são contextos dinâmicos; são pontos de encontros contínuos
entre pessoas, ideias, práticas, tecnologias, objetos que vão convergindo no
local ao longo do tempo. A especificidade da localidade deriva de suas relações
com outras localidades, mais do que com o seu isolamento. Busca-se, aqui,
documentar como o engajamento musical se articula com as interações sociais que
ocorrem durante o musicar, sejam os participantes amadores ou profissionais. O
Temático, portanto, volta-se para a investigação da relação entre música e
localidade a partir das práticas das pessoas envolvidas no musicar.
Apoio: FAPESP – Processo 2016/05318-7