Este é um evento online
Introdução aos Cantos do Cipó do Povo Huni Kuin
com
Professor Ibã Sales Huni Kuin
dias 17, 19 e 21 de maio, 2021 (segunda, quarta e sexta-feira).
Aulas com 2 horas de duração, iniciando às 19h00.
Resumo
Neste primeiro minicurso introdutório sobre os cantos do povo Huni Kuin, abordaremos o Huni Meka - os cantos do cipó - que são os cantos Huni Kuin tradicionalmente entoados nos rituais de nixi pae - ayahuasca. Divividos em três tipos - Pae Txanima, Dautibuya, Kayatibu - estudaremos o significado destas três estruturas de cantos e suas aplicações, além de aprender a cantar alguns deles.
Apresentação
Linguagem dos espíritos, os cantos indígenas são expressões de um contato que atravessa dimensões, mundos e seres múltiplos e diversos. Uma linguagem sagrada, de reza, uma fala espiritual ensinada pelos próprios espíritos e que serve de canal de comunicação entre mundos. Diz-se que, quando um canto é entoado, ele é cantado para os espíritos, ou seja, o canto carrega esse poder de ser um elo de ligação entre os distintos mundos. Para além de uma semântica ordinária da linguagem, o sentido de cada canto evoca outros signos que não são capturados através de uma ordem semântica comum ao entendimento, de modo que o processo de tradução dos cantos, seja em sua língua de origem ou na transposição para outras línguas, não corresponde a um sentido acessível, isto é, às formas prontamente dadas de um entendimento universal. O estudo dos cantos indígenas é, naturalmente, uma imersão em outras realidades, outras perspectivas de mundos que, ao entendimento comum, parecem estranhos, mas que coexistem nos multiversos das nossas existências.
Assim é para os Huni Kuin, um povo indígena portador de uma ciência sofisticada e muito elaborada de cantos e de rezas, subdivididos em diferentes tipos que cabem para diferentes circunstâncias. Há, por um lado, tipos de cantos que, em uma versão traduzida, entoam um entendimento semântico mais acessível da linguagem ordinária, ainda que evoquem seres encantados e dialoguem com outras dimensões. Mas, por outro lado, há tipos de cantos que, mesmo passíveis de tradução terminológica, não carregam em si um sentido semântico ordinário. Os Huni Meka, chamados de “cantos do cipó” em sua tradução mais usual, são cantos que não apresentam um entendimento acessível ao ordenamento semântico, e dialogam diretamente com outros mundos e com os múltiplos devires dos seres encantados, da natureza e do cosmos.
Tradicionalmente entoados nas cerimônias de nixi pae (ayahuasca, como é chamada pelos Huni Kuin), os Huni Meka são parte integrante da ciência que este povo tem sobre essa medicina e, em sua estrutura, são subdivididos em outros três tipos, assim chamados: Pae Txanima, Dautibuya e Kayatibu. Cada um destes tipos recebe um significado e um momento adequado para serem evocados no desenrolar do trabalho cerimonial, sendo, cada qual dos cantos, portadores de certas forças espirituais com diferentes agências, as quais se apresentam através da própria linguagem “mágica” e espiritual que pertence a cada canto. Entre os Huni Kuin, os cantos do Huni Meka, junto à ingestão do nixi pae, tem o poder de acessar o plano da miração, que, para além do sentido da visão dos olhos, é uma linguagem espiritual, não ordinária, que atravessa e dialoga com diferentes dimensões, cada qual repletas de mundos e diferentes seres, dotados de multiplicidades de devires, interagências e transformações, perpassando humanos, animais, plantas e os mais diversos entes da natureza e da sobrenatureza.
Povo Huni Kuin
Os Huni Kuin (Kaxinawá), povo pertencente à família linguística pano, falante da língua hantxa kuin, habitam territórios no Brasil e no Peru. No Brasil, na região acreana, os Huni Kuin vivem em doze Terras Indígenas distribuídas nos rios Purus, Envira, Muru, Humaitá, Tarauacá, Jordão e Breu, com uma população estimada em aproximadamente 10,8 mil indivíduos (SESAI, 2014). Em território peruano, são pouco mais de 739 huni kuin (INEI, 2017), que vivem em 11 “comunidades nativas”, oficialmente reconhecidas no alto rio Purus e no rio Curanja.
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10 horas
(6 horas/aula + 4 horas de estudos)
Os participantes do Minicurso HUNI MEKA* terão acesso à:
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Ao se inscrever neste minicurso, além da rica oportunidade de aprendizado, você estará contribuindo diretamente com a arrecadação de recursos para viabilizar a instalação de um Sistema de Energia Solar na Aldeia Xiku Kurumim, localizada em meio à floresta amazônica no Rio Jordão, Acre, onde o professor Ibã Sales vive com sua família. Ibã Sales é uma das lideranças da aldeia Xiku Kurumim e está angariando recursos para a realização deste projeto em sua comunidade.