Foucault desenvolveu uma filosofia “experimental”
e, como projeto crítico, o conceito da filosofia como parrésia. Ao contrário da arqueologia, que serve para
encontrar a episteme e as regras discursivas que formam o conhecimento, a
genealogia analisa a concretização de princípios da reflexão, formas de poder,
modos de subjetivação e as suas interações, para poder fazer uma crítica no
âmbito de uma análise da sociedade atual. Foucault exige uma postura da crítica
que represente a “arte da insubordinação voluntária” e a “indocilidade
refletida”. No jogo da “política da verdade” a crítica teria a “função de desassujeitamento”. Constatando a negligência do apelo ao
Esclarecimento de Kant, Foucault formula o seu programa da análise do poder e
do “nexo de saber-poder”.
Contrariamente a Sartre, Foucault vê-se no papel do “intelectual específico”
que, ao contrário do “intelectual universal”, não apresenta uma determinada
conceção da História universalmente válida e não detém uma verdade universal. A
História é encarada por Foucault como um arquivo de monumentos e eventos.
Embora a filosofia de Foucault não preveja uma tendência de desenvolvimento
predeterminada no sentido de um progresso, como, por exemplo, em Kant,
subjaz-lhe, todavia, a criação da vida humana enquanto indivíduo e na vida
comum em diferentes contextos da responsabilidade humana, sendo,
consequentemente, um projeto da criação humana e emancipação. A sua ética ou
estética do Eu guia-se pelo exemplo da arte. Em Foucault, a
História constitui uma tarefa humana, na qual se trata da criação do mundo, da
comunidade social e do Eu, que pressupõe a liberdade humana. A este
processo Foucault associa a esperança de uma sociedade mais livre, que oferece
ao indivíduo possibilidades de desenvolver um estilo de vida, de tornar a sua
vida uma obra de arte. Partindo do seu teorema da heterotopia, a visão de
futuro de Foucault pode ser designada como heterotopia na
concretização histórica.