5ª Vivência Internacional da Comunidade Caxuté
A ancestralidade Bantu-Indígena: na luta pelo Ubuntu e pelo Bem Viver.
A Comunidade de Terreiro do Campo Bantu-Indígena Caxuté, (re)existe a quase duas décadas e meia em Valença, no Baixo Sul da Bahia. E vem sendo construído a mais de duas décadas sob a liderança da sacerdotisa Afro, Mam ´etu Kafurengá (Mãe Bárbara) inspirando-se no legado da Mam ´etu Kasanji (Mãe Mira). A Comunidade Caxuté, situa-se no povoado de Cajaíba (Valença – BA) e é banhada pelo Rio Graciosa, rodeada pelo manguezal, dendezeiros e pela biodiversidade que pulsa da nossa Mata Atlântica. Assim a ndanji (raiz) Caxuté se “esparrama” pelo mundo através das raízes da frondosa Gameleira de Kitembu.
À aproximadamente 15 anos, a Comunidade Caxuté, tem buscado avançar na busca de estratégias de resistência coletiva, que associem a defesa da ancestralidade e o fortalecimento de iniciativas que superem às injustiças sociais, a discriminação e às desigualdades. Neste sentido, temos construído com a força d@s ancestrais e com o protagonismo do nosso povo, um território de referência na defesa do legado ancestral Bantu-Indígena no interior da Bahia, pois, além de ser um local destinado a celebração dos Nkisi[1] e Caboclos²[2] , também tem se tornado um espaço de resistência popular a partir da Primeira Escola de Religião e Cultura de Matriz Africana do Baixo Sul da Bahia – Escola Caxuté que foi reconhecida com os Prêmios de Culturas Afro-brasileiras oferecido pela Fundação Palmares no ano de 2014 e de Patrimônio da Salvaguarda Cultural concedido pelo IPHAN em 2015, a partir do Museu da Costa do Dendê inaugurado em 2017, através das ações em defesa das mulheres, do povo negro e do legado biocultural nas roças e matas.
Em meio ao cenário em que vivemos em todo o nosso país, sabemos que somente com a união e mobilização dos povos e todos sujeitos que possuem compromisso com a justiça social é que poremos avançar rumo a dias melhores no Brasil. Este ano temos marcos importantes à debater: os 130 anos da lei áurea e seus impactos na vida do povo negro; os direitos efetivados e renegados em 30 anos anos de Constituição Federal, após a redemocratização do país; os 10 anos da Lei 11645/08 que acrescentou o ensino da história e cultura indígena à lei 10639/03 que previa o ensino da história e cultura Afro-Brasileira.
Neste sentido a Comunidade Caxuté junto aos seus parceiros de caminhada pela Agroecologia, Soberania Alimentar, Educação Emancipadora e em Defesa dos Territórios Tradicionais, lançam mais uma atividade do Projeto Viver Terreiros (ações permanentes planejadas pelo Coletivo Koiaki Sakumbi, Escola Caxuté e demais parcerias). Nossa 5ª Vivência Internacional da Comunidade Caxuté, que tem objetivo de mobilizar organizações sociais e às instituições públicas que combatem o racismo e demais desigualdades sociais.
Solicitamos à tod@s coletivos e instituições que nos contactem para realizarmos em seus territórios, às pré-vivências (gira de saberes, inspiradas na pedagogia do Terreiro) como um espaço preparatório e mobilizador para a 5ª Vivência Internacional da Comunidade Caxuté que ocorrerá entre os dias 9 e 11 de agosto de 2018 em Cajaíba, Valença – BA.
E-mail: koiaquiSakumbi@gmail.com
[1] - Ancestrais vinculados a elementos da natureza cultuados nos terreiros de Candomblé oriundos da cultura Bantu (povos com identidade linguística similar oriundos região africana situada a baixo da linha do Equador, de onde foram trazidos os primeiros povos negros escravizados para a América).
[2] - Ancestrais com fortes influências indígenas cultuados inicialmente nos terreiros de Nação Angola.