Em 2018 foi criado o projeto “LINGUAFRO – ensino de idiomas afirmativo”, idealizado no âmbito do NEAB/UFU e do
YALODÊ - GEPLAFRO (COLETIVO DE ESTUDO E PESQUISA EM POÉTICAS AFROLATINOAMERICANAS E
EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS). O projeto surgiu em função do cenário com o qual nos
deparamos ao participar do processo seletivo para atendimento ao Programa Abdias do Nascimento. O "Programa de
Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento" tinha como objetivo propiciar a formação e capacitação de
estudantes autodeclarados pretos, pardos, indígenas e estudantes com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades, com elevada qualificação em universidades, instituições de educação profissional
e tecnológica e centros de pesquisa no Brasil e no exterior. Diante da necessidade de aferir o nível de competência em Línguas Estrangeiras, no
caso do processo seletivo do ano de 2017, em Língua Inglesa, verificamos que os estudantes pretos e pardos não
gozaram, ao longo de sua escolarização, de acesso sólido ao ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e, por isso,
não alcançaram, em sua maioria, maior nível de competência linguística do que aquele alcançado por estudantes que
tivessem cursado o referente ao nível A1 (conhecimentos básicos). Diante disso, o LINGUAFRO – IDIOMAS
AFIRMATIVOS foi criado afim de propiciar aos estudantes pretos e pardos e em situação de vulnerabilidade (atendidos
por políticas de permanência estudantil) acesso ao aprendizado de Língua Inglesa e Língua Espanhola, afim de
potencializar a participação desses estudantes em atividades de pesquisa, programas de mobilidade internacional e
Programas de Pós-graduação. Nesse sentido, O LINGUAFRO pretende contribuir com a formação de futuros quadros
de pesquisadores e docentes pretos e pardos, em diferentes áreas do conhecimento, além de ter se tornado
naturalmente um espaço de acolhimento e organização para os estudantes pretos e pardos. Ao promover o Linguafro,
verificamos que havia uma lacuna na formação dos professores voluntários do projeto, os estudantes não conheciam a
discussão sobre os processos de racialização e desestrangeirização do ensino de línguas e não acessavam em seus
cursos de formação o trabalho de pesquisadores e pesquisadoras negros e negras da área de formação de professores
de língua estrangeira. O LINGUAFRO acaba por constituir-se com um espaço alternativo para a formação de
professores, pois promove o acesso a discussão para a Educação para as Relações Étnico Raciais, a descolonização
do currículo para o ensino de Línguas, a promoção de difusão de representações afirmativas para a população e a
comunidade negra no mundo diaspórico por intermédio doas línguas. Diante do exposto e da experiência com o projeto
é que se justifica a promoção do primeiro LINGUAFRO – FORMAÇÃO DE PROFESSORES, afim de consolidar o
LINGUAFRO com espaço alternativo de formação, capaz de suprir, em certa medida, a lacuna encontrada nos
currículos vigentes no que diz respeito à discussão aqui apresentada.