IV Novembro Negro da PUCPR: o samba como ressignificação intelectual e resistência cultural

online R. Imac. Conceição, 1155 - Curitiba - Paraná - Brasil
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Sobre o evento

O evento “IV Novembro Negro da PUCPR: o samba como ressignificação intelectual e resistência cultural” em parceria com os Programa de pós-graduação Direitos Humanos e Políticas Públicas (PPGDH) e o Programa de pós-graduação em Filosofia (PPGF) tem por objetivo promover um cenário de debates acerca do samba, compreendido geralmente como um gênero musical, como uma produção intelectual que converge a arte, a cultura e também a filosofia. Compreendido como uma gênero musical de origem preta, o samba pode ser considerado como uma continuação de tradições de matriz africana no contexto da diáspora africana existente no Brasil. No proscêncio desse objetivo, há o obetivo maior de promover um espaço de diálogo acerca dos saberes de origem africana com um público-alvo atuante na educação, efetivando, sendo assim, os parâmetros prescritos pelas leis 10.639/03 e 11.645/08 que enfatizam a importância de abordar conteúdos “[...] conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros”. A lei implantada tem como principal objetivo a revisão sobre a participação e o legado da população negra na história brasileira, oportunizando reflexões e ações práticas em torno de uma Educação das Relações Étnico-Raciais. Sua proposição atende à antiga demanda dos movimentos sociais negros e teve como principal intuito problematizar e ressaltar a valorização e as contribuições na construção social, política e cultural dos diferentes grupos sociais que compõem a sociedade brasileira, além de combater as diferentes formas de racismo e de discriminações presentes no ambiente social brasileiro. Aspectos importantes da lei 10.639 é o resgaste das reivindicações que os pesquisadores e ativistas ao longo das últimas décadas têm problematizado sobre a invisibilidade, a ausência e a pouca abordagem no currículo e na formação de professores sobre os conhecimentos produzidos pela comunidade negra, conforme aponta Nilma Lino Gomes:



diversos conhecimentos produzidos pela humanidade que ainda estão ausentes nos currículos e na formação dos professores, como exemplo, o conhecimento produzido pela comunidade negra ao longo da luta pela superação do racismo, o conhecimento produzido pelas mulheres no processo de luta pela igualdade de gênero, o conhecimento produzido pela juventude na vivência da sua condição juvenil, entre outros [...] (GOMES, 2007, p.25).

 

A autora salienta a importância de os movimentos sociais negros indagarem e confrontarem a sociedade como um todo sobre a universalização que tanto impera nos currículos e nos sistemas de ensino. Ela mostra também a importância de os sujeitos políticos serem protagonistas, questionarem os currículos e imprimirem nos agentes que os elaboram a percepção desse novo contexto sócio-histórico em que estamos inseridos, e que os projetos pedagógicos, as políticas educacionais e as diretrizes curriculares precisam se modificar. Os limites de implementação da LDB modificada revelaram nesses decênios o quanto do legado do mito democracia racial está ainda impregnado na história cultural brasileira. Também mostraram o quanto as resistências, pessoais e institucionais, barram o cumprimento da Lei 10.639/03, via de regra sendo aliadas ao baixo compromisso das autoridades municipais e estaduais de educação. Essas resistências resultam na comum falta de compromisso de ressignificar os currículos e os processos de aprendizagem, e também têm por consequência as dificuldades de implementação da lei junto aos profissionais da educação.

No intento de cumprir com esse objetivo, este evento contará com mesas de conferências e um minicurso voltados para o debate sobre o tema. Cada mesa terá como tema um tópico relacionado com o samba compreendido como uma expressão intelectual oriunda das camadas populares brasileiras. Queremos endossar o conceito de Filosofia popular brasileira, presente na contribuição de Luis Antonio Simas, Rafael Hadock-Lobo e Luiz Rufino (2020). Além disso, proporemos uma chamada de comunicações científicas a serem apresentadas oralmente pelos público discente dos cursos de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado tanto interno como externo; como profissionais da Educação Básica.

Em vista disso, propomos um evento no formato semipresencial com duração de dois dias. O formato semipresencial foi escolhido na busca de viabilizar o diálogo com estudantes universitários de outras regiões do Brasil e/ou do exterior. Com a intenção de efetivar o objetivo geral, identificamos a necessidade do estabelecimento de 5 metas especificas interelacionadas entre si, as quais são:


  1. Promover a presença de temáticas étnico-raciais outrora marginalizadas dos meios formais de educação no ambiente acadêmico e na educação básica;
  2. Discutir a relação do samba com os saberes tradicionais de matriz africana;
  3. Debater as motivações histórico-sociais que levaram à marginalização do samba, seja como referência cultural brasileira, seja como horizonte de disseminação de saberes;
  4. Reconhecer o valor intelectual dos saberes populares brasileiros oriundos das camadas sociais menos favorecidas;
  5. Oportunizar momentos de debates entre intelectuais especializados na história da música popular brasileira em relação com a história social brasileira.


Justificativa

Autores como Sodré (1998), Tinhorão (2013; 2018) e Franceschi (2010), indicam em suas obras, “Samba, o dono do corpo”, “Pequena história da Música Popular Brasileira” e “Samba de sambar do Estácio de 1928 a 1931” — respectivamente citadas — que o contexto geográfico no qual o samba teve destaque na cidade do Rio de Janeiro se projetava como uma comunidade composta de diversas comunidades africanas do Brasil. A região portuária da cidade mencionada já foi chamada de “Pequena África”. O local em que havia a Praça Onze, tema de inúmeras composições, também era concebida dessa forma. De acordo com Sodré (1998, p. 16): “Até 1926, segundo Heitor dos Prazeres, a Praça Onze era uma ‘África em miniatura’.”.

   Acreditamos que nesse contexto não floresceram apenas elementos culturais de matriz africana, mas remanesceram também muitos elementos de caráter filosófico, religioso e demais saberes intelectuais. Desde que se tem registros sobre o modo como o samba se colocou no cenário cultural, este movimento cultural foi compreendido como agregador. Acerca disso, comenta Sodré (1998, p. 51):

“No meio natural do samba, todo instrumento podia tornar-se musical: pratos, pentes, latas, caixa de fósforo, chapéus etc. E a organização própria do ritmo não impedia a abertura do processo musical à participação das pessoas, isto é, não separava radicalmente as instâncias da produção e do consumo, permitindo a intervenção de elementos novos, da surpresa, no circuito da festa.”

Muito antes da famosa canção “Casa de Bamba” (1968) de Martinho da Vila, Getúlio Marinho já salientava esse caráter agregador do samba em sua canção “Tentação do samba” (1933). Podemos reconhecer nesse caráter agregador de comunhão a presença do conceito de Ubuntu, conceito que se lança para definir um modo de se situar no mundo a partir de uma compreensão segundo a qual todos os seres que circundam uma “individualidade” são constitutivos dessa “individualidade” e vice-versa. É um conceito que, em certo sentido, anula a noção individualista de individualidade, pois compreender cada ser na sua totalidade. Sobre isso, diz Ramose (2002, p. 330) que Ubuntu prescreve “[...] reconhecimento e respeito mútuos complementado por cuidado e partilha recíprocos.”[1]. Ao não propor nenhum tipo de exclusão, o samba pode ser compreendido como uma experiência que mostra na prática o conceito de Ubuntu.

Outros conceitos oriundos da filosofia africana que podem ser reconhecidos no samba, dialogam com a noção de oralidade — compreendida por Bâ (2010) como “A tradição vida” da África. Neste sentido, Oliveira e Vaz (2023) dissertam sobre como podemos aproximar o samba da oralidade presente em comunidades africanas tradicionais. Em estudo intitulado “Antes de saber para onde vai, é preciso saber quem você é”: tecnologia Griot, Filosofia e Educação”,  o professor Renato Noguera (2019) nos mostra como em comunidades como a do Império Mandinga, onde hoje é o Mali, e a do Império de Gana, atual Gana, a oralidade se fazia presente através de djelis e griots/griottes. De acordo com Noguera (2019), djelis, griottes e gritos tinham a função de promover o que compreendemos por filosofia, bem como críticas sociais e denúncias — feitos intelectuais que encontramos no samba. Fizeram do samba uma reflexão do cotidiano, mais do que transmitir conhecimento; transformaram as dores da realidade brasileira em poemas e rimas que transbordaram beleza e simplicidade do uso da palavra, já em versos: “Samba, agoniza mas não morre, alguém sempre te socorre, antes do suspiro derradeiro", “Basta de clamares inocência”, “Batuque é um privilégio. Ninguém aprende samba no colégio, sambar é chorar de alegria, é sorrir de nostalgia”, Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar. O morro foi feito de samba, de Samba, pra gente sambar”, “E na hora que a televisão brasileira distrai toda gente com a sua novela, é que o Zé põe a boca no mundo, é que faz um discurso profundo”, “Quero assistir ao Sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantarEu quero nascer, quero viver”. 

Estes versos ilustram o conjunto de concepções, práticas do cotidiano que transcendem as questões teóricas e existenciais, mas que transmitem a ancestralidade de todos e todas afro-diaspóricos.



[1] Citação extraída da seguinte tradução: RAMOSE, Mogobe B. A ética do ubuntu. In: https://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/texto16.pdf

Atividades

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Convidados

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Submissões

Na edição desse ano o prazo final para envio de resumos é o dia 07 de outubro de 2024.


Receberemos as propostas exclusivamente pelo e-mail: 


negres.pucpr@gmail.com


Clique aqui para mais informações

Comissão Organizadora

Prof. Dr. Sergio Luis do Nascimento (NDH-PUCPR)

Prof. Dr. Ilzver de Matos Oliveira (UFPA)

Prof. Dr. Abel Ribeiro dos Santos (PUCPR)

Prof. Dr. Iziquiel Antonio Radvanskei (PUCPR)

Me Doutoranda Janaína Souza de Queiroz (PPGF-PUCPR)

Me. Doutorando Jeferson da Costa Vaz (PPGF-PUCPR)

Me. Doutoranda Ana Paula Martins de Souza (PPGF-PUCPR)


Comissão Científica

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Me. Doutoranda Ana Paula Martins de Souza (PUCPR)

Me Douturanda Janaína Souza de Queiroz

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Dr. Geovani Viola Moretto Mendes (PUCPR)

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Dr. Ilzver de Matos Oliveira (UFPA)

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Dra. Megg Rayara Gomes de Oliveira (UFPR)

Dra. Nilma Nilo Gomes (UFMG)

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Dr. Ewerton de Sa Kaviski (PUCPR)

Dra. Nilcemar Nogueira (Museu do Samba)

Dr. Salvio Fernandes de Melo (Unilab)

Dra. Sylvia Helena de Carvalho Arcuri (Secretaria do Estado de Educação do Rio de Janeiro)


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