Na quarta edição do Colóquio de Pesquisa em Design e Arte, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e Centro de Design do Ceará, a comissão organizadora busca promover debates sobre as ações de ativistas e movimentos sociais - suas dinâmicas, potencialidades e controvérsias - em interação com a arte e o design. Diante da ampla exposição proporcionada pelas mídias e redes sociais digitais, a redução dos debates públicos e a trivialização dos impactos da modernidade, torna-se necessário desenvolver novas estratégias criativas e ações em rede para evitar a relativização da gravidade das múltiplas crises que enfrentamos, como as crises ambientais, sociais e econômicas, e compreender plenamente suas implicações em nossa vida cotidiana.
O tema do IV Colóquio de Pesquisa em Design e Arte chama a atenção para práticas políticas concretas e os processos de visibilização e invisibilização que operam em diferentes contextos de sociabilidade, sejam urbanos ou não urbanos. As formas pelas quais as ações dos movimentos sociais e de ativistas se tornam compreensíveis ou são ativamente ignoradas, envolvendo também os debates no campo da arte e do design. Como ponto de encontro, às capacidades de produzir o dissenso - como dimensão própria da política - para fazer com que as demandas de diferentes ganhem voz, tornando-se assim inteligíveis. Nosso interesse é relacionar cultura e ação política e por esse viés refletir como a arte e o design podem atuar nos embates e debates sobre os direitos dos humanos e dos não humanos; os quais têm sido flagrantemente renegociados e derrubados nas esferas pública e política.
Partimos de uma concepção ampla do que são os movimentos sociais - ações coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam distintas formas de coletivos e indivíduos se identificarem, se organizarem e expressarem suas demandas. Olhamos para a diversidade das ações políticas que associam atores humanos e não humanos: a luta pela Reforma Agrária, os movimentos e iniciativas comunitárias, os múltiplos feminismos, a luta antirracista, os movimento em defesa dos direitos da Terra, a luta dos povos tradicionais e originários, movimentos pelo direito à Educação, Movimento pela democratização das cidades, movimentos LGBTQIA+ e muitas outras formas de ações políticas autônomas que partem e partilham uma existência comum. Nosso objetivo é compreender como as lutas por justiça social são configuradas e reconfiguradas constantemente e como essas lutas encontram expressão por meio de diversas formas de linguagem, mídia e plataformas. Nesse contexto, buscamos compreender como os discursos e processos da arte e do design se relacionam com as narrativas dos ativistas e as estratégias coletivas de mobilização.
O IV Colóquio de Pesquisa em Design e Arte se apresenta como oportunidade para a reflexão sobre as potencialidades de agência política da arte e do design, considerando a heterogeneidade de contextos e interações proporcionados pelos movimentos e ações sociais.
São três os eixos que norteiam a proposta do evento:
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Eixo 01: Design, arte e outros modos de ação política Esse eixo tem como foco as práticas que se formam a partir de agenciamentos acionados pelas produções de artistas e designers e as mudanças sociais produzidas por meio de suas práticas. Como e onde o ativismo, o design e a arte se cruzam na produção, crítica e expansão dos debates políticos na atualidade, colocando em destaque como artistas e designers, fazendo uso de diferentes mídias e linguagens, possibilitam a visualização e sensibilização para questões políticas complexas, bem como criar espaços de diálogo e troca de práticas e saberes.
Eixo 02: Materialidades e performatividades das ações coletivas
Este eixo tem como foco as escolhas formais feitas pelos movimentos no desenho de ações coletivas. Como os grupos de ativistas deram sua própria cara às táticas mobilizadas, dramatizando-as de formas distintas e configurando diferentes estilos de ativismo. Considera-se um portfólio de técnicas e práticas já experimentadas que possuem legitimidade social e política: marchas, ocupações, gritos de ordem, mística etc., bem como novos repertórios de ação coletiva, novas formas de organizar, mobilizar apoio e expressar demandas.
Eixo 03: Ativismos disruptivos e tecnologias emergentes
Este eixo tem como foco a emergência de novas formas de ações sociais plurais e descentralizadas, atreladas e/ou possibilitadas a partir de tecnologias digitais. Considera-se como estas transformações reconfiguram o espaço sociopolítico contemporâneo e relocalizam os movimentos sociais como agentes públicos que engajam processos, pessoas e poéticas em torno de resistência e re-existência de grupos sociais e comunidades; movimentos transnacionais, que na era da globalização, ganham relevância mediante dinâmicas de ação coletiva envolvendo movimentos que atuam em diversos países.