RESÍDUOS DO AMOR CORTÊS EM A MORENINHA, DE JOAQUIM MANUEL DE MACEDO
Francisco Henrique Oliveira Moura
Sabemos
que o amor é uma prática que remonta de gerações e gerações. Apesar de
estudiosos afirmarem que é uma criação do século XII, não significa dizer que
até o século mencionado ninguém amava ou que não existia amor. Porém, a maneira
como o amor foi representado na literatura, na cultura e no imaginário coletivo
sofreu uma inflexão importante no século XII, inflexão esta que até os dias
atuais determina a maneira como vemos o amor, a ideia do amor romântico, que
remonta a uma tradição que encontramos no século XII – o amor cortês. Com todo este ideal, analisaremos e
aplicaremos os estudos da Teoria da Residualidade, formulada por Roberto Pontes
(1999), em A Moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo, buscando encontrar resíduos do amor medieval que foi criado
no século XII com o Trovadorismo e todo o ideal de amor relacionado à época. O
romance A Moreninha é uma obra de
forte apelo popular que marca o início do Romantismo Brasileiro, que ainda
estava a caminhar durante a época. O romance representa os hábitos de uma
juventude burguesa e carioca, abordando a realidade da época. Nosso objeto
geral é encontrar resíduos do amor medieval na obra já citada, que remonta ao
sofrimento amoroso presente no Trovadorismo e representado nas cantigas de
amigo e amor. O sofrimento da mulher, que é retratado em alguns capítulos do
romance, nos faz voltar à época do jogo do amor, da distinção de classes, da
visão dúbia sobre o amor na obra, isto é, aos tempos medievais, trazendo à tona
o amor cortês.
Palavras-chave: Residualidade. Amor cortês. A Moreninha.
RESÍDUOS BARROCOS NO ROMANCE INOCÊNCIA, DE VISCONDE DE TAUNAY
Maria Eduarda Costa Alves
Jefferson Paiva Brito
Jéssica
Thais Loiola Soares
No
presente artigo trataremos a respeito das características do Barroco
encontradas na obra do romancista Visconde de Taunay, Inocência, numa análise em que abordaremos as características do
Barroco hibridizadas com as do Romantismo, considerado por muitos autores como
o primeiro estilo literário que o nosso país vivenciou efetivamente e com
consciência nacional. Para realizar este trabalho, usaremos a Teoria da
Residualidade, sistematizada por Roberto Pontes (1999), e procuraremos mostrar
os resíduos do Barroco junto a elementos do próprio estilo literário em que o
livro foi escrito, fazendo uma interrelação com o Romantismo existente na obra.
No decorrer deste trabalho, analisaremos o romance em questão e mostraremos os
resíduos de um estilo anterior presente em outro que o sucedeu quase dois
séculos depois, o que comprova que as culturas e, especificamente, as
literaturas, mesclam-se umas com as outras, influenciando-se mutuamente.
Palavras-chave: Residualidade. Barroco. Romantismo.
RESÍDUOS
DO NATURALISMO EM O QUINZE, DE RACHEL
DE QUEIROZ
Ana
Raquel Alves da Silva
Jéssica
Thais Loiola Soares
O romance O Quinze, de Rachel de Queiroz, faz parte da segunda geração
modernista e tem como referência a grande seca de 1915, representando a miséria
e a marca da desigualdade social que se fez presente no período em questão. Na
obra mencionada, é nítida a presença de elementos característicos do
Naturalismo no Brasil, a saber: problemas da realidade social, descrição
minuciosa da miséria e do ambiente, determinismo, representação objetiva da
realidade, características essas que compõem a sociedade e as obras
naturalistas no final do século XIX. Neste artigo, buscaremos encontrar tais
elementos do Naturalismo em O Quinze,
tomando como base a Teoria da Residualidade, formulada por Roberto Pontes
(1999), segundo a qual em toda cultura há elementos remanescentes de tempos e
espaços anteriores. A referida teoria trabalha com os seguintes conceitos
operacionais: resíduo, mentalidade, imaginário, hibridação cultural e
cristalização, a fim de apontar e explicar a relação existente entre culturas
distantes no tempo e no espaço. Assim, a partir da presença de constantes
resíduos do Naturalismo, veremos que os períodos literários não são
completamente independentes, mas que podem possuir relações uns com os outros
independentemente do tempo e do espaço.
Palavras-chave: Residualidade. Naturalismo. O Quinze.
A
CRISTALIZAÇÃO DO DETERMINISMO NATURALISTA NAS REPRESENTAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DAS
“FAVELAS”
Andreza
Pinto Pessoa
Maria Marly Cruz Gomes Pinto
Jéssica
Thais Loiola Soares
Analisando a obra naturalista O Cortiço, de Aluísio Azevedo,
percebe-se, de modo claro e evidente, que a teoria determinista de Hipollite
Taine foi utilizada para embasamento do referido enredo, que demonstra a
corrupção do homem pelo meio. A narrativa mostra os tipos sociais dos moradores
de um cortiço e como a vivência naquele lugar afeta o caráter dos indivíduos
presentes na trama, o que é existente nas representações cinematográficas e
musicais contemporâneas das chamadas “favelas”, que nada mais são do que uma
evolução das estalagens de pouco espaço e superlotação, como foi descrito o
cortiço São Romão. Portanto, o presente estudo tem como objetivo demonstrar
como as características do determinismo, presentes em O Cortiço, cristalizaram-se através dos tempos e continuam
presentes nas atuais periferias brasileiras, tendo como resultado esperado
comprovar os aspectos cristalizados na parcela marginalizada da sociedade que
se encontra nos morros e nas comunidades, principalmente no estado do Rio de
Janeiro. Para isso, serão utilizadas como referenciais teóricos a Teoria
Determinista, de Taine, e a Teoria da Residualidade, de Roberto Pontes, além da
análise do livro mencionado, comparado a filmes e músicas atuais que
representam a realidade nas periferias.
Palavras-chave:
Residualidade. Cristalização. Determinismo. Periferias.
RESÍDUOS
DA MENTALIDADE CAPITALISTA DO SÉCULO XIX EM ENSAIO
SOBRE A CEGUEIRA, DE JOSÉ SARAMAGO
Maria
Andreza Aleixo dos Santos
Vilmara
Brito Costa
Jéssica
Thais Loiola Soares
A obra Ensaio sobre a Cegueira,
do escritor português José Saramago, faz uma crítica às pessoas que só pensam
no próprio bem-estar e utilizam-se da injustiça social para permanecerem no
auge. Considerando tal contexto, este artigo propõe algumas reflexões sobre os
resíduos da mentalidade capitalista, fazendo um paralelo com o livro mencionado,
no qual o autor representa a realidade dos centros urbanos e como as pessoas se
portam após o desenvolvimento tecnológico e suas expansões. Desse modo,
pretendemos caracterizar a sociedade apresentada na obra como desumana,
ambiciosa e cruel. Assim, os resíduos capitalistas do século XIX perpassam por
tais representações e podem ser encontrados de forma notória no enredo em
questão. Para realizarmos essa pesquisa, tomaremos como base a Teoria da Residualidade (PONTES, 1999), que
possibilita identificarmos e compreendermos o modo de pensar de um espaço e
tempo anterior que estão presentes num texto e contexto atuais. A Teoria da Residualidade dispõe dos seguintes
conceitos: resíduo, mentalidade,
imaginário, endoculturação, hibridação cultural e cristalização.
Tais conceitos salientam elementos que ultrapassam os tempos, permanecendo
vivos na construção de novas ideias e culturas. Ao final, ilustraremos o
percurso da sociedade que, ao longo do tempo, passou por diversas
transformações significativas no processo da modernidade, mas, ao mesmo tempo,
cooperou com o crescimento de alguns e exploração de outros. Assim, foi
possível fazer um paralelo entre a mentalidade capitalista do século XIX e seus
resíduos no romance Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago.
Palavras-chave:
Saramago. Capitalismo. Resíduo.
A
MENTALIDADE DO HOMEM PÓS-MODERNO EM ENSAIO
SOBRE A CEGUEIRA, DE JOSÉ SARAMAGO
Gabriela
Marinho de Sousa
Carlos Augusto Marinho de Sousa
Jéssica
Thais Loiola Soares
Desde o advento da modernidade,
tendo como apogeu o século XIX, o individualismo tem sido predominante na vida
social. Antes mesmo desse período, as pessoas já eram individualistas, porém,
não podiam seguir suas próprias vontades, pois eram guiadas primordialmente
pela Igreja. Em meados do século XX isso se intensificou, pois houve a fragmentação
do indivíduo, a necessidade do ser se dividir em vários “eu”, como Fernando
Pessoa e seus vários heterônimos. Nesse sentido, procuraremos encontrar
elementos da mentalidade pós-moderna na obra Ensaio Sobre a Cegueira (1995), de José Saramago, especialmente no
que tange ao individualismo. Para tanto, tomaremos como base a Teoria da
Residualidade, de Roberto Pontes, que trabalha com os seguintes conceitos:
resíduo, mentalidade, imaginário, hibridação cultural e cristalização. Dentre
esses, pautar-nos-emos, sobretudo, na mentalidade, que diz respeito ao modo de
pensar, sentir e enxergar o mundo. Em sua obra, Saramago evidencia o
individualismo extremo, em que até a própria individualidade se perde, uma vez
que as personagens não são identificadas por nomes, e sim por suas características
e respectivas profissões. É, então, a mentalidade individualista pós-moderna
que procuraremos evidenciar em Ensaio
Sobre a Cegueira.
Palavras-chave:
Pós-modernidade. Mentalidade. Residualidade.
RESÍDUOS DA ESCOLA AUTORITÁRIA
PRESENTES NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA ATUALIDADE
Maria Eduarda Costa Alves
Isabel Agostinho Silva
Jéssica
Thais Loiola Soares
No
presente trabalho, trataremos sobre os resíduos do primeiro sistema educacional
presentes nas escolas da atualidade. Tomaremos como base a Teoria da
Residualidade (PONTES, 1999), segundo a qual nada é original. Levando essa
teoria para o âmbito escolar, podemos perceber que, por mais que o ensino não
seja tão tradicional e autoritário como era antes, as atuais escolas descendem
desse sistema e carregam ainda um pouco dos métodos de ensino primitivos. Para
tanto, fizemos uma entrevista com um diretor escolar, coletando dados que nos
proporcionaram a realização deste trabalho. Em nossa pesquisa, notamos que as
palavras “disciplina” e “autoritarismo”, em sala de aula, teoricamente podem
transformar-se em atos distintos, mas não na prática, pois ainda existem professores
que praticam punições ofensivas. Embora não haja mais agressão física como
método de ensino, as punições ofensivas têm-se mantido residualmente. Baseando-se
em Dermeval Saviani, Establet-Baudelot e Roberto Pontes, podemos verificar a
presença desses resíduos em alguns métodos educacionais atuais.
Palavras-chave: Residualidade. Educação.
Escola.
TRADIÇÃO E RUPTURA EM MEMORIAL DE MARIA MOURA: UMA ANÁLISE
RESIDUAL
Cídia Maiara Teixeira Sousa
Jéssica
Thais Loiola Soares
Memorial de Maria Moura, romance de Rachel de Queiroz
publicado em 1992, é pertencente à segunda fase do Modernismo brasileiro. O
livro tem como protagonista a enigmática Maria Moura, personagem em torno da
qual a trama é desenvolvida. A obra regionalista é ambientada no sertão
nordestino e apresenta elementos pertencentes à outra época, conhecida
popularmente como Idade Média. Portanto, com base na Teoria da Residualidade,
desenvolvida por Roberto Pontes (1999), procura-se mostrar os resíduos
medievais contidos na obra. Além disso, o referido trabalho propõe-se a
analisar a protagonista do romance, a fim de compreender seu caráter
transgressor, o que contrasta com o comportamento feminino apresentado na
época. Para tanto, por meio da análise das personagens e relações sociais e
culturais predominantes no enredo, busca-se compreender de que maneira os
elementos medievais se manifestam no livro. A abordagem é feita através da
observação da adaptação sofrida pelo resíduo medieval e a importância dessa
remanescência para a compreensão da obra. Dessa forma, com a realização de
leituras teóricas acerca da Teoria da Residualidade, aliada à análise cuidadosa
do livro, constata-se que Memorial de
Maria Moura reflete uma sociedade com modos de pensar, sentir, agir e viver
semelhantes aos mesmos encontrados em povos de épocas medievais.
Palavras-chave: Residualidade. Idade Média.
Regionalismo.