A ciência nasceu da curiosidade, organizada em seguida em métodos de
investigação. Primeiro veio o senso comum, seguido do mito, das religiões, e se
concluiu com a ciência, na tarefa de explicar o mundo, suas causas e formas de
intervenção. Mesmo coexistindo até hoje, esses saberes têm suas fronteiras e
“métodos” bem definidos. O conhecimento científico produzido pelas
universidades e institutos de pesquisa passaram a protagonizar o mundo moderno
ao transformar radicalmente nossa vida com técnicas e tecnologias inovadoras orientadas para o bem-estar humano. Com essa onda, os saberes empíricos,
baseados na experiência e na observação, foram em certa medida escanteados.
Contudo, os saberes de senso comum, embora não sistematizados,
são talvez aqueles que mais guiem cotidianamente nossas práticas, sendo a escuta sensível indissociável ao fazer científico orientado pela perspectiva freireana.
Nessa direção, o II Simpósio de Linguagens e Letramentos tem como objetivo inserir os participantes das comunidades de pescadores e pescadoras na discussão e reflexão crítica dos seus saberes práticos sobre a pesca artesanal, acumulados a partir de suas experiências no percurso de toda uma vida.
A importância desta atividade reflexiva reside no fato de que cabe às comunidades de pescadores as iniciativas de manutenção e defesa de suas práticas em todos os campos, com destaque às práticas de autonomia e incidência política, daí a necessidade de ordenar e valorizar os saberes para manter a pesca artesanal assegurada em bases sólidas frente às dificuldades, mas também frente às oportunidades e potencialidades.