As crises capitalistas têm promovido intensas mudanças no
mundo do trabalho, na sociabilidade humana e nas condições de vida das classes
que vivem do trabalho. Essas crises buscam estratégias para otimizar o capital
e os lucros. A acumulação flexível emerge como alternativa a partir dos anos
70, com a flexibilização das relações de trabalho, destruição dos direitos sociais,
terceirização dos serviços, entre outros.
A pandemia da Covid-19 vivenciada no mundo inteiro, entre os
anos 2020 e 2021, exacerbou a crise econômica, política e social já presentes
nas sociedades capitalistas. No Brasil, país marcado pelo ideário neoliberal e
historicamente caracterizado por altos níveis de desigualdade e pobreza,
observou-se uma situação ainda mais grave. O Estado Brasileiro não reconheceu a
gravidade da doença, com questionamentos sobre a validade da ciência e
efetividade das vacinas, levando à morte mais de 700 mil pessoas.
A população mais atingida foi a classe trabalhadora em
situação de mercado formal, informal ou desemprego, especialmente marcada pelas
precárias condições de vida e vulnerabilidade, agravadas pelos marcadores de
gênero, etnia, raça, orientação sexual, ou situação geracional.
Considerando esses elementos o II Seminário da Saúde do Trabalhador propõe uma
publicização dos resultados das investigações, que vem sendo materializadas
pelo Laboratório de Pesquisa LABPROSOCIAL/CNPQ, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar Stricto sensu em
Promoção da Saúde da Universidade de Franca. Os estudos são frutos de pesquisas
regulares da Fapesp, além de mestrados e doutorados financiados pela CAPES, com
a intencionalidade de desvelar as condições objetivas e subjetivas de trabalho
no SUAS e no SUS. Esses trabalhadores são
essenciais na garantia de direitos e na proteção social dos usuários e foram
fundamentais no enfrentamento da Pandemia da Covid-19.
O seminário chama atenção do Estado e da sociedade civil em geral sobre
a centralidade do trabalho e as Reformas do Estado, que vem dilapidando os
direitos tão duramente conquistados. Os trabalhadores do SUAS e do SUAS
constroem no seu cotidiano uma história de protagonismo, pois lutam pelos
direitos humanos e ainda resistem às contrarreformas do Estado, que promovem no
cotidiano desses trabalhadores, a precarização, o desgaste e estresse. Nesse sentido é preciso resistir e lutar contra essas reformas, por melhores condições de trabalho e de saúde para todos os trabalhadores do SUAS e do SUS.
Sejam todos bem-vindos para aprofundarmos esse debate!
Profa. Dra. Regina Célia de
Souza Beretta
Coordenadora do LABPROSOCIAL
Coordenadora do II Seminário da Saúde do Trabalhador do SUAS e do SUS
Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde
Universidade de Franca