A citação direta que abre o título da segunda edição de nossa Jornada de estudos em História e Literatura (JEHISLIT), “A língua é minha pátria”, é uma referência à canção Língua, de Caetano Veloso, que, por sua vez, dialoga com O Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. Veloso, cantor e compositor brasileiro, recupera a tônica portuguesa irrompendo a possibilidade de habitar não um país enquanto compositor, mas uma língua. Quando observamos essa sentença, percebemos seu caráter ambíguo, isto é, a língua como possibilidade de união dos países falantes de língua portuguesa e a língua enquanto herança da violência colonial, imposição indissociável do nosso passado em comum.
Nesse aspecto, pensar a literatura é pensar um modo de (re)formular a língua, de dar corpo a coletividades e individualidades, de visualizar contrastes que, em virtude dos processos diaspóricos, derivados de regimes autoritários e de práticas colonizadoras, têm tornado-se cada vez mais difíceis. A conquista de autonomia dos países que sobreviveram a esses processos evoca, nesta II JEHISLIT, a necessidade de uma série de reflexões que (re)pensem os processos coloniais – genuinamente desvelados pela forma literária –, ressignificando, cada qual ao seu modo, a nossa complexa relação com esse passado histórico, em um importante movimento de recuperação e compreensão das violências que foram perpetradas pelo colonialismo, das quais os ecos podem, ainda, serem facilmente identificados em nossa vida social, política, econômica e cultural.
A partir dessa leitura, a “II Jornada de Estudos em História e Literatura - A língua é minha pátria: narrativas que constroem identidades nacionais” foi arquitetada de modo a refletir acerca das múltiplas concepções de nação e nacionalismo a partir das mais diversas formulações do imaginário, em geral, e do objeto literário, em específico, evidenciando os modos como a territorialidade linguística vincula-se à esses processos e as formas como podemos vencer preconceitos que tornem determinadas manifestações estéticas diminutas frente a outras. É tempo de celebrar a pluralidade, tornar as margens centro e, principalmente, fazer dos diálogos entre a Literatura e a História pontes de construção desse novo tempo. Por isso, é com alegria que propomos a realização deste encontro, a fim de reunir estudiosos de todo o Brasil interessados em (re)pensar coletivamente a nossa própria identidade. As atividades ocorrerão entre os dias 24 e 27 de março de 2025, contando com palestras, minicursos, simpósios e mesas temáticas. Todas as atividades serão certificadas e gratuitas.
CADERNO DE PROGRAMAÇÃO COMPLETO
CADERNO DE ATIVIDADES 25 DE MARÇO