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Com transmissão online
Um dos grandes desafios de nossa conjuntura dentro da psicologia histórico-cultural é construir um conhecimento coeso que articule as relações raciais ao desenvolvimento psicológico. O racismo, como um dos principais pilares da sociedade capitalista, produz efeitos tanto objetivos quanto subjetivos, moldando nossas vidas de forma profunda.
Com isso, este evento tem como objetivo principal promover espaço para trocas das sínteses provisórias entre marxismo, relações raciais e psicologia, de forma a provocar pesquisadores da pós-graduação a incluírem as relações raciais em suas pesquisas e instrumentalizar estudantes da graduação que tenham interesse sobre o tema.
CARTA MANIFESTO
A conjuntura atual nos impõe grandes desafios. A necessidade de reorganização da acumulação de capital tem intensificado a superexploração da classe trabalhadora, em especial de sua parcela negra – que constitui a maioria da população brasileira.
A Psicologia não está alheia a esse processo histórico. Ela pode se tornar instrumento de avanço do capital, contribuindo para a drenagem vital da humanidade e da natureza, ou, ao contrário, ser uma ferramenta de resistência a essa destruição.
O racismo é um dos pilares centrais da exploração e da expropriação exercidas pelas classes dominantes. Além de servir como justificativa ideológica para a superexploração, cumpre a função estratégica de fragmentar e impedir uma ação coletiva da maioria que sofre sob este sistema.
Embora a produção de conhecimento sobre a questão racial na Psicologia tenha crescido, ela ainda é insuficiente diante da urgência da situação. Esse quadro se torna ainda mais grave no campo da Psicologia Histórico-Cultural. O projeto de Vigotski de construir uma Psicologia verdadeiramente concreta parece ter sido esvaziado, e em seu lugar permanecem leituras excessivamente abstratas do desenvolvimento humano, incapazes de se conectar às determinações centrais da realidade brasileira.
Marx nos lembra que “o concreto é concreto por ser uma síntese de muitas determinações” (2008, p. 208). É justamente essa unidade do diverso que deve orientar nossas análises. No nosso caso, o ponto de partida deve ser a subjetividade – ou consciência social – brasileira, que carrega em si a história econômica, política e ideológica do país. Para compreender essa totalidade, é preciso operar abstrações rigorosas, e isso implica enfrentar de maneira central os problemas do colonialismo, da raça e do capitalismo dependente. Só assim poderemos retornar ao concreto de forma mais elevada e avançar rumo a uma compreensão verdadeiramente crítica do desenvolvimento psicológico da população brasileira.
É nesse horizonte que se insere o evento que propomos: divulgar algumas sínteses já produzidas, promover o debate coletivo de conceitos, teorias e fundamentos sobre a relação entre relações raciais e Psicologia Histórico-Cultural, e oferecer caminhos introdutórios para pesquisas futuras. Reconhecemos a relevância de outras abordagens – psicanálise, esquizoanálise, TCC e tantas mais – que têm dado grande contribuição ao debate. Mas afirmamos que a Psicologia Histórico-Cultural, fundamentada no materialismo histórico-dialético, possui instrumentos teóricos e metodológicos singulares para potencializar uma práxis antirracista na Psicologia.
É PRECISO RESGATAR O MARXISMO DAS MÃOS DO IDENTITARISMO BRANCO!
APOIO
Departamento de Psicologia UFSCAR
Curso de Psicologia UFSCAR
Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação no Campo - GEPEC UFSCAR
Centro de Educação e Ciências Humanas - CECH UFSCAR
