O EVENTO
O I Encontro de Filosofia da Psicologia tem como objetivo fortalecer o diálogo entre Filosofia, Psicologia, História, Ética e Política, promovendo debates sobre os fundamentos, os limites e as consequências do conhecimento psicológico – reflexões comumente negligenciadas ou tratadas superficialmente. Com isso, o evento busca criar um espaço de reflexão crítica, promovendo um encontro entre filósofos, psicólogos, historiadores, estudiosos da ética e da política, bem como demais interessados na construção de um pensamento interdisciplinar.
O evento será realizado de forma híbrida, com palestras e apresentações de trabalhos tanto presenciais quanto remotas. Nos dias 1 e 3 de outubro, as atividades ocorrerão presencialmente, enquanto no dia 2 serão realizadas online.
Chamada
Até o século XVIII, segundo muitos intérpretes ligados às tradições do século XIX, devido à falta de noções quantitativas e de um projeto independente da metafísica, a Psicologia é considerada como pertencente a um período “pré-científico” ou “filosófico” (Vidal, 2005, p. 49). Projetos de psicologias que adotavam o modelo empírico, utilizando instrumentos e métodos das ciências naturais, consideradas “bem-sucedidas”, ganhavam cada vez mais notoriedade. Cresciam os projetos próximos às ciências da natureza e distantes das investigações filosóficas, a despeito do fato de que figuras como o próprio Wilhelm Wundt, um dos nomes proeminentes da Psicologia Científica, dialogava profundamente com a Filosofia (a ponto de ligar seu projeto psicológico a uma Weltaunschauung, uma “visão de mundo”). No entanto, como observa Saulo Freitas Araujo e diversos outros pesquisadores, essa relação foi progressivamente esvaziada ao longo do século XX: na formação em Psicologia, o contato com a Filosofia é, quando acontece, caricatural, e “(...) o psicólogo contemporâneo perde de vista as dificuldades e os problemas teórico-conceituais envolvidos tanto na pesquisa quanto na prática profissional” (Araujo, 2018, p. 17).
Essa ausência de relação não implica apenas a perda de um campo auxiliar de reflexão, mas a dificuldade de problematizar a própria Psicologia a partir de uma perspectiva epistemológica e filosófica, histórica, política e ética. De modo recorrente, a Filosofia é resgatada pelas ciências (incluso a Psicologia) em momentos de crise ou funcionando como um recurso temporário, um acessório que ora se mostra útil, ora é descartado. Contudo, a questão não se limita a incorporar a Filosofia como uma simples ferramenta para os psicólogos – afinal, algumas abordagens já recorrem a distintas perspectivas filosóficas –, mas sim em pensar filosoficamente a própria Psicologia.
Exemplos desse pensar filosófico dizem respeito às discussões como a da cientificidade da psicologia, a relação entre seus conceitos, métodos e objetos, a delimitação de sua especificidade diante das outras ciências e da filosofia e as constantes polêmicas em torno das “ciências humanas” e “naturais”. Além disso, emergem diversas questões sobre as implicações éticas da psicologia, os valores que orientam sua aplicação e as relações entre as diversas abordagens e a sociedade. Como essa disciplina pode ou deve ser empregada? A atuação psicológica está vinculada a determinados interesses ou valores? Quem ou quais critérios decidem sobre sua atuação? Ou então, como questiona Carl Rogers (2009, p. 429-443), caso um grupo ou indivíduo adquirisse um conhecimento final sobre a psicologia e o controle sobre sua utilização, quais consequências ocorreriam? Além disso, num momento em que retornam debates sobre pseudociência e práticas baseadas em evidência, torna-se essencial perguntar: quem ou quais critérios determinam a verdade e a autoridade científica?
REFERÊNCIAS
ROGERS, Carl. R. (1961). Tornar-se pessoa. SP: Editora WMF Martins Fontes, 6ª ed., 2009.
VIDAL, Fernando. “A mais útil de todas as ciências”. Configurações da psicologia desde o Renascimento tardio até o fim do Iluminismo. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur Arruda Leal e PORTUGAL, Francisco T. (Orgs). História da Psicologia: Rumos e Percursos. RJ: Nau, 2005.
WUNDT, Wilhelm. A fundamentação da psicologia científica. Organização, tradução, introdução e notas Saulo de Freitas Araujo. SP: Hogrefe, 1ª ed., 2018.
Comissão Organizadora
Wellynton Nardes de Bairros - UFPR
Marcio Luiz Miotto - UTFPR
Lourenço Luciano Carneiro Filho - UFPR
Daniel Monteiro Nunes dos Santos - UFPR
Allisson Morona de Faveri - UFPRC
Cesar Gabriel Alves Duarte Reis - UFPR
Barbara Endy Pinheiro - UFPR
Caroline Pofahl Lima - UFPR
Leonardo Silveira Maika de Oliveira - UFPR
Evento organizado pela
Universidade Federal do Paraná - Departamento de Psicologia e de Filosofia
Universidade Tecnológica do Paraná
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⚠️ AVISO IMPORTANTE – Inscrição nas Palestras (Público Presencial)
A inscrição geral no evento não garante vaga nas palestras.
Cada palestra possui limite de 100 lugares e, para participar, é necessário realizar a inscrição individual em cada palestra de interesse.
Recomendamos que os participantes façam suas inscrições o quanto antes, para assegurar a participação nas sessões desejadas.
Agradecemos sua atenção, compreensão e colaboração.
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