1 - Humanidades Digitais e Educação
Autores
Viviane Toraci Alonso de Andrade, Jessika Wanessa
dos Santos Miranda
Palavras-Chave
Práticas pedagógicas; Materiais didáticos; Escola;
Educação não-formal.
Resumo
Encontramos
nos processos educativos um fértil campo para as gambiarras digitais, exigindo
a todo tempo a "recombinação e reapropriação de materiais, visando superar
situações de carência de recursos através da abundância de criatividade".
Por isso, o eixo temático Humanidades Digitais e Educação propõe pensar
coletivamente as conexões entre as Humanidades Digitais, novos processos de
produção de conhecimento e formas de inserção das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDIC) em atividades de ensino-aprendizagem.
Defendemos que ao mudar as formas de produzir conhecimentos – agora com uso
intensivo de tecnologias digitais – são alterados também como estes
conhecimentos são transpostos e reinterpretados em processos formais e não-formais
de educação.
Assim,
este eixo temático tem como objetivo localizar as contribuições dos princípios
das Humanidades Digitais para processos de ensino-aprendizagem. Deslocamos a
discussão do âmbito das inovações advindas no campo da produção de novos conhecimentos
a partir da aplicação de hardwares, softwares e linguagens computacionais
para um outro espaço, o campo educacional, que também quer atravessar a difícil
barreira do tradicionalismo.
Já
encontramos um debate intenso relacionado à inserção das Tecnologias Digitais
de Informação e Comunicação nos processos de ensino-aprendizagem. As discussões
foram ainda mais intensificadas no período de isolamento social exigido pela
pandemia de Covid-19, quando as escolas foram fechadas para atividades
presenciais e rapidamente foi necessário implementar ações de ensino remoto. No
Brasil, desde a década de 1980, o Governo Federal investe em pesquisas e
programas para prover infraestrutura de rede nas escolas públicas, formação de
professores e desenvolvimento de objetos educacionais digitais. São exemplos
destas políticas educacionais a inserção no Programa Nacional do Livro e do
Material Didático a solicitação de “recursos digitais” e a forte presença de
Competências e Habilidades relacionadas ao uso das linguagens digitais
integrando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para todos os níveis
educacionais. No rol de dez Competências Gerais para a Educação Básica, a
quinta competência é dedicada ao tema, trazendo a seguinte redação:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação
de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar
informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo
e autoria na vida pessoal e coletiva (BRASIL, 2018).
Seja no âmbito da escola ou em espaços não-formais,
queremos ressaltar a diferença entre ser consumidor de dados e ser produtor de
conhecimentos. Propomos pensar práticas pedagógicas e materiais didáticos
capazes de estimular um posicionamento ativo na produção e circulação de
conhecimentos como estratégia de disputa do espaço público de forma a
participar de e influenciar instâncias de decisão. É o salto que propomos ao
pensar que para além da inserção de produtos digitais na educação (entre
hardwares, softwares, plataformas e objetos educacionais digitais), precisamos
pensar em como inserir as Humanidades Digitais na Educação, refletindo como
suas metodologias poderão representar um salto qualitativo para o ensino de uma
geração que não conhecerá formas de acessar e manipular informações, assim como
gerar conhecimento novo, que não passem pelos ambientes digitais.
Buscamos neste eixo temático propostas que possam
contribuir para os debates, podendo ser:
• Relatos de experiências pedagógicas condizentes com os
princípios das Humanidades Digitais;
• Apresentação de materiais didáticos baseados nos
princípios das Humanidades Digitais;
• Propostas de atividades pedagógicas e materiais
didáticos com uso das Tecnologias Digitais;
• Análises curriculares que revelem possibilidades da
interrelação entre Humanidades Digitais e Educação;
• Análises teóricas acerca das possibilidades de
interrelação entre Humanidades Digitais e Educação.
2
- Emoções, Tecnologia e Humanidades
Autores
Rodrigo De Souza Tavares, Jordi Vallverdú
Palavras-Chave
Emotions, Technology, Digital Humanities.
Resumo
Este eixo temático tem como objetivo discutir as
projeções e conexões das emoções com o mundo digital. O mundo digital é ao
mesmo tempo real, estendido, aumentado ou misto, sendo resultado de interações
entre diferentes tipos de agentes (humanos,
chatbots, robôs virtuais ou digitais, sistemas de IA etc.). As emoções são
uma parte central da experiência de vida porque estão intrinsecamente
associadas às nossas ações, motivação e fazem parte do núcleo da natureza
humana. Mas desde que o processo de digitalização da cultura começou, a
digitalização da experiência emocional tornou-se uma das fronteiras mais
complexas para as tecnologias digitais e a compreensão humana. Como podemos
traduzir esses tipos incorporados de cognição para o meio etéreo do código
binário? Por outro lado, quais são os impactos das tecnologias digitais na
vivência das emoções? As máquinas podem aprender, expressar e sentir emoções?
Como as emoções paleolíticas podem se encaixar nas tecnologias do século 21? E,
finalmente, indo um passo além: como a IA, os robôs e os sistemas de computador
podem modificar as esferas emocionais naturais? Essas são algumas questões que
precisam ser abordadas considerando a disseminação de emoções nos espaços
virtuais.
Neste eixo temático acolheremos trabalhos sobre os
seguintes assuntos, não excluindo outros que possam ser vistos como
pertinentes: Análise de sentimentos:
metodologias e aplicações;• Vigilância digital das emoções; Tecnopolítica e
emoções públicas; Proteção Jurídica de Dados Emocionais; Divulgação e
manipulação de emoções nas redes sociais; Desenvolvimentos em Computação
Afetiva; Modelagem de emoções e inteligência artificial; Interações emocionais
humano-robô; As emoções viscerais através das tecnologias: dor e prazer nas
mídias digitais; Emoções, sentimentos e Psicopolítica .
3 - Simulação em dinâmicas
sócio-urbanas
Autores
Marcelo Zamith, Marcel William Rocha da Silva,
Ubiratam Carvalho de Paula Junior e Leandro Dias de Oliveira
Palavras-Chave
Simulação; políticas públicas; comportamento social;
dinâmica social; urbanismo; cidades e ambientes inteligentes.
Resumo
Os centros urbanos estão em constante evolução,
sendo compostos por diversas pessoas e seus diversos grupos sociais, os quais
interagem entre eles e a própria cidade, modificando e evoluindo o ambiente
onde vivem.
De fato, nos últimos anos, a humanidade presenciou e
atuou no processo de mudança das áreas rurais para urbanas. Segundo o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada, houve um grande movimento de pessoas do campo
para cidades. Nos anos 1970, pouco mais de 50% dos brasileiros já moravam em
regiões urbanizadas, nos anos 2000, 80% de toda a população brasileira, para
2050 a previsão é 90%.
Embora a migração para os centros urbanos tenha
acontecido em todo o mundo, nem todos os países vivenciaram da mesma forma. Países
desenvolvidos tiveram de forma lenta e gradual, enquanto em países em
desenvolvimento, como o Brasil, o processo de urbanização aconteceu em poucas
décadas, fazendo surgir diversos problemas sociais, como moradia, segurança,
mobilidade, educação, saúde e entre outros que se fazem presente até os dias
atuais.
É importante ressaltar que as demandas e os
fenômenos relativos ao processo de urbanização são de diversas áreas de
pesquisa, como sociologia, geografia, economia, história, entre outros. De fato,
as relações sociais são objeto de estudo de diversos campos da ciência.
Nesse sentido, o eixo temático de relevância para o
campo das humanidades digitais (HD). De acordo com a definição 2 do Manifesto
da Humanidades Digitais, as HD referem-se, de alguma forma, ao uso de técnicas
digitais para as Ciências Humanas, Sociais, Artes e Letras: “2. Para nós, as
humanidades digitais dizem respeito à totalidade das ciências sociais e
humanas. As humanidades digitais não negam o passado, apoiam-se, pelo contrário,
no conjunto dos paradigmas, experiência e conhecimentos próprios dessas
disciplinas, mobilizando simultaneamente os instrumentos e as perspectivas
singulares do mundo digital.”
Fazendo uma leitura mais ampla do Manifesto de HD,
não é um absurdo incluir a simulação de dinâmicas sociais como uma ferramenta
de interesse para as HD, uma vez que: i) vem para auxiliar diversas áreas de
humanas (definição 2 do Manifesto); ii) é uma ferramenta da área de exatas e
que a tecnologia torna viável a sua utilização, sem o computador digital não
seria possível reproduzir certos cenários (definição 3 do Manifesto), seja pelo
seu tamanho seja pela aplicação das regras. Dessa forma, não seria possível
realizar certas observações e construir certos conhecimentos, que a simulação
acaba por elucidar (definição 1); e, iii) as simulações de dinâmicas sociais
estão intrinsecamente conectadas às Ciências Humanas, como: geografia,
economia, sociologia, entre outras.
A proposta do eixo temático visa formar um
importante local para pesquisadores e profissionais debaterem o potencial e as
limitações das simulações de dinâmicas sócio urbanas, apresentar as pesquisas e
trabalhos relacionados ao tema. O objetivo da trilha é fomentar discussões
sobre como pesquisadores e profissionais de organizações públicas e privadas
estão desenvolvendo técnicas e modelos para reproduzir as dinâmicas sociais,
contribuindo para uma melhor compreensão dos problemas urbanos.
A chamada de trabalhos está aberta para os seguintes
temas de interesse (lista não exaustiva): Modelos de simulação
em dinâmicas sociais, Políticas públicas, Comportamento social, Urbanismo, Cidades e Ambientes
Inteligentes
4 - Artes, Expressões Digitais e Meios Emergentes
Autores
Luiza Helena Guimarães, Ivana Bentes, Inês Maciel,
Ricardo Dal Farra
Palavras-Chave
Arte, estéticas, mídias, midiarte, história das
artes eletrônicas e digitais, ética, Antropoceno, política, subjetividade,
desejo, imaginário, hibridismo, transdisciplinaridade, diversidade,
pluralidade, audiovisual, cinema expandido, visual music, video mapping, performance, produções
midiáticas, realidades virtual, aumentada e mista, plataformas, ciência de
dados, visualização e sonificação de dados, inteligência artificial, aplicação
e desenvolvimento de software, hardware,
efeitos especiais.
Resumo
Buscamos explorar e colocar em discussão as artes e
expressões digitais, mais especificamente, o campo da arte em relação aos meios
emergentes, dos quais se originam produções visuais, sonoras, audiovisuais
imersivas, modalidades de cinema expandido e das artes performáticas, que,
junto com as metamorfoses humanas e digitais, propiciam novas estéticas e
linguagens, criam novos imaginários e, assim, forjam o mundo contemporâneo. As
complexas mudanças emergentes do campo da arte digital requerem pesquisas não
somente relativas aos aspectos históricos da arte, das mídias, eletrônicas e
digitais, e da materialidade da comunicação, como formas de produção de afetos
e sentido no passado, presente e futuro. Mas, também se torna importante
fomentar os estudos relativos às práticas e as teorias que abordam, por
exemplo, a notória tendência da produção artística relacionada à criação de
sistemas imersivos de vida e mundos artificiais (baseados em tecnologias como
realidade virtual, aumentada e mista), a utilização da ciência de dados, de
inteligência artificial, de redes neurais etc. Tais pesquisas reúnem as mais
diversas expressões do universo da arte, estética, ciência e mídias digitais e
pertencem ao campo da midiarte, da arte híbrida, arte-ciência e arte visual e sonora.
Assim, no momento em que as fronteiras se dissolvem em limiares híbridos e
transdisciplinares, este eixo se abre para receber todos os tipo de propostas
artísticas que serão distribuídas em apresentações de trabalhos, dispositivos
ou obras de arte que respondam e interajam com as humanidades e meios
emergentes. Pelo potencial de mudança que exercem sobre o por vir citamos a
inteligência artificial e a ciência de dados. O objetivo desse eixo também é
investigar o uso das linguagens e expressões digitais em suas dimensões
subjetivas, éticas e políticas em processos tecnossociais e de mudanças
culturais emergentes, como às estéticas da comunicação da visualização e da
sonificação de dados, a arte em NFT, metaverso, estéticas artísticas
disruptivas (como deep fakes e
humanos digitais), poéticas ancestrais/digitais e as linguagens plurais da
diversidade de cunho artístico. Em conjunto, a arte, apreendida de forma
afetiva e ética, comprometida criticamente com a natureza cada vez mais não
humana da vida econômica, social e cultural, tende a impactar a produção e a
criação da vida humana em todas as suas dimensões. Por exemplo, a arte é
potencialmente capaz de agir em prol do controle do Antropoceno? Pode-se dizer
que as artes e as gambiarras têm em comum o fato de ao serem confrontadas com a
necessidade, poderem acionar o desejo e, sob esta condição, responderem com a
criação e a inovação.
5 - Tecnologia da Informação,
Memória Social e Acervos Digitais
Autores
João Carlos Nara Jr., Elton Gomes dos Reis, Fernando
Santos Berçot, Ana Lígia Medeiros
Palavras-Chave
Cultura, Memória Social, Acervos Digitais
Resumo
O presente eixo temático articula as Humanidades Digitais enquanto
campo transdisciplinar, multifacetado e diverso, o qual congrega um conjunto de
práticas convergentes que exploram o universo de saberes que se impõem através
do emprego das novas configurações multimídia: as ferramentas, as técnicas e
mídias digitais que alteraram a produção e disseminação do conhecimento nas
artes, ciências humanas e sociais. A proposta da linha de pesquisa e debate
aqui apresentada é a de explorar as Humanidades Digitais num esforço analítico
e propositivo para a compreensão de contextos e fatos onde sobressaem o
hibridismo, a pluralidade de fontes e a redefinição de tempo e espaço
propiciada pela tecnologia da informação.
Entende-se que tal quadro impacta sobremaneira os sujeitos e
instituições produtores, guardiões e disseminadores de conhecimento ou cultura,
tomados em sentido amplo, obrigando as universidades e centros de pesquisa a
adaptar modelos digitais de discurso acadêmico para as esferas públicas
emergentes, e vice-versa, em meio aos desafios do quadro contemporâneo.
Fenômenos como o advento das as redes sociais, bancos de dados
online, sites especializados, Wikipedia, fóruns de debates na internet,
polarização em meio ao debate público travado nas redes, bibliotecas digitais,
acesso remoto de dados, digitalização de documentos históricos, plataformas
interativas de aprendizado, visitas virtuais a museus e outras instituições
culturais, georreferenciamento, emprego de inteligência artificial para tarefas
intelectuais, metaverso, entre outros, são tomados como elementos de interesse
para estudos que objetivam modelar a excelência e a inovação nesses domínios,
propiciando a formação de redes de produção, intercâmbio e disseminação de
conhecimento no mundo interdependente e complexo dos fluxos de informação
integrados e da globalização político-econômica e sociocultural.
Serão aceitas propostas que reflitam sobre a prática das
instituições de memória no enfrentamento de questões relacionadas à
digitalização e divulgação dos seus acervos, cujos métodos de trabalho vem se
modificando muito rapidamente. Novas questões de pesquisa e de práticas
profissionais em relação à aquisição, gestão, preservação, acesso e
reutilização de conteúdos eletrônicos serão bem-vindas. Além disso, o tema
sobre a convergência digital das instituições de memória (arquivos, bibliotecas
e museus) vêm se impondo como uma das tendências na área, incluindo as diversas
tipologias documentais.
Como exemplos de tópicos a serem apresentados podem-se citar: patrimônio cultural digital,
modelos de digitalização, organização e gerenciamento de repositórios digitais (institucionais,
memoriais, de dados e outros), utilização de plataformas abertas para
disseminação de acervos digitais, curadoria digital, atividades e plataformas
de crowdsourcing, letramento e mediação digital, questões sobre direitos
autorais, criação e gestão de metadados
e interoperabilidade em instituições de memória cultural.
Sugere-se, ainda, reflexão sobre a responsabilidade social das instituições
memoriais, pois não basta digitalizar, mas traçar uma estratégia de alcançar um
número maior de pessoas, ampliando o uso pela sociedade. Nesse sentido,
aponta-se a relevância de estudos sobre políticas públicas voltadas para o
acesso aos acervos digitais, incluindo o planejamento e as dificuldades
enfrentadas.
São bem-vindas todas as propostas que dialoguem com as questões
suscitadas pelo cenário que aqui descrevemos, de maneira a valorizar os aportes
das mais diversas áreas do conhecimento e a contribuição de outros saberes e
práticas. Cultura, Memória Social e Acervos Digitais são conceitos fundamentais
que servirão como ponto de partida para o debate.
6 - Inovação, design e experiência nas humanidades
digitais
Autores
Patrícia Duarte Gonçalves
Palavras-Chave
Humanidades digitais; design de experiência;
inovação; interação humano-computador; tecnologia.
Resumo
Desde meados do século XX aprofundaram-se os estudos
sobre a interação humano-computador. Com o aprimoramento tecnológico e aumento
da capacidade de fluxo de dados, o relacionamento entre humanos por meios
digitais se modificou. No final do século XX iniciou-se a cibercultura e
atualmente já não se distingue o mundo digital do “analógico”. Uma vez que o
digital já faz parte do cotidiano por meio de dispositivos móveis, inteligência
artificial, realidade aumentada e de perspectivas com o “metaverso”.
As pessoas não interagem apenas com interfaces
digitais, artefatos ou entre si, mas estabeleceu-se a necessidade de um
relacionamento com algoritmos, de forma a criar estratégias, ou gambiarras,
para, por exemplo, o uso desses algoritmos para objetivos próprios.
Pessoas que se relacionam com inteligências
artificiais como companhia para driblar sua solidão. Pessoas que são
substituídas em suas profissões por robôs e criam profissões para se adaptar.
Que buscam constante atualização para não se sentirem obsoletas, que utilizam
ferramentas digitais para trabalhar, estudar, ter relacionamentos afetivos sem
nunca se encontrar pessoalmente. As tecnologias proporcionaram um encurtamento
do tempo, do espaço, em um dilúvio informacional e de algoritmos divididos em
bolhas. Novos paradigmas que necessitam de novas soluções ou perspectivas.
Design e tecnologia desenvolvem inovações em
produtos, serviços e negócios que impactam diretamente a vida das pessoas em
novas formas de consumo, trabalho, relações interpessoais e novas gambiarras. A
boa experiência se tornou uma meta.
O termo design de experiência começou a ganhar
popularidade quando Donald Norman percebeu que o significativo no uso de
produtos é a experiência obtida, neste uso. Segundo o pesquisador, o contato
com uma tecnologia resulta em um tipo de prática que pode afetar o cérebro. O
autor ainda afirma que é necessário reconhecer a diferença entre o
funcionamento das pessoas, com suas capacidades únicas, e das máquinas. Que as
emoções são centrais para o comportamento e interpretação humana no mundo e que
não devem ser ignoradas ao projetar soluções.
As inovações digitais permeiam nossas vidas de modo
que também se faz necessário debater sobre este contexto para o fortalecimento
do campo das humanidades digitais ao projetar soluções que podem ser de
produtos, serviços, negócios, arte, entre outros.
Reconhecendo a amplitude do campo das humanidades
digitais e sua interdisciplinaridade, este eixo agrega pesquisas, estudos e
práticas relacionados a temas como: Design de experiência e as estratégias para a
inovação; Ergonomia e design de interação; O pensamento projetual do design para soluções
digitais; Tecnologias, propriedade intelectual e novos
negócios; Relacionamentos humanos com inteligências
artificiais; Redes sociais e novas práticas de consumo; Migração da arte, da cultura, da moda e outras
atividades criativas para o campo digital; Investigação sobre UX, imaginação e comunicação; Inovação, criatividade e economia criativa; Transformação digital e novos paradigmas.
7 - Sociedade Inclusiva e
Acessibilidade Digital
Autores
Daniela Francescutti Martins Hott e Brenda Couto de
Britto Rocco
Palavras-Chave
Acessibilidade, Inclusão Social, Ambiente Digital
Resumo
Os direitos de todos os seres humanos estão
definidos em tratados internacionais como a Declaração dos Direitos Humanos, os
Direitos Fundamentais no Trabalho e a Convenção Internacional dos Direitos das
Pessoas com Deficiência. Nesse contexto, a educação e o mercado de trabalho são
duas áreas prioritárias para a efetivação da promoção da igualdade e da
inclusão social. A revolução resultante do advento da Internet promoveu o
acesso à informação para grande parte de nossa sociedade, trazendo, em
contrapartida, novas formas de exclusão.
Com os movimentos sociais de luta por direitos, a
compreensão da deficiência como intrínseca ao indivíduo e como expressão da
diversidade humana, e a difusão das ideias do modelo biopsicossocial da
deficiência, desloca-se a questão da deficiência do nível individual para o
nível social, e o resultado é a necessidade de adequação da sociedade para
promover a inclusão de todas as pessoas nos diversos espaços sociais.
Neste sentido a frase “Nada sobre Nós, sem Nós: da
integração à inclusão” tem sido reforçada anualmente por um movimento social
que começou em uma terceira quinta-feira do mês de Maio no ano de 2011 sendo o
Dia Mundial da Conscientização sobre a Acessibilidade (GAAD - Global
Accessibility Awareness Day). O objetivo deste dia é reforçar cada vez mais a
importância em um mundo digital de que o conhecimento sobre acessibilidade
inexoravelmente passou a ser uma das competências essenciais para todos
midiáticos que atuam nesta sociedade.
O conceito de acessibilidade determina que as
pessoas possam ser igualmente usuárias de produtos e serviços, sendo uma
possível deficiência encarada como uma simples característica individual. Por
consequência, as concepções de todos os espaços, físicos ou virtuais, e
formatos de produtos e de serviços devem se adequar a essa determinação. Isso
posto, se um espaço virtual não está acessível a todas as pessoas, esse espaço
é inadequado. Se há barreira, seja ela um entrave, um obstáculo, uma atitude ou
um comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa no seu
papel como cidadã e consumidora em uma sociedade, esse espaço continua
inadequado.
O uso do ambiente digital pode, ao mesmo tempo,
diminuir ou aumentar as barreiras de acessibilidade, dependendo de como é
utilizado. A troca de experiências e debates com vistas ao amadurecimento e
conscientização do uso das tecnologias digitais em prol da autonomia e
igualdade das pessoas com deficiência é fundamental. Assim sendo, este eixo
temático visa reunir pesquisadores e interessados na temática de acessibilidade
e ambiente digital, trazendo para a área das Humanidades Digitais essa questão
que é tão cara para a sociedade e para as pessoas com deficiência. Tal relação
pode ocorrer pelo viés político, gerencial ou tecnológico. Exemplos disso podem
ser observados no uso de tecnologias assistivas que têm toda uma ampliação e
pesquisas nas universidades mas que, por questões tecnológicas, de
desconhecimento do mercado ou por falta de apoio financeiro, por vezes não
chegam a quem realmente precisa que são as pessoas com deficiência, por falta
de uma política de incentivo desse uso.
8 - Transformação digital e
inteligência artificial
Autores
Barbara Coelho Neves e Carolina de Souza Santana
Palavras-Chave
Transformação digital;
inteligência artificial; computação cognitiva; tecnologia; metaverso; marketing digital; distúrbios
informacionais.
Resumo
A humanidade já passou por diversas transformações
desde que o homosapiens passou a andar ereto, controlar o fogo e o
desenvolvimento de ferramentas, culturas e linguagens avançadas. Ao olharmos
para a nossa história, percebemos grandes transformações mundiais e um contínuo
processo de intensificação da digitalização de dados e informações na sociedade.
Contudo, a cada uma das inovações de grande escala, a humanidade precisa de
algum tempo para assimilar, se apropriar e incorporar no seu cotidiano. A
transformação digital é uma das coisas mais importantes que vem acontecendo na
sociedade contemporânea e, mais uma vez, os ciclos transformativos convocam e
interpelam a humanidade a interagirem em seus processos. Este movimento,
intensificado nos últimos anos, tem levado os contextos empresariais,
educacionais, mercados e sociais a se adequarem de maneira rápida às tendências
tecnológicas mais avançadas. As interlocuções da Inteligência artificial (IA) e
os diversos segmentos da sociedade assumem uma característica de pervasividade
e convergência de modos e artefactos que interferem no cotidiano de instituições
e dos cidadãos. Desse
modo, este eixo agrega discussões sobre a inteligência artificial, em
consonância com o reconhecimento das tecnologias de informação e comunicação,
das tecnologias digitais e das tecnologias cognitivas relevantes à consolidação
da apropriação do conhecimento. Tem como objetivo agrupar comunicações
científicas que abordem o espectro da transformação digital e da inteligência
artificial no contexto das humanidades digitais. As comunicações devem
contemplar as seguintes temáticas: a
inteligência artificial, computação cognitiva, machine learning, deep learning; redes
neurais, redes artificial; digitalização,
proteção de dados; sistemas
inteligentes e cognitivos, inteligência coletiva; metaversos,
NFTs, blockchain; plataformização,
modulação algorítmica, envolvendo as questões relacionadas à tecnopolítica; marketing
digital e
os distúrbios informacionais (desinformação, fake news e deep fake).
A sessão chama atenção para as problematizações que
envolvem o contexto digital introduzidas por meio de questões sobre as mudanças
de linguagens utilizadas, flexibilização (ou adaptações) de procedimentos
técnicos, científicos e sociais em contextos híbridos e mutáveis por onde
transitam a informação e a educação rumo ao futuro digital.
9 - Organização e
Representação do Conhecimento em ambientes digitais, Web Semântica e Dados
Abertos
Autores
Carlos Henrique
Marcondes, Jair Martins de Miranda, Linair Maria Campos, Sérgio de Castro
Martins, Sergio Manuel Serra da
Cruz
Palavras-Chave
Digitalização de
conteúdos em HD; organização do conhecimento; representação do conhecimento; Linked Open Data; interoperabilidade;
metadados; ontologias; vocabulários controlados; Web semântica; sistemas de
organização do conhecimento; ciência aberta; ¨Big Data¨; dados de pesquisa; ciência de dados.
Resumo
A dimensão da Web, seu contínuo crescimento e
centralidade em todos os aspectos da vida social, cultural e econômica da
humanidade colocam a questão de como utilizar este potencial para a educação,
cultura, ciência, tecnologia, gestão, inovação e cidadania. Como representar
estes conteúdos, como organizá-los para acesso e reuso? Como tirar partido das
Tecnologias da Informação e Comunicação? Quais delas utilizar? Que padrões tecnológicos devem ser utilizados? Quais repositórios utilizar? Nunca houve tantos dados disponíveis em formato
digital que necessitam ser mais acessíveis e localizáveis tanto
por humanos quanto por máquinas e ao mesmo tempo, possam ser validados e
reutilizados de modos seguros e confiáveis. Neste
cenário as Humanidades enquanto área científica são colocadas inclusive diante
de questões epistemológicas e metodológicas colocados por essa profusão e
variedade de dados, nos mais diversos temas. Como tratá-los ? Como evitar
vieses e preconceitos? Como distinguir sua procedência? O objetivo deste Eixo é
apresentar e discutir as iniciativas, os pontos de convergência, os desafios e
as oportunidades referentes à Organização do Conhecimento em ambientes digitais
para as Humanidades Digitais, em aspectos como dados digitais, sua organização
e representação como insumos para as Humanidades Digitais, oriundos de projetos
e instituições de pesquisa, de redes sociais, de instituições do patrimônio
cultural. Temas emergentes como
geração de planos de gestão de dados de longo prazo; avaliações com vistas à
adoção de Repositórios Digitais confiáveis (institucionais ou temáticos);
compreensão, adoção e utilização de princípios FAIR (Findable, Accessible,
Interoperable, Reusable) em pesquisas; incorporação padrões de descritores de
metadados em datasets de pesquisa, registro de proveniência de dados e
processos; abordagens mais inteligentes de recuperação da informação, são
desafios que se somam às crescentes demandas nas Humanidades Digitais. Nosso foco é a interação entre pesquisadores,
estudantes, empresas, startups,
gestores, analistas, especialistas, consultores e profissionais da Ciência da
Informação, Ciência da Computação, História, Filosofia, Sociologia,
Antropologia, Biblioteconomia, Letras, Arquivologia, Comunicação e Museologia,
que atuam na área de gestão e organização da informação e do conhecimento como
elementos de convergência com as Humanidades Digitais, com vistas à ampliação
das fronteiras do conhecimento, tanto teórico quanto aplicado, de métodos
computacionais e de sua utilização para melhor compreensão das formas de
interação humana, o que implica em novas formas de representação, padronização,
métodos, processos, repositórios, algoritmos, sistemas científicos, semântica e
inteligível por máquinas.
10 - As Humanidades e o
Digital: Filosofando sobre a Técnica
Autores
Erick Felinto
Palavras-Chave
Filosofia, Tecnologia, Digital, Pós-Humanismo,
Materialismo
Resumo
A par dos desenvolvimentos tecnológicos mais
recentes, assim como das últimas teorias sobre o digital e a sociedade
hipertecnológica, a filosofia tem aceito o desafio de se engajar com as
questões e dilemas da virtualização do mundo e das modificações prostéticas do
organismo. Desde pelo menos as reflexões de Ernst Kapp sobre a extensão do
corpo e da subjetividade humanas sobre o globo e o célebre ensaio de Heidegger
sobre a questão da técnica (Die Frage nach der Technik), o pensamento
filosófico vem explorando temas como o pós-humanismo, a relação da arte com a
tecnologia, a desmaterialização do real e as acoplagens entre sujeito e
aparatos. Se o papel da filosofia é propor perguntas (Benjamin) e criar
conceitos (Deleuze) a partir de um engajamento do pensar marcado por traços
profundamente humanos, como seguir filosofando em um momento no qual a própria
ideia do humano é posta em cheque? Este eixo propõe investigar a tecnologia a
partir de perspectivas clássicas ou contemporâneas, como as de Gilbert
Simondon, François Laruelle, Carl Mitcham, Don Ihde, Alexander Galloway, Vilém
Flusser, Friedrich Kittler e muitos outros. Trata-se, portanto e acima de tudo,
de questionar o que é fazer teoria e refletir filosoficamente num contexto em
que se exige aproximações menos antropocêntricas, menos materialistas e menos
antitecnológicas (Hans Ulrich Gumbrecht). Dessa forma, o eixo acolherá
indagações que contemplem as reconfigurações recentes do humanismo
(pós-humanismo, transhumanismo, estudos animais), as transformações do social
em seu embate com as redes digitais e sociotécnicas, os impactos materiais das
tecnologias no tecido da cultura e as mutações nos processos temporais e
espaciais do mundo tecnologizado. Talvez caiba precisamente à filosofia (ou
pelo menos a certo modo de pensar "filosófico") encontrar um campo
epistemológico interdisciplinar no qual sociologia, antropologia, engenharia e
comunicação estabeleçam um pacto investigativo capaz de oferecer novas visões
da tecnologia. Este eixo deseja ser, portanto, um espaço de discussão para o
desenvolvimento futuro de uma "nova filosofia para a nova mídia"
(Mark Hansen), com igualmente inovadores conceitos e paradigmas de pesquisa com
foco em uma "high techné"
(R.L. Rutsky).
11 - Big Data
e dinâmicas científicas: novas perspectivas e desafios metodológicos
Autores
Antonio da Silveira Brasil Junior, Lucas Correia
Carvalho
Palavras-Chave
big data, cientometria, estudos da ciência, ciência
e debate público
Resumo
O acesso a conjuntos enormes e diversificados de
dados e informações sobre a prática científica e sua percepção pública vem
redefinindo a análise das dinâmicas científicas, como nas áreas de sociologia
da ciência, estudos da ciência e da tecnologia, história da ciência ou mais
recentemente a “ciência da ciência”. Por dinâmicas científicas compreendemos a
ampla e diversificada rede formada por pesquisadores, instituições, formas de
comunicação científica e público não-especializado, através da qual vão se sedimentando
ou se alterando padrões mais gerais de comunicação e de estruturação de
práticas e percepções públicas da e sobre a ciência. Nesse sentido, a produção
e circulação da ciência na tensão entre a inserção institucional e social dos
autores e a dimensão comunicativa que o conjunto de dados coletados pode
oferecer. Diante dos desafios teóricos e metodológicos impostos às análises
dedicadas à ciência em seus diversos aspectos, propomos nesse eixo temático
refletir sobre: 1 – as potencialidades e limites da incorporação de certas
ferramentas tecnológicas, há tempos consolidadas em diversas áreas como a
cientometria, pelas ciências humanas, em particular as sociais, com o intuito
de criar novas formas de observação da ciência; 2 - as contribuições metodológicas
para diversas áreas das ciências humanas que buscam conciliar big data e
análise da ciência; 3 – a utilização de bases de indexação científica,
plataformas de currículo ou outras bases semi ou não estruturadas; 4 – a
utilização de dados que permitam identificar as percepções e debates públicos
da ciência que envolvam não somente cientistas mas o público não-especializado,
como no caso das mais diversas plataformas de mídias sociais; e, por fim, 5 – a
análise da circulação, das disputas e as “guerras de edição” relativas à
ciência em enciclopédias colaborativas, como a Wikipédia. Em suma, nossa
proposta é fomentar um debate sobre as novas formas de observação (e de
auto-observação) na era do big data.
12
- Ciência
de Dados e Aprendizagem de Máquina aplicadas a acervos e coleções digitais
Autores
Dalton Martins, Luciana Martins, Daniela Lucas da
Silva Lemos
Palavras-Chave
aprendizagem de máquina, ciência de dados, acervos
digitais, coleções digitais, instituições de memória
Resumo
A proposta do eixo temático é abordar pesquisas e
desenvolvimentos que se voltem para a aplicação de técnicas oriundas das áreas
da Ciência de Dados e da Aprendizagem de Máquina para as diversas etapas e
processos de trabalho relacionados à criação, gestão e manutenção de acervos e
coleções digitais. Entende-se que processos como normalização, limpeza e
transformação de dados, automação do tratamento descritivo e temático da
informação, reconhecimento de entidades, extração de características,
agrupamento, relacionamento entre objetos e outros temas deles derivados são
atualmente fonte de grande interesse científico e técnico no campo da gestão
das instituições de memória e das políticas públicas que atualmente têm se
voltado para questões relacionadas a cultura e humanidades digitais.
Entende-se que o eixo temático visa estimular a
discussão, o relato de experiências e a produção de iniciativas que tenham por
objetivo apoiar na adoção de novas tendências conceituais e tecnológicas de
apoio e ganho de produtividade no trabalho de gestão de acervos e coleções
digitais. Sabe-se que os desafios de catalogação e produção de documentação de
acervos relacionados às Ciências Humanas são enormes, ainda mais considerando a
questões contemporâneas da geração de acervos nato digitais, tais como os
oriundos de mídias sociais e de equipamentos móveis na produção de imagens,
vídeos e áudios digitalizados. Algumas questões orientam a perspectiva de
debate da proposta deste eixo. Quais são as possibilidades e limites da
automação dos processos de documentação de acervos? Quais são as preocupações
éticas relacionadas? Quais ganhos efetivos para o trabalho de gestão de
coleções? Como lidar com os desafios da formação técnica dos profissionais no
campo das Ciências Humanas?
13 - Voz e Tecnologias Digitais
Autores
Charles Feitosa, Ana Wegner
Palavras-Chave
voz, som, tecnologia, arte, performance, estética,
política, realidade virtual. inteligência artificial, corpos transhumanos.
Resumo
O
objetivo deste eixo temático é investigar a relação entre voz e tecnologias
digitais em suas esferas pedagógicas, terapêuticas, estéticas, éticas e
políticas, abrindo perspectivas de investigação intermediais e
transdisciplinares. O tema do eixo se insere na proposta geral do HDRio23, na
medida em que busca uma reflexão acerca do papel da voz na constituição do
pluriverso e dos potenciais inclusivos do uso de tecnologias digitais no
tratamento vocal nas ciências e na cultura. Partindo da constatação dos
processos tecnológicos do desprendimento da voz em relação às suas fontes
buscaremos uma reflexão acerca das possíveis implicações do advento das
tecnologias digitais para o pensamento do corpo na era dos humanismos digitais.
As tecnologias digitais reforçam e embaralham parâmetros e paradigmas da voz
humana: entre animal e humano, entre gêneros, entre Homem e máquina, entre
natural e artificial. As discussões serão dedicadas, portanto, à investigação
das implicações estéticas, políticas e ontológicas do advento das tecnologias
digitais sobre os corpos humanos, sobre as representações da corporeidade e
sobre a propriocepção. São esperadas contribuições que indiquem e discutam
reconfiguração nas interações vocais tanto do agir cotidiano, como das práticas
artísticas, culturais, terapêuticas e políticas no mundo contemporâneo, tendo
como dispositivos desencadeadores para discussão os seguintes tópicos: formas
de transmissão e de armazenamento da voz; vozes sintetizadas nas artes, nas
ciências e na cultura pop; o uso de objetos técnicos digitais na preparação
vocal de atores, cantores, professores e oradores; tecnologias da tradução,
relação entre texto, imagem e som; tecnologias de acessibilidade por voz; voz e games; tecnologias de identificação e
controle por voz; interações entre inteligência artificial e voz; ruído e distorção
vocal; polifonia digital como estratégia política; vocal deep fake;
ventriloquismo digital; voz presencial x voz remota e gambiarras sonoras para
práticas vocais.
14 - A Era Digital e o Ofício
do Historiador
Autores
Alexandre Fortes, Carlos
Valencia e Massimiliano Grava
Palavras-Chave
História Digital
Resumo
Há hoje uma crescente
percepção de que a revolução tecnológica em curso nas últimas décadas vem
transformando aceleradamente todos os aspectos da vida humana, e que, a
despeito das imensas desigualdades e disparidades entre países e regiões, esse
processo ocorre em escala global. Seria difícil identificar algum aspecto da
atividade relativa à produção do conhecimento histórico que não tenha sido
significativamente alterado nos últimos quinze ou vinte anos. Ferramentas
computacionais, desde os processadores de texto até os sofisticados softwares
de análise qualitativa ou de mineração de texto, estão cada vez mais presentes
à produção e difusão do conhecimento histórico. Fontes documentais dos mais
diversos tipos, sobre os mais variados temas e períodos, são hoje
disponibilizadas de forma massiva na internet, enquanto fichas e cadernos de
notas são substituídos por câmeras digitais e scanners quando a ida ao arquivo físico
ainda é necessária. Historiadores interagem em âmbito global entre si, com
alunos e com o público em geral trocando e-mails, postando em redes sociais –
algumas delas criadas especificamente para uso de acadêmicos – e realizando
videoconferências. A construção de sítios eletrônicos e blogs, a divulgação de
vídeos didáticos e podcasts passam a ser instrumentos cada vez mais relevantes
de divulgação científica e de história pública. A atuação nesse ambiente
digital que permeia crescentemente a produção e circulação do conhecimento
histórico desafia os pesquisadores a irem além de uma compreensão instrumental
e consumista das novas tecnologias. Na perspectiva da história do trabalho,
seria difícil imaginar que uma atividade profissional atravessasse um contexto
marcado por mudanças tão profundas nas técnicas e instrumentos de produção, nos
mecanismos que definem sua inserção no processo de circulação de artefatos
culturais, com o correspondente enfrentamento de uma agenda política
completamente nova, sem passar por uma profunda metamorfose.
A proposta deste eixo
temático é agregar profissionais envolvidos na pesquisa, ensino e extensão em
história para troca de experiências, assim como para o mapeamento dos
potenciais e desafios colocados pela História Digital.
15 - As
Humanidades Digitais na perspectiva africana dos PALOP
Autores
Luis Frederico, Sonia Domingos, Matilde
Muocha
Palavras-Chave
Narrativa Africana, aplicações digitais, impressão 3D, realidade
virtual, ciência de dados, jogos virtuais, história digital, metaverso,
arqueologia, educação e literacia digital, PALOP - Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
Resumo
Nesta área temática procuramos incluir temas que influenciam a
aplicação de ferramentas digitais das tecnologias de informação de forma a tornar acessível o
conhecimento cultural, científico e tecnológico produzido na narrativa
africana. Estamos interessados em temas como a aplicação de impressão digital 3D de artefatos
históricos das peças arqueológicas africanas, Ciência
de Dados
aplicados no ensino das Humanidades Digitais, Visualização
de dados,
como criar aplicações práticas de suporte à pesquisa e disseminação do
conhecimento dentro do contexto africano ( o caso dos PALOP), Desenvolvimento
de jogos históricos
africanos, VR realidade virtual aplicada
às narrativas históricas africanas.
Buscamos também saber como dar mais acesso às narrativas históricas africanas usando as
as tecnologias digitais e tornar acessível o conhecimento cultural, científico e
tecnológico produzido aos alunos do ensino básico ao ensino secundário
adaptando o plano curricular aos novos desafios da tecnologia.
Neste eixo temático acolheremos trabalhos sobre os seguintes
assuntos, não excluindo outros que possam ser vistos como pertinentes: Base de dados para historiadores e arqueólogos que possam servir
aos pesquisadores dos PALOP, Museu
digital- Online - aplicação com QR code ( Angola), Acesso a peças digitalizadas, numa plataforma, base de dados
para historiadores e arqueólogos; Escavações arqueológicos- digitalização de peças arqueológicas; Conteúdos multimédia e filmes de escavações arqueológicas para
serem usadas no museu virtual; Utilização do metaverso para criar narrativas africanas.