Centro Cultural dos Correios - Recife - Pernambuco - Brasil
Atualmente muito utilizada no cenário político administrativo, em artes, a palavra pode abrir uma teia de significados muito mais amplos.
E você? O que você pensa quando ouve a palavra transparência?
Nos dias 27 e 28, por ocasião da exposição " TranspareSSer" que pode ser visitada atualmente no Centro Cultural Correios Recife artista e curadora oferecerão duas tardes de oficina sobre o tema.
PROGRAMAÇÃO:
DIA 27/03/2019: Oficina/ atelie analógico com
14:30 horas 17: 30 curadora Drª Sonia Marques
Dia 28/03/2019: Ateliê Transparências nos
14:30 as 17:30 processos de criação visual
com artista visual Juliana Alves
Dia 28/03/2019 Lançamento do livro "TranspareSSer"
às 19:00 horas autoras Juliana Alves e Sonia Marques
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TRANSPARESSER:
A
violência dos véus
As
transparências enganam. As aparências também.
Ao
primeiro contato, pensei que as delicadas aquarelas de Juliana fossem a
expressão de uma sensibilidade feminina, no sentido mais tradicional: flores,
cores, amores de uma ingênua romântica.
Engano
absoluto.
Aquarelas
e poesias iam na embarcação da primeira viagem da artista em busca da transparência. Busca obstinada.
Na partida, um mar de possibilidades avistadas.
Em seguida, novos horizontes, a partir das janelas e avarandados. Mais adiante,
organzas e tecidos, utensílios para desnudar peles e camadas. Até chegar ao
vidro, o vidro dos frascos de perfumes, antecipando o prazer dos cheiros.
O vidro transparente em toda sua ambivalência.
Deixar visível o outro lado, apontar-nos uma
direção, mas também confundir-nos, até aprisionar-nos, como na experiência do
labirinto envidraçado.
Não haveria em tal ambivalência uma metáfora?
Ou um alerta de que a excessiva transparência pode levar à perdição?
E o que dizer do enigma do Grande Vidro, a
noiva despida pelos seus celibatários de Duchamp?
Nas noivas: rendas, tules e véus cobrem e
descobrem sonhos e promessas. Até o altar: consagração ou sacrifício? E o corpo
ao engrandecer, rompendo as costuras e esgarçando os véus não iria em busca de
uma salvação?
Leitmotiv da poética de Beth Moysés, as noivas,
em Niki Saint Phalle, são esmagadas pelo vestido, montam no cavalo, deitam sob
árvore ou pegam a metralhadora. Juliana, com arco e flecha de verdade, invoca
as origens e joga a transpareSSência.
Fusão
de transparecer e ser é adoção por difícil escolha de um modus vivendi que
assume a ambiguidade.
TranspareSSer
implica num jogo de equilíbrio entre o esconder e o revelar.
As
transparências enganam. As aparências também.
Aos
que odeiam e aos que amam.
Sonia Marques.
TRANSPARÊTRE
La violence des voiles
Les transparences sont trompeuses. Les apparences aussi.
Au premier abord, les aquarelles délicates de Juliana m’ont fait penser à
l’expression d’une sensibilité féminine, au sens le plus traditionnel du terme:
une ingénue romantique et ses fleurs, couleurs, amours.
Erreur totale.
Les aquarelles et la poésie n’étaient que vaisseaux d’un premier voyage de
l'artiste en quête de transparence. Poursuite obstinée.
Tout au début, un océan de
possibilités s'annonçait. Ensuite de nouveaux horizons, depuis les fenêtres et
les vérandas. Plus loin, organzas et tissus fins, outils qui dévêtent peaux et
couches. Jusqu'à ce qu’elle arrive au verre, le verre des flacons de parfum,
annonçant le plaisir des odeurs.
Le verre transparent dans toute son ambivalence.
Rendre visible l’autre côté, nous offrir une direction, mais aussi nous
perturber jusqu’à nous emprisonner, comme dans l’expérience du labyrinthe
vitré.
Une telle ambivalence serait-elle une métaphore? Ou plutôt une
alerte : l’excessive transparence peut conduire à la perdition !
Et que dire de l'énigme du Grand Verre de Duchamp où la Mariée est mise à
nu par ses célibataires?
Chez les mariées: dentelles, tulles et voiles recouvrent rêves et
promesses. Autel: bénédiction ou sacrifice? Et le corps qui grossit, brise les
coutures et, déchirant les voiles, ne chercherait-il pas le salut?
Leitmotiv de la poétique de Beth Moyses, les mariées de Niki de Saint
Phalle, sont écrasées par la robe, montent à cheval, se couchent sous un arbre
et prennent la mitraillette. Authentiques, l’arc et la flèche de la mariée de
Juliana évoquent ses origines et son jeu « transparessence ».
Fusion d’être et transparaître, c’est un choix difficile d’un modus vivendi
qui assume l’ambiguïté.
Transparêtre est un jeu d’équilibre entre cacher et révéler.
Les transparences sont trompeuses. Les apparences aussi.
Aux yeux de ceux qui détestent et de ceux qui aiment.
Sonia Marques