A
colonialidade do saber
estruturou a construção dos campos disciplinares nas sociedades marcadas, na
primeira e segunda modernidade, pelo domínio econômico, político e cultural dos
“centros” sobre as “periferias”. Este processo, como afirma uma vasta
bibliografia, não pode ser entendido meramente sobre um olhar que se restrinja
à dados econômicos, mas também está umbilicalmente ligado à forma específica
como os sistemas simbólicos e instituições sociais foram moldadas sob a imagem
do colonizador. Por isto, não é arbitrário as ciências humanas tenham
marginalizado por tanto tempo negros e mulheres dos seus respectivos cânones.
Os genocídios/epistemicidios do “longo século XVI” foram fundantes
para a criação de um lugar epistêmico que instituiu uma falsa universalidade
fundada na autoimagem do europeu, branco, masculino e heterossexual. Através de
um engenhoso (e maquiavélico) jogo de “espelhos” a Europa formatou a invenção
do “outro” para que através da sua suposta subalternidade fosse instituída uma
“geopolítica do conhecimento”, ao qual o polo europeu fosse valorizado como
legítimo e racional e os “outros” tidos como hierarquicamente “inferiores”. A
noção de colonialidade do saber constituída por Aníbal Quijano, e a tradição
“decolonial”, é fundamental para pensar como o “novo padrão de poder”
instituído com a destruição de um “mundo histórico” nas Américas e do
“estabelecimento de uma nova ordem”, fundou-se na racialização oriunda de
classificações sociais como o “indígena”, “negro” e “mestiço”.
O estudo do racismo em suas distintas fases é, portanto,
fundamental para a compreensão da forma estrutural no qual o
capitalismo-colonialismo construíram o mundo contemporâneo, e, nomeadamente, o
Brasil. Para isto, compreenderemos as diversas fases do racismo à brasileiro,
por meio de seus principais intérpretes.
Portanto,
o curso tem por objetivo geral: Estudar as distintas fases do racismo
estrutural à brasileira, compreendendo como o mesmo é uma tecnologia de poder
fundamental para a organização do passado e presente da sociedade brasileira do
colonialismo ao mundo contemporâneo.
Horário: 17h às 19h
Transmissão - Rede de Historiadorxs Negrxs: YouTube | HistoriadorxsNegrxs
Certificação: 30 horas
Observação: O certificado vai ser emitido referente a cada atividade, contabilizando 2 horas.
Organização:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) | @ufrgs
Faculdade de Educação (FACED/UFRGS) | @facedufrgs
Núcleo de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI/UFRGS) | @neabiufrgs.
Apoio:
Rede de Historiadorxs Negrxs (HN) | @historiadorxsnegrxs.
Transmitido - 09 de novembro de 2022 | 17h às 19h
A estrutura do racismo estrutural: De Frantz Fanon à Eduardo Bonilla-Silva
Dr. Marcello Assunção (NEABI/UFRGS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=eolag_luuOg
Transmitido - 30 de novembro de 2022 | 17h às 19h
Antecedentes do racismo no mundo pré-moderno? Xenofobia e discriminação na
antiguidade clássica
Dr. Félix Jácome (UFRJ)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=1PQ4VBQezX0
Transmitido - 01 de dezembro de 2022 | 12h às 14h
A estrutura do racismo estrutural: A perspectiva da teoria decolonial e do Afro-Pessimismo
Dr. Allan Kardec Pereira (UFRGS/UEPB)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=dy9vn5lQ2G0
Transmitido - 14 de dezembro de 2022 | 17h às 19h
Relações étnico-raciais e escravidão nas fronteiras do Mundo Mediterrânico: séculos XI-XVII
Dr. José Rivair Macedo (NEABI/UFRGS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=oea_Pz5c42Q
Transmitido - 18 de janeiro de 2023 | 17h às 19h
Os estatutos de pureza de sangue: A pré-história do racismo – 1449-1773/1824
Dr. Marcello Assunção (NEABI/UFRGS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=oc4NK29YiQM
Transmitido - 01 de fevereiro de 2023 | 17h às 19h
Os estatutos de pureza de sangue: A pré-história do racismo – 1449-1773/1824
Dr. Marcus Vinicius Rosa (UFRGS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=cII3Wtz26M8
Transmitido - 15 de fevereiro de 2023 | 17h às 19h
As formas de resistência à racialização no mundo colonial: 1500-1822
Dr. Flávio Gomes (UFRJ)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=IqET8mIXQ-U
Transmitido - 01 de março de 2023 | 17h às 19h
A animalização do negro no racismo laicizado (1822-1888): Racialismo,
Cientificismo, Imigrantismo, Eugenia e Favelização
Dr. Marcello Assunção (NEABI/UFRGS)
Dra. Aline Najara da Silva Gonçalves (UFRRJ/Mahin Consultoria Antirracista)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=JLU1Xeqm5Sk
Transmitido - 15 de março de 2023 | 17h às 19h
As formas de resistência à racialização no oitocentos: imprensa e
associativismo negro (1822-1888)
Dr. Marcello Assunção (NEABI/UFRGS)
Dr. Willian Robson Soares Lucindo (EMEF Euclydes de Oliveira Figueiredo/UNICAMP)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=sr3A2st3nII
Transmitido - 29 de março de 2023 | 17h às 19h
A animalização do negro no racismo laicizado (1888-1945): Racialismo,
Cientificismo, Imigrantismo, Eugenia e Favelização
Dr. Marcus Vinicius Rosa (UFRGS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=xlBpOcukAZk
Transmitido - 12 de abril de 2023 | 17h às 19h
O racismo da cegueira de cor: a democracia racial e seus efeitos (1945-1988)
Dr. Felipe Alves (UFOP)
Dra. Elaine Ventura (SEDUC/PMSG/UFRJ)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=L9L8lFlvVrU
Transmitido - 26 de abril de 2023 | 17h às 19h
O racismo da cegueira de cor: a democracia racial e seus efeitos (1988-)
Dr. Petrônio Domingues (UFS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=VirowEDB4a8
Transmitido - 19 de maio de 2023 | 16h às 18h
As resistências do movimento negro educador à racialização no pós-abolição (1888-2022)
Dr. Marcello Assunção (NEABI/UFRGS)
Dr. Elson de Assis Rabelo (UNIVASF)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=Lr9T5yE2gTs
Transmitido - 24 de maio de 2023 | 17h às 19h
O racismo algorítmico e o colonialismo digital, uma nova fase?
Dr. Deivison Faustino (UNIFESP)
Dr. Walter Lippold (UFRGS)
Link: https://www.youtube.com/watch?v=XDUTWcGzQeE