O curso de formação da Associação Nacional de História (ANPUH Brasil), proposto pelo GT Imagem, Cultura Visual e História da ANPUH, tratará da dimensão visual da escrita da história negra a partir dos múltiplos agenciamentos das imagens em arquivos, exposições e instituições de ensino. Ao longo de três aulas, os(as) docentes irão apresentar suas experiências de pesquisa e curadoria no campo da Cultura Visual, em diálogos mediados por integrantes do GT. Na primeira aula, o prof. Dr. Elson Rabelo (Univasf), trará sua experiência como conservador fotográfico no Arquivo Afro Fotográfico Zumvi. Na segunda aula, a Me. Raquel Barreto, (UFF) apresentará sua experiência como pesquisadora e curadora da exposição “Carolina Maria de Jesus - um Brasil para os brasileiros”. Na última aula, a Dra. Renata Bittencourt (IMS) trará sua longa experiência em projetos de mediação educativa em exposições em diversas instituições culturais. As aulas possuem como objetivos: introduzir os estudantes em debates acerca da dimensão visual da experiência negra; indicar possibilidades de atuação dos profissionais de História; e demarcar estratégias importantes para o ensino de História.
Coordenação do curso: Me. Bruno Pinheiro (UNICAMP) e Me. Marcus Vinicius Oliveira (UFF)
Ementa do curso: Nos crescentes esforços institucionais em sanar as “Injustiças de Clio” - no sentido proposto por Clóvis Moura diante das formas consolidadas de representar as populações negras -, as imagens assumiram um papel notável nas dinâmicas de produção de visibilidade e invisibilidade na historiografia recente. Tomemos as narrativas sobre as resistências à ditadura militar como exemplo, e os diversos projetos empreendidos pelos movimentos sociais negros no período. Em especial, os projetos políticos gestados por estes movimentos durante a longa redemocratização ganharam hoje força e relevância na esfera pública. Entre suas iniciativas, os movimentos negros passaram a produzir novos regimes de visibilidade, impulsionados pela crescente circulação de fotografias de época e realização de exposições por instituições culturais e universidades, que oferecem, atualmente, importantes ferramentas para confrontar a cultura visual racista e vislumbrar outros futuros-possíveis. Essas transformações nas dinâmicas de produção, circulação e consumo de imagens geraram novos desafios para as formas como instituições de memória arquivam e produzem narrativas sobre grupos historicamente subalternizados. Diante das experiências e práticas de cultura visual relacionadas a arquivos e curadorias, pretendemos, ao longo das três aulas desse curso, tratar da existência e potencial dos arquivos visuais, da montagem de exposições e do trabalho de mediação na escrita das histórias negras no Brasil.
Nas aulas, propõe-se construir uma arena de troca, debate e aprendizado para repensar o lugar das imagens nos processos de visibilidade e invisibilidade das narrativas de homens e mulheres negras, e como as práticas em torno delas auxiliam o historiador/professor a contar outras histórias negras no Brasil.
Aula 1 - O arquivo e a produção de visibilidades: no primeiro encontro, iremos analisar como os arquivos, sejam eles geridos pelo poder público ou por organizações da sociedade civil, estão produzindo, no tempo presente, mecanismos de combate à invisibilidade de narrativas historicamente subalternizadas ligadas à experiência negra no Brasil. Contaremos com as experiências do prof. Dr. Elson Rabelo, que apresentará seu trabalho como conservador no Zumvi - Arquivo Afro Fotográfico e suas potencialidades diante da história do Movimento Negro contemporâneo.
Convidado: Prof. Dr. Elson Rabelo (Univasf) e Mediador: Me. Marcus Vinicius Oliveira (UFF)
Aula 2 - O trabalho da curadoria: na segunda aula, iremos tratar do processo criativo de curadoria de exposições, que envolve pesquisa em arquivos e acervos e concepção de caminhos expográficos entre objetos visuais. Para entender esse processo, serão apresentadas duas exposições, desde o encontro com o material bruto até a consolidação de suas narrativas. Nessa aula, a historiadora Raquel Barreto irá compartilhar sua experiência como pesquisadora na exposição “Todo poder ao povo! Emory Douglas e os Panteras Negras” (2017) e como co-curadora em “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os Brasileiros” (2021).
Convidada: Me. Raquel Barreto (UFF) e Mediador : Me. Bruno Pinheiro (Unicamp)
Aula 3 - As instituições e seus meandros: Na terceira aula, propomos uma reflexão sobre a produção de visibilidade de narrativas negras em instituições culturais, entendendo-as enquanto mediadoras entre acervos, pesquisadores, educadores e sociedade civil. Ao entender a centralidade dos trabalhadores e trabalhadoras negras dessas instituições nesse processo, fecharemos nosso curso com reflexões sobre essas múltiplas atuações profissionais com a historiadora, educadora e gestora Renata Bittencourt, ampliando o escopo da discussão diretamente para o ensino de história e seu diálogo com formas públicas de história.
Convidada: Dra. Renata Bittencourt (IMS) e Mediador: Dr. Francisco Santiago Júnior (UFRN)
As aulas ocorrerão de modo síncrono e online, nos dias 15, 22 e 29 de setembro, das 18:30 às 21:00
Serão fornecidos certificados (12 horas-aula). Haverá lista de presença e drive para os cursistas, com os textos fornecidos pelos docentes