Vivemos um período marcado pelo avanço do conservadorismo, pelo enfraquecimento das políticas públicas e pela intensificação das desigualdades sociais que atingem de forma direta e brutal as infâncias, adolescências e juventudes em situação de vulnerabilidade.
Nesse cenário, discutir a socioeducação apenas como resposta institucional e normativa já não basta. É preciso ir além, repensando seus fundamentos, tensionando suas práticas e afirmando perspectivas comprometidas com a emancipação, a garantia e a ampliação dos direitos de adolescentes e jovens.
É com esse horizonte crítico que se realiza o I Congresso Nacional de Pesquisa em Medida Socioeducativa, um espaço de encontro, escuta e produção de saberes entre pesquisadoras/es, profissionais, educadoras/es populares, estudantes e militantes que atuam nos campos da justiça, da educação, da cultura e das políticas públicas.
O Congresso contará com mesas coordenadas, apresentação de trabalhos em eixos temáticos e publicação dos artigos em anais. De caráter interdisciplinar e comprometido com a defesa dos direitos humanos, o evento busca fortalecer articulações entre universidade, serviços públicos, movimentos sociais e territórios populares.
Congresso Independente e organizado pelo Grupo de Estudos Sobre MSE
▪ Educação Popular, Pedagogia Social, Arte e Cultura na Socioeducação
Ementa: Reflexões e experiências sobre práticas educativas emancipadoras no campo da socioeducação, com ênfase na educação popular, pedagogia social, arte e cultura como ferramentas de transformação social. Aborda ações desenvolvidas em espaços não formais de ensino, nas comunidades, nas instituições e unidades de privação de liberdade. Inclui debates sobre o modo como práticas culturais (teatro, música, grafite, literatura, dança, entre outras) e processos educativos valorizam o protagonismo juvenil e a escuta ativa.
▪ Juventudes e Produção de Hegemonia: Disputas Políticas na Sociedade Civil
Ementa: Discussões sobre os processos de construção de hegemonia dos grupos subalternos no campo das juventudes, com ênfase nas disputas simbólicas, políticas e culturais na sociedade civil. Abrange reflexões sobre o papel da mídia, das religiões, da escola e de outras instituições na conformação de subjetividades juvenis. Acolhe pesquisas e experiências que abordam resistências juvenis, movimentos sociais, coletivos culturais, criminalização da juventude e estratégias de enfrentamento à marginalização social e política de adolescentes e jovens.
▪ Políticas Públicas, Neoliberalismo e a Crise da Proteção Social
Ementa: Análises críticas sobre o impacto do neoliberalismo nas políticas públicas de proteção social, especialmente no que se refere às infâncias e juventudes. Discute os efeitos do desmonte do Estado, da precarização dos serviços e da lógica da privatização na efetivação dos direitos sociais. Engloba reflexões sobre a restrição orçamentária, a fragmentação das políticas intersetoriais (educação, saúde, assistência social, cultura, entre outras) e os desafios enfrentados pela socioeducação no contexto da austeridade fiscal e da governamentalidade neoliberal.
▪ Raça, Classe, Gênero e Sexualidade: Interseccionalidades na Socioeducação
Ementa: Aborda as múltiplas formas de opressão e exclusão social vivenciadas por adolescentes e jovens em conflito com a lei a partir de uma perspectiva interseccional. Reúne trabalhos que discutem as inter-relações entre racismo estrutural, desigualdades de classe, sexismo, LGBTfobia e outras formas de violação de direitos. Valoriza abordagens antirracistas, feministas, decoloniais e queer no campo da socioeducação, bem como práticas que reconhecem a diversidade e complexidade das juventudes.
▪ Resistência, Justiça Restaurativa e Abolicionismo Penal Juvenil
Ementa: Debate as limitações do paradigma punitivo no sistema socioeducativo e apresenta alternativas baseadas na justiça restaurativa, nos direitos humanos e na crítica ao encarceramento juvenil. Acolhe trabalhos que problematizam a privação de liberdade, a seletividade penal e as práticas institucionais que violam direitos. Enfatiza experiências de mediação de conflitos, responsabilização não punitiva, círculos restaurativos, justiça comunitária e propostas abolicionistas voltadas à reconfiguração das respostas sociais aos atos infracionais.
Este é um evento online
