COLÓQUIO
"ALEXINA DE
MAGALHÃES PINTO:
HISTÓRIA DAS
MULHERES ESCRITORAS"
Em homenagem ao
centenário de falecimento da autora
O Colóquio "Alexina de Magalhães Pinto: história das mulheres escritoras", proposto pelo Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários do Departamento de Comunicação e Letras da Universidade Estadual de Montes Claros – MG, em parceria com o Grupo Mulheres em Letras da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, propõe-se, neste ano em que se comemora o centenário de falecimento da autora, como uma oportunidade de reflexão sobre a contribuição de Alexina de Magalhães Pinto para a cultura e literatura de Minas Gerais e do Brasil.
Nascida em quatro de julho de 1869, em São João del-Rei, Minas Gerais, Alexina de Magalhães Pinto faleceu aos 51 anos de idade, em 17 de fevereiro de 1921, vítima de um atropelamento de trem, em Corrêas, Segundo Distrito de Petrópolis-RJ, ocasião em que residia no Hotel Dom Pedro daquela localidade. Considerada detentora de uma personalidade dinâmica e de uma mentalidade avançada para a sua época – de acordo com a pesquisadora Nelly Novaes Coelho – a autora foi, no Brasil, uma das educadoras pioneiras a se opor a métodos retrógrados de ensino naquele fim de século XIX, contrapondo-se ao tradicionalismo das escolas e envolvendo-se na tarefa de produção de uma literatura para as crianças e jovens brasileiros. Alexina de Magalhães Pinto tinha como projeto pesquisar, recolher e organizar provérbios e máximas, narrativas e cantigas populares de diversas regiões das Minas Gerais e arredores em coletâneas que pudessem figurar como uma espécie de currículo indispensável à formação do humano a ser adotado por escolas brasileiras como método de ensino-aprendizagem.
Com importantes obras publicadas entre os anos de 1907 e 1916, a autora pouco comparece em livros de historiografia da Literatura Infantil e Juvenil brasileiras e, quando citada, às vezes isso é feito de modo sucinto, sem que se registrem seus textos e sua relevante contribuição cultural e histórica para essa seara.
Registre-se que a inserção feminina no cenário das letras se deu de forma lenta em um ambiente pouco favorável às mulheres. A luta pela educação foi, sem dúvida, uma estratégia importante naquele cenário de reivindicações por direitos e por emancipação feminina. Nesse sentido, a educação feminina foi defesa presente no discurso de muitas mulheres, difundido ora pela imprensa periódica, ora por meio dos textos ensaísticos e literários de mulheres que buscavam estabelecer um diálogo possível entre educação e arte. Entre elas lembramos a mineira Alexina de Magalhães Pinto, pioneira educadora, escritora e folclorista, homenageada neste evento, a paulista Ercilia Nogueira Cobra (1891-?), defensora da igualdade na educação feminina e da liberdade sexual e profissional, e Amelina Chaves, professora, escritora e folclorista que tem promovido uma educação libertadora no interior de Minas. Mulheres que fazem parte da história da ainda mal contada da intelectualidade feminina.
Este Colóquio – que se realizará nos dias 28 e 29 de junho de 2021, pelas plataformas digitais – trará à cena debates sobre concepções e perspectivas históricas e culturais relativas à participação feminina naquele contexto de Bélle Époque e sobre o labor de mulheres que contribuíram e contribuem para constituição da literatura e das culturas mineira e brasileira. Mais especialmente, o evento abordará aspectos relacionados à vida e obra da homenageada, Alexina de Magalhães Pinto, com o objetivo de contribuir para resgatar do esquecimento esta singular e extraordinária mulher e o seu meritório trabalho de pesquisa e etnografia e, ainda, sobre a pertinência da produção da autora para a contemporaneidade.