O ciclo Introdução ao Cinema Português Contemporâneo surge de uma compreensão alargada relativamente à perspectiva de contemporaneidade. A partir de motivações temáticas manifestadas nas obras selecionadas para essa mostra, sustenta-se a relevância tanto de um olhar como de uma reflexão crítica sobre a cinematografia portuguesa desde a entrada dos anos 2000. Já com o conhecido Novo Cinema Português – momento de rompimento estético e de envolvimento politicamente confrontativo dos realizadores em torno das causas e razões da Revolução de 25 de Abril de 1974 –, passando pela chamada Escola Portuguesa, nos anos 1980 – fase compreendida como “herança” do período anterior –, alcançando os anos 1990, com a confirmação de uma cinematografia amadurecida e consistente, diversos cineastas, portugueses e portuguesas, tiveram seus nomes alçados ao reconhecimento internacional. São os casos (mas não apenas) de: António Reis, Fernando Lopes, João Botelho, João Canijo, João César Monteiro, Manoel de Oliveira, Margarida Cordeiro, Margarida Gil, Paulo Rocha, Pedro Costa e Teresa Villaverde. A entrada nos anos 2000 aponta tanto para o surgimento de novos cineastas, responsáveis por obras premiadas em festivais da Europa e do mundo – filmes de curta média e longa-metragem –, como também para uma recorrência temática que vislumbra a nação portuguesa em contraste com dilemas sociopolíticos atualizados ao redor do planeta. Sendo o cinema português ainda pouco visto e acompanhado no cenário brasileiro, embora pesem iniciativas (muitas vezes isoladas) espalhadas um pouco por todo o território nacional, o ciclo Introdução ao Cinema Português Contemporâneo é uma oportunidade de contato com essa cinematografia – se não tanto em razão de sua ampla dimensão e potencialidades estéticas e discursivas, fundamentalmente em respeito àquilo que o cinema português tem produzido em contexto com problemáticas transversais à Europa e ao mundo. Problemáticas tais que, conforme será apresentado, em muito estão vinculadas ao passado e ao contemporâneo brasileiros
. Filme 4: (01/11 – 14h às 17h) O Manuscrito Perdido (José Barahona, 2010) – 81 min. Sinopse: Dizem que no Mosteiro de Cairu, uma pequena cidade a sul de Salvador, existe um manuscrito perdido de Fradique Mendes. Fradique foi um poeta e aventureiro português, amigo de Eça de Queiroz, que se instalara na região no final do século XIX. Por ter libertado todos os seus escravos, foi odiado e perseguido pelos escravagistas brasileiros. Na urgência da fuga, terá deixado em Cairu este manuscrito que refletia sobre as origens da sociedade brasileira e se pronunciava sobre algumas questões sociais da época: os expatriados, a escravatura e as lutas dos índios. O filme parte em busca do manuscrito e refaz a viagem de Fradique Mendes na sua fuga, visitando alguns lugares que podem hoje fazer luz sobre estas mesmas questões: as comunidades dos descendentes dos escravos africanos, as aldeias indígenas onde Cabral primeiro chegou, e os acampamentos dos sem terra. No fundo grupos sociais que têm em comum algo com mais de 500 anos: a luta pela liberdade através da luta pela posse da terra. Fonte: http://canalcurta.tv.br/filme/?name=o_manuscrito_perdido
Local: Campus Centro-Sala de Cinema
Data: 01/11
Horário: 14h-17h