NARRAR PARA EXISTIR E RESISTIR: REINVENTANDO DIÁLOGOS NOS COTIDIANOS DE FORMAÇÃO EM CONTEXTOS DE PANDEMIA

Publicado em 11/11/2021 - ISBN: 978-65-5941-410-9

Título do Trabalho
NARRAR PARA EXISTIR E RESISTIR: REINVENTANDO DIÁLOGOS NOS COTIDIANOS DE FORMAÇÃO EM CONTEXTOS DE PANDEMIA
Autores
  • ANA PAULA SANTOS LIMA LANTER LOBO
  • Roberta Jardim Coube
  • Eda Maria de Oliveira Henriques
  • Dagmar de Mello e Silva
Modalidade
Sessões de Diálogos - Resumo Expandido
Área temática
LINGUAGENS NOS COTIDIANOS EDUCATIVOS: CULTURAS E ARTES
Data de Publicação
11/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/371965-narrar-para-existir-e-resistir--reinventando-dialogos-nos-cotidianos-de-formacao-em-contextos-de-pandemia
ISBN
978-65-5941-410-9
Palavras-Chave
Palavras-Chave: Narrativa; Formação; Reinvenção; Arte; Pandemia Referências:
Resumo
As autoras deste texto são pesquisadoras que se dedicam a investigar a questão da formação de professores em seus diversos segmentos e contextos no âmbito da educação pública, a saber: Educação Infantil, Ensino Médio e Ensino Superior. Para isso, temos lançado mão da abordagem da Pesquisa Narrativa (Auto)Biográfica como perspectiva teórico-metodológica de produção de conhecimentos nos referidos segmentos de ensino. Nessa aventura do conhecimento, temos também uma permanente interlocução com as ricas contribuições dos autores da área, não somente dos pioneiros, como Antônio Nóvoa, Franco Ferrarotti, Marie-Christine Josso, como também de pesquisadores brasileiros que têm enriquecido esse aporte, como Inês Bragança, Maria Isabel Cunha, Guilherme do Val Toledo Prado, entre tantos outros. É importante trazer aqui também os interlocutores que, a partir das orientações inter, multi e pós disciplinar deste aporte, vêm nos ajudando a pensar e discutir aspectos tão importantes de uma concepção de pesquisa que tem a narrativa como seu eixo condutor. Assim, temos dialogado com as múltiplas tramas tecidas na vida e nas trajetórias de formação, bem como ampliado a compreensão sobre a narrativa em seu potencial de produzir conhecimento sobre si, sobre o outro, sobre a experiência vivida, buscando entrelaçamentos também com a Literatura, a Arte e a Poesia. Portanto, a ideia, corroborada por Delory-Momberger (2014), de que a narrativa viabiliza uma atividade mental e reflexiva, por meio da qual o ser humano cria pontes para conhecer e compreender a si mesmo e o outro em seu contexto social e histórico, é algo constatado pelas autoras deste texto por meio de suas trajetórias de trabalho e pesquisa. Observamos, em nossas experiências de formação, que o contexto pandêmico ampliou esse potencial, tornando a atividade de narrar extremamente preciosa em um contexto social que está nos demandando novas formas de ser e estar no mundo, de lidar com o tempo, de nos relacionarmos com o outro e de atribuir sentidos ao que nos passa, como diria Larrosa (2015), ao que nos acontece, como experiência de aprendizagem e de reconstrução e construção de sentidos. Neste cenário, este texto traz narrativas de quatro pesquisadoras, que a partir de seus espaços de atuação procuraram ampliar e reinventar o potencial da narrativa na sua dimensão formadora e autoformadora como uma proposta não apenas de lidar com os desafios do isolamento social, mas de criar e recriar novas formas de aproximação entre os sujeitos. Em um contexto de vazios e incertezas em tempos pandêmicos, na reinvenção cotidiana de ser professora, técnica em assuntos educacionais e pesquisadora no campo da educação infantil, eu, como uma das autoras, venho dialogando com a pesquisa narrativa (auto)biográfica, abordagem investigativa instigante e potente que vem me permitindo passar pela sensível experiência de compreender e dar sentido cotidianamente a um percurso de vida e formação. Nesse contexto narro sobre dois encontros de Formação em Serviço on-line que ministrei no semestre passado em duas Unidades de Educação Infantil (UMEIs) de uma Rede Municipal. Chamei os encontros de conversa-formação e trouxe a poesia de Manoel de Barros para fazer parte desta experiência como uma “ponte”, um “fio” que nos aproximava, mesmo distantes, naquele momento. Como o objetivo da conversa-formação foi representar um momento de invenção carregado de verdade e esperança, criamos juntas uma roda aberta para a potência do diálogo, da narrativa, do acolhimento, da comunhão. Inspirada na frase do poeta: "Tudo que não invento é falso" (BARROS, 1999), propus às professoras que de mãos dadas com a criança sensível que mora dentro de cada um de nós, narrassem sobre a experiência de reinventar-se na pandemia junto com suas famílias, seus amigos e também com as crianças e colegas, mesmo que remotamente, nas instituições de educação infantil. As nossas narrativas revelaram medo, cansaço, depressão, insegurança, tristeza, mas também, reinvenção, recomeço, força, esperança, vida, viço. A memória de cada uma de nós naquele encontro foi tecida a partir do presente, que nos empurrou para o passado, numa viagem imperdível e necessária, fundamental. Em diálogo com Prado; Soligo (2007), os encontros produziram outros encadeamentos, outros modos de compreender o acontecido, outras possibilidades de narrar, significando e ressignificando a nossa história e produzindo novos sentidos para nossa vida e para a vida dos outros. Seguindo esse fio da humanicidade encarnada (BAKHTIN, 2010), no contexto formativo de sujeitos da educação básica, trago nestas linhas os diálogos com os discentes do ensino médio do Curso Normal, de uma escola pública da rede estadual do Rio de Janeiro. Conversas localizadas no contexto do ensino remoto, por conta da pandemia da COVID-19, e conectadas com o desejo de olhar para o mundo (e com o mundo) de corpo inteiro, levando em consideração as experiências estéticas das juventudes na escola pública, especificamente no contexto de estudantes-professores. Assim, a experiência da própria vida (de cada um de nós) como obra de arte, já que a arte sempre nos ensina algo sobre a nossa humanidade (PERISSÉ, 2009), é a ponte ou o ponto de encontro entre música e poesia. Nesse movimento, trago algumas narrativas sobre/com os jovens do Curso Normal em rodas de conversas virtuais em que as referidas manifestações artísticas proporcionaram fruição e contemplação estéticas, sensíveis ao complexo contexto pandêmico vivido em nosso país, proporcionando enunciações empáticas e alteritárias: fomos escutadores das palavras alheias e sujeitos expressivos e falantes de nossas palavras próprias – encharcadas de afetos, os quais são constitutivos da nossa formação humana. A roda de conversa, na qual participaram uma poeta e um músico, que trago para o relato de minha experiência docente-discente formativa compõe o projeto Em diálogos formativos, sendo o evento de abertura intitulado Arte-educação: a formação humana ampliada como resistência. O intercâmbio entre a música, a poesia e as narrativas dos participantes proporcionaram, além de fruição estética, a ampliação da polifonia, conceito bakhtiniano que sugere a possibilidade infindável de diálogo, sendo igualmente parte indispensável da enunciação, sobre si e sobre o outro, imprescindível à formação docente. Este relato, por sua vez, traz a experiência de duas professoras pesquisadoras que, por meio do potencial da narrativa, em uma proposta de ensino remoto, procuraram lidar com os impasses com os quais nós nos deparávamos frequentemente no contexto da disciplina de Monografia I em um curso de Pedagogia. Contexto este, que se caracterizava por discursos recorrentes, de nossos estudantes, que expunham seus temores e dificuldades com relação à escrita e à escolha da pesquisa as quais deveriam desenvolver para dar terminalidade ao curso. Foi a partir dessas escutas que nos sentimos convocadas a reconhecer a necessidade de alterarmos os ângulos de nossos modos de conceber essa disciplina e assumirmos o desafio de construir pontes, entre trajetórias de formação, a leitura e a escrita, que possibilitassem, a esses estudantes, travessias ao encontro com a autoria daquilo que escrevem. Movidas pelo desejo de produzir mudanças nas relações que estes futuros professores e professoras poderiam constituir com a escrita deste trabalho, no sentido de que ele pudesse realmente representar o caminho percorrido neste processo formativo, demos início a diálogos entre textos literários e a escrita de si, como via para aliviar as tensões pré-concebidas que traziam consigo. Apostamos na potência de obras ficcionais, no exercício literário e de escritores que narravam relações singulares sobre experiências com a escola e a escrita como dispositivos que acionassem uma escrita de si, ou seja, uma narrativa em que o narrador pudesse se colocar em primeira pessoa e se reconhecer como autor. À medida que traziam, para a sua escrita, eventos autobiográficos considerados significativos em sua trajetória escolar, os estudantes foram se encontrando com a sua formação acadêmica, constituindo um elo entre a tomada de consciência de questões que atravessaram seu processo de formação e os conhecimentos adquiridos no curso de Pedagogia. Nessas partilhas sensíveis, na busca de novas estratégias de comunicação e trocas de experiências, a nossa tentativa tem sido acolher e sermos acolhidas, na escuta sensível. Assim, seguimos em frente inspirando e sendo inspiradas. Narramos para continuar existindo, compreendendo quem sabe, que as dificuldades do tempo presente vêm nos constituindo em pessoas melhores e mais humanas. Referências: BAKHTIN, Mikhail. Para uma filosofia do ato responsável. São Carlos: Pedro & João Editores, 2010. BARROS, Manoel de. Bordados de Antônia Zulma Diniz, Ângela, Marilu, Martha e Sávia Dumont sobre desenhos de Demóstenes. Exercícios de ser criança. Rio de Janeiro: Salamandra, 1999. DELORY-MOMBERGER. Biografia e Educação: figuras do indivíduo-projeto. Natal, RN: EDUFRN, 2014. PERISSÉ, Gabriel. Estética & Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. PRADO, Guilherme do Val Toledo.; SOLIGO, Ângela Fátima. Memorial de formação: quando as memórias narram a história da formação. In: PRADO, G. V. T.; SOLIGO, R. (Org.). Porque escrever é fazer história - revelações, subversões e superações. Campinas, São Paulo: Editora Alínea, 2007, p. 45-59.
Título do Evento
X FALA Outra ESCOLA
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário Fala Outra Escola
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

LOBO, ANA PAULA SANTOS LIMA LANTER et al.. NARRAR PARA EXISTIR E RESISTIR: REINVENTANDO DIÁLOGOS NOS COTIDIANOS DE FORMAÇÃO EM CONTEXTOS DE PANDEMIA.. In: Anais do Seminário Fala Outra Escola. Anais...Campinas(SP) UNICAMP, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xfalaoutraescola2021/371965-NARRAR-PARA-EXISTIR-E-RESISTIR--REINVENTANDO-DIALOGOS-NOS-COTIDIANOS-DE-FORMACAO-EM-CONTEXTOS-DE-PANDEMIA. Acesso em: 13/05/2024

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