ELEMENTOS NOSTÁLGICOS E INTERTEXTUALIDADES NA CONSTRUÇÃO NARRATIVA VISUAL DA TELENOVELA CLUB 57

Publicado em 23/12/2021 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
ELEMENTOS NOSTÁLGICOS E INTERTEXTUALIDADES NA CONSTRUÇÃO NARRATIVA VISUAL DA TELENOVELA CLUB 57
Autores
  • Leony Oliveira de Lima
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 32 - Estudos interdisciplinares de televisão
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/xc22021/437740-ELEMENTOS-NOSTALGICOS-E-INTERTEXTUALIDADES-NA-CONSTRUCAO-NARRATIVA-VISUAL-DA-TELENOVELA-CLUB-57
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
telenovela, nostalgia, club 57
Resumo
ELEMENTOS NOSTÁLGICOS E INTERTEXTUALIDADES NA CONSTRUÇÃO NARRATIVA VISUAL DA TELENOVELA CLUB 57 Leony Lima Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora E-mail: leony.lima@estudante.ufjf.br Introdução Tendo como base os conceitos de nostalgia propostos por Boym (2017) e Niemeyer (2018), neste artigo propomos uma análise da questão nostálgica presente na telenovela infantojuvenil latina Club 57, produzida e exibida pelo canal de televisão por assinatura Nickelodeon entre 2019 e 2021. A produção, que aborda viagens no tempo entre a atualidade e as décadas de 50 e 80, ainda estabelece diálogo com outras produções nostálgicas, como a franquia De volta para o futuro (Universal Pictures, 1985) e Grease: nos tempos da brilhantina (Paramount Pictures, 1978). Para entender tais questões, trazemos a luz aos usos estratégicos de elementos cênicos e recursos visuais de ambientação e figurinos e seus desdobramentos na proposta de criação da atmosfera nostálgica e intertextual com as produções que retratam tais décadas. 1. Fundamentação teórica Podemos enumerar uma quantidade enorme de produções audiovisuais dos últimos anos que utiliza a nostalgia como seu ponto de partida. Sucessos do streaming como Stranger Things (Netflix, 2016-atual), Coisa mais linda (Netflix, 2019-2020) e Samantha! (Netflix, 2018-2019) ou da TV como Boogie Oogie (TV Globo, 2014-2015), Anos dourados (TV Globo, 1986) e Verão 90 (TV Globo, 2019), todas estas trabalham na perspectiva de rememoração, de uma forma afetiva de décadas passadas. Se antes buscávamos respostas sobre o futuro com a criação de filmes como Star Wars (Disney, 1977) e 2001: uma odisseia no espaço (MGM, 1968), hoje retratamos o futuro como apocalíptico como 3% (Netflix, 2016-2020) e Dark (Netflix, 2017-2020). O sucesso de séries e telenovelas que abordam décadas passadas, como os anos 50, 60, 80 e 90 de forma leve, divertida e acolhedora, nos aponta que muitas pessoas buscam a sensação de segurança, que pode estar associada a tempos passados. Mas por que cada vez é mais recorrente esta busca pelo nostálgico na mídia? Gumbrecht (2012, p. 85) aponta em seu trabalho sobre o presente amplo descompassos do tempo histórico, apresentando a perspectiva que não vivemos mais em um tempo histórico pode ser visto mais claramente com respeito ao futuro. Para nós, o futuro não mais se apresenta como um horizonte aberto de possibilidades; pelo contrário, é uma dimensão cada vez mais fechada para todos os prognósticos – o que, ao mesmo tempo, parece esboçar algo como uma ameaça. (GUMBRECHT, 2012, p. 85) Ainda de acordo com o autor, “entre os passados que nos submergem e o futuro ameaçador, o presente se tornou uma dimensão de simultaneidades expandidas” (GUMBRECHT, 2012, p. 85). A mídia, assim, estaria inserida neste presente amplo, na medida que contribuem para a expansão das simultaneidades do contemporâneo com a produção de narrativas nostálgicas. Boym (2017) afirma que a nostalgia não é uma doença individual, mas um sintoma de uma época. Nostalgia, ainda, é sentimento. “É um sentimento de perda e deslocamento, mas é também uma fascinação com a própria fantasia” (BOYM, 2017, p. 153). Niemeyer (2018, p. 29) afirma que podemos entender o sentimento nostálgico como situado “entre recordação e esquecimento, idealização e criatividade, é uma lembrança de tempos e lugares que não existem mais, não são acessíveis ou talvez nunca foram”. Na narrativa da telenovela Club 57 (Nickelodeon, 2019-2021), objeto deste artigo, isso se associa a um reforço de imagens nas mídias e que são capazes de representar alguma significação social, da mesma forma como acontece na criação e ressignificação de signos. A construção desses sentidos é acompanhada por fenômenos socioculturais e tecnológicos. “A mídia produz conteúdos e narrativas não apenas no estilo nostálgico, mas também como desencadeadores da nostalgia” (NIEMEYER, 2018, p. 34). Medeiros, Telles e Vieira (2020) pontuam a existência de gatilhos nostálgicos nas produções contemporâneas que que possuem o tempo diegético em anos que caracterizam a presença de uma ambientação característica. Nesse sentido, os usos estratégicos de artifícios de ambientação, figurino e efeitos visuais atuam como ferramentas para desencadear a nostalgia no telespectador. E ainda, a atmosfera criada pode ser imaginada como um espaço subjetivo a partir da realidade afetiva dos indivíduos que a projetam no seu espaço e refletem sua relação com o mundo. 2. Resultados alcançados Club 57, o produto midiático do qual partirão as reflexões deste trabalho, tem a nostalgia em seu cerne pois desenvolve-se a partir da possibilidade de viajar no tempo. Numa construção híbrida de ficção científica e musical, a telenovela apresenta para crianças e adolescentes os anos 50, assim como realizado por filmes de grande sucesso como Grease: nos tempos da brilhantina (Paramount Pictures, 1978) e De volta para o futuro (Universal Pictures, 1985). Ambas produções também inspiram fortemente a construção estética de Club 57. A telenovela foi produzida pelo canal por assinatura Nickelodeon para a América Latina e Brasil. Teve sua primeira temporada gravada em Miami com elenco, ideia e roteiro latinos e exibida entre 6 de maio de 2019 a 26 de julho de 2019. A segunda temporada foi filmada na Colômbia e exibida entre junho e outubro de 2021. É a décima quarta telenovela original produzida para o público infantojuvenil latino-americano desde 2008, quando o canal ingressou no modelo de produção de telenovelas originais em parceria com diversos países da América do Sul e do Norte. A direção de arte é ponto importante na construção de narrativas nostálgicas. Medeiros, Telles e Vieira (2020, p. 204) afirma que ela é peça fundamental “utilizada de forma a ampliar o universo narrativo, suas interpretações e a consolidação da representação desejada na construção dos personagens e suas relações”. Nesse âmbito, Hamburguer (2014, p. 18) diz que a direção de arte trata “concepção do ambiente plástico de um filme, compreendendo que este é composto tanto pelas características formais do espaço e objetos, quanto pela caracterização das figuras em cena”. Em Club 57, percebe-se um grande esforço destas equipes na construção de ambientações e figurinos verossímeis em relação aos anos 50, já que, além de despertar a nostalgia, eles devem apresentar esta época a audiência infantil. A direção de arte também desempenha um papel importante no que tange a compreensão da telenovela, uma vez que ela transcorre simultaneamente em épocas distintas com os mesmos atores, sendo assim as roupas, cabelos e cenários um ponto de apoio para seguir de forma linear os acontecimentos de cada personagem. Conclusões Os figurinos e elementos cênicos são essenciais desde a definição de personagens interpretados a consolidação de um tema, uma ideia e uma atmosfera da produção interpretada pelo diretor. “O espaço emoldura a personagem, e o figurino, enquanto elemento visual, estabelece um essencial elo de significação entre a personagem e o contexto do espetáculo, sendo ainda mais importante a completa integração entre o ator, figurino, cenário, e a luz, pois nesses estão concentrados os elementos visuais” (MEDEIROS; TELLES; VIEIRA, 2020, p. 214). A análise realizada neste artigo pôde constatar a intencionalidade de despertar um sentimento nostálgico, para além de uma mera retratação da época, através dos seus elementos estéticos, concebidos através de escolhas de figurinos na telenovela Club 57. Trata-se de uma construção estruturada em gatilhos e estratégias, evidenciada pelas relações entre os elementos da narrativa visual e também de vários outros elementos como roteiro, ambientação, música, dentre outros, que ligados evocam os anos 50, apresentando-o para as novas gerações e despertando a nostalgia em quem o viveu ou conhece suas características e, por consequência, tem algum tipo de apreço por este passado. Referências bibliográficas BOYM, Svetlana. Mal-estar na nostalgia. Historia da Historiografia, [S. l.], n. 23, p. 153–165, 2017. GUMBRECHT, Hans Ulrich. Nosso amplo presente. Revista Redescrições, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 81–94, 2012. MEDEIROS, Theresa; TELLES, Rebeca; VIEIRA, Lucas. Construções nostalgizantes: os elementos nostálgicos presentes na narrativa visual de Euphoria (HBO, 2019). In: MUSSE, Christina Ferraz; MEDEIROS, Theresa; HENRIQUES, Rosali (org.). Nostalgias e memórias nos tempos das mídias. 1a ed. Florianópolis: Editora Insular - Editora UFJF, 2020. NIEMEYER, Katharina. O poder da nostalgia. In: CRUZ, Lucia Santa; FERRAZ, Talitha (org.). Nostalgias e mídia: no caleidoscópio do tempo. 1a ed. Rio de Janeiro: E-papers, 2018. p. 170.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

LIMA, Leony Oliveira de. ELEMENTOS NOSTÁLGICOS E INTERTEXTUALIDADES NA CONSTRUÇÃO NARRATIVA VISUAL DA TELENOVELA CLUB 57.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/437740-ELEMENTOS-NOSTALGICOS-E-INTERTEXTUALIDADES-NA-CONSTRUCAO-NARRATIVA-VISUAL-DA-TELENOVELA-CLUB-57. Acesso em: 27/04/2024

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