FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO E O PAPEL DO ESTADO COMO INDUTOR DA INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO

Publicado em 23/12/2021

Título do Trabalho
FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO E O PAPEL DO ESTADO COMO INDUTOR DA INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO
Autores
  • Laudeny Fábio Barbosa Leão
  • Lorena Madruga Monteiro
Modalidade
Resumo Expandido e Trabalho Completo
Área temática
GT 09 - Organizações, Desenvolvimento e Políticas Públicas
Data de Publicação
23/12/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/xc22021/436784-fomento-ao-desenvolvimento-e-o-papel-do-estado-como-indutor-da-inovacao-e-do-empreendedorismo
ISSN
Palavras-Chave
Desenvolvimento, Inovação, Estado Empreendedor.
Resumo
Introdução O artigo pretende demonstrar a importância do Estado na economia como indutor e fomentador da inovação, principalmente nos estágios iniciais das pesquisas básicas. Este é um dos momentos cruciais das futuras inovações nos produtos que chegam ao mercado. É um momento decisivo para a continuidade das pesquisas e para a construção de articulações e redes de cooperação que consigam aproximar a geração de ideias com a concretude dos produtos no mercado. As análises e discussões da literatura sobre o tema, evidenciarão que o componente incerteza nos estágios iniciais do processo de inovação não pode ser reduzido estatisticamente a zero, dificultando os investimentos do setor privado e, como consequência, estancando o crescimento econômico e o ganho de competitividade das empresas e a elevação da renda dos trabalhadores na economia. Diante da incerteza inerente aos processos de inovação, as decisões de investimento do setor privado costumam ser retardadas ou mesmo não realizadas, reduzindo assim a dinâmica econômica de determinada região. Diante disso, pergunta-se se o Estado deveria agir para ligar a pesquisa básica às fases iniciais de lançamento de produtos e serviços no mercado, com o objetivo de gerar novas oportunidades de emprego e elevar os ganhos salariais e lucros para os principais atores econômicos. Assumimos como hipótese que, sem uma atuação mais forte por parte do Estado, os ganhos resultantes do processo de inovação não ocorrerão, aprisionando a economia em situações de baixa dinâmica e pouca complexidade econômica. Podemos observar a ação do Estado em dois casos específicos de empresas que se utilizaram de políticas de apoio à inovação. Os resultados apresentados destacam a importância da formulação e implementação de políticas públicas para que a iniciativa privada aumente seus níveis de eficiência produtiva e modifiquem o estado da economia de forma ampliada. 1. Fundamentação teórica Para a análise proposta partimos da utilização de teorias recentes da economia e da inovação e do papel do Estado na economia. O ciclo de inovação que se inicia na pesquisa básica apresenta um componente de indeterminação que não garante a redução de riscos de perda a partir do momento em que o processo é iniciado. Esta abordagem foi trabalhada pelo economista Frank Knight, e o tema ficou conhecido na literatura como incerteza knightiana, aquela onde há um desconhecimento e que, portanto, não se pode medir e nem reduzir os seus impactos. Ao se perceber esta lacuna nos processos decisórios de investimento em inovação por parte dos atores privados, há uma demanda natural para o Estado ocupar este vazio de investimento, ao custo de não se ter iniciado o ciclo de inovação. Para abordar o papel do Estado enquanto agente ativo no processo econômico e como indutor da inovação, a economista Mariana Mazzucato apresenta sua abordagem de Estado Empreendedor. Não se trata apenas de reduzir o papel do Estado a fornecedor de recursos de primeira instância para minimizar os efeitos dos custos afundados do processo de inovação. Mas, antes disso, de inserir o Estado como agente indutor do processo de inovação e como criador de mecanismos de financiamento inexistentes, bem como na criação de arranjos empresariais que viabilizem o lançamento de novos produtos, a formação de novos pesquisados e a criação de novas empresas na sociedade. Em relação as teorias tradicionais da economia sobre o tema, dentre essas abordagens, temos o modelo de crescimento econômico de Solow, que afirmava que o crescimento econômico era uma função de produção, onde o produto total era uma resultante de quantidades de capital e trabalho inseridos no sistema econômico. Segundo o modelo, aproximadamente 90% do crescimento do produto era respondido por capital e trabalho, e os demais 10% era respondido por um resíduo denominado “efeito mudança técnica” – caracterizando que a mudança acontecia no exterior do processo de transformação econômica. Posteriormente, com a inserção de variáveis como pesquisa e desenvolvimento (P&D) no processo, chegamos ao modelo de “desenvolvimento endógeno”, com os incrementos em termos de preparação da mão de obra e os processos de investimento em inovação ocorrendo por dentro das firmas. Como vimos acima, no entanto, a incerteza knightiana põe por terra esta alternativa. 2. Resultados alcançados Os casos analisados apresentam evidências da atuação do Estado enquanto agente promotor do desenvolvimento de uma região. Ao promover esforços para fomentar a implantação de uma fábrica de leite em pó na região de Batalha, em Alagoas, o governo teve a possibilidade de ativar diversos elos produtivos, da academia e da ciência e tecnologia e inovação. A região escolhida já contemplava uma unidade fabril de produção de leite, além de duas universidades e um pólo de ciência e tecnologia. O arranjo financeiro para a promoção dos investimentos necessários também estava disponível, bem como as possibilidades de complementação dos recursos iniciais necessários pela via de agências de desenvolvimento locais e fundos de financiamento. A proposta de captação de recursos junto ao governo era de R$ 13 milhões (algo como 28% do total já captado), enquanto a empresa já havia internalizado R$ 40 milhões em fontes federais. A viabilização dos investimentos poderia ativar milhares de empregos ao longo de toda a cadeia de leite no Estado, promovendo não apenas a região onde a fábrica viria a ser instalada. O caso do lançamento de um produto inovador no mercado representou, por outro lado, a possibilidade de criação de novas patentes e novas pesquisas, resultando em fluxos de caixa futuros para a empresa. Adicionalmente, o caso nos mostrou a articulação bem sucedida entre o Estado, a academia, o setor privado e a agência de promoção de desenvolvimento estadual. A articulação viabilizou os investimentos por meio de um instrumento federal, envolvendo outra agência de desenvolvimento e promoção da inovação do governo federal. O processo de pesquisa para a elaboração e lançamento do novo produto promoveu a aproximação da empresa com a universidade e seus laboratórios em todos os processos de pesquisa básica, gerando novos conhecimentos para dentro da empresa e para a própria universidade. Ao fazer isso, a empesa reduziu sua dependência de pesquisadores externos e fortaleceu sua posição no mercado. O projeto proposto e financiado visava a substituição de embalagens de poliestireno expandido (EPS; isopor, marca registrada da Knauf Isopor Ltda) e estiropor (Estiropor Nordeste Ind. e Com. Ltda), por caixa de papelão ondulado com isolamento térmico. O novo projeto tem uma utilização direta para o mercado de embalagem para medicamentos e lâmpadas frias, mantendo as características de conservação térmica e resistência no transporte de produtos frágeis. A proposta refere-se a inovação de produto, com a pesquisa de novos compostos ambientalmente sustentáveis. Os principais benefícios do novo produto são seguintes: a)Redução de 70% do volume de estocagem, impactando no custo logístico com transporte e combustível b)Ganho ambiental com a diminuição da poluição atmosférica; c)Utilização de isolantes térmicos feitos a partir de materiais biodegradáveis e totalmente recicláveis; d) Projeção nacional e internacional da Norvinco; e)Conhecimento técnico e científico em novos materiais para o lançamento do novo produto em substituição à embalagem poluidora (isopor). Os resultados alcançados reforçam a importância do papel do Estado no processo de decisão para investimentos em inovação, ao demonstrarem que sem a captação de recursos públicos, eles não teriam chance de se concretizar. Conclusões Em que pese a importância dos aspectos sociais na implantação de projetos com a participação do Estado, as decisões sobre a implantação da fábrica de leite em pó ainda não evoluíram e a fábrica segue sem funcionar. As indefinições passam por falta de clareza no arranjo institucional de gestão do empreendimento e sobre as garantias nos resultados propostos em contraposição aos investimentos demandados. O caso da indústria de papelão, por outro lado, conseguiu alcançar seu objetivo com a captação de recursos para inovação pela via de um empréstimo com recursos subsidiados. Os recursos foram captados na Agência de Fomento do Estado, a partir de recursos transferidos pela Financiadora de Projetos do Governo Federal. Ou seja, trata-se de recursos customizados para a inovação, em termos de volume, prazos e garantias. No entanto, mesmo sob condições especiais de apoio à inovação, verificamos que a empresa ainda apresentou dificuldades instrumentais no cumprimento das metas inicialmente pactuadas. Uma das principais dificuldades verificadas diz respeito ao cumprimento dos prazos nos processos iniciais da pesquisa básica. A demora em contratar consultores, a dificuldade em encontrar laboratórios com estrutura para a realização dos primeiros testes e as mudanças nas equipes do projeto, foram fatores de aprendizagem ao processo – lições aprendidas para as próximas etapas e novos investimentos a serem captados. Referências bibliográficas BIELSCHOWSKY, R. Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Ipea; Inpes; 1988. LEITE, L. A. M.; SANTIAGO, L.P.; TEIXEIRA, J.P. Opções reais sob incerteza knightiana na avaliação econômica de projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Artigo publicado em: http://dx.doi.org. Production produção, julho/setembro, 2015. MAZZUCATO, Mariana. O estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014. POSSAS, M. A cheia do ‘mainstream’: comentário sobre os rumos da ciência econômica. In: Revista de Economia Contemporânea, V.1., N.1, Jan/Jun. Instituto de Economia da UFRJ, 1997.
Título do Evento
10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Título dos Anais do Evento
Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LEÃO, Laudeny Fábio Barbosa; MONTEIRO, Lorena Madruga. FOMENTO AO DESENVOLVIMENTO E O PAPEL DO ESTADO COMO INDUTOR DA INOVAÇÃO E DO EMPREENDEDORISMO.. In: Anais do 10º CONINTER - CONGRESSO INTERNACIONAL INTERDISCIPLINAR EM SOCIAIS E HUMANIDADES. Anais...Niterói(RJ) Programa de Pós-Graduação em, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/xc22021/436784-FOMENTO-AO-DESENVOLVIMENTO-E-O-PAPEL-DO-ESTADO-COMO-INDUTOR-DA-INOVACAO-E-DO-EMPREENDEDORISMO. Acesso em: 20/07/2025

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