PORÕES FEMININOS: UM ESTUDO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO SOFRIDA POR MULHERES MILITANTES DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA

Publicado em 16/05/2016 - ISSN: 2238-2208

Campus
DeVry | Unifavip
Título do Trabalho
PORÕES FEMININOS: UM ESTUDO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO SOFRIDA POR MULHERES MILITANTES DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA
Autores
  • Juliana de Barros Ferreira
  • Anne Gabriele Alves Guimarães
Modalidade
Relato de Experiência
Área temática
Direito
Data de Publicação
16/05/2016
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
www.even3.com.br/Anais/viimostradevry/29077-POROES-FEMININOS--UM-ESTUDO-SOBRE-A-VIOLENCIA-DE-GENERO-SOFRIDA-POR-MULHERES-MILITANTES-DURANTE-A-DITADURA-CIVIL-M
ISSN
2238-2208
Palavras-Chave
Mulher, Resistência, Ditadura, Gênero.
Resumo
É a partir da Convenção Interamericana Para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher que se tem a consolidação da noção de violência contra a figura feminina como algo mais bem delimitado. Qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado, passa a discutido como sendo violência de gênero. Esse resumo pretende discutir como a violência contra o gênero feminino guarda profunda relação com as relações de poder, resultado da hierarquização das identidades, especialmente a partir de violências com essa característica ocorridas durante o militarismo no Brasil. A pesquisa apresentada assume um caráter explicitamente bibliográfico-exploratório, pois visa investigar as condições socioculturais que culminaram nas atrocidades cometidas contra a mulher no contexto do regime militar. Através de trabalhos anteriores sobre o tema e análise de depoimentos de algumas vítimas, procuramos entender quais características compunham a identidade da mulher militante, como ela era vista por seus companheiros de guerrilha e pelo governo militar e como se dava a relação entre sua condição de mulher e de guerrilheira na construção dessa identidade. As principais autoras que referenciaram esse resumo foram: Arendt (2007), Beauvoir (1990), Cixous (1981) e Wolff (2013). Enquanto resultados parciais desse estudo, percebe-se que o tratamento dispensado pelos militares às presas políticas da ditadura traduzia a ideologia identificada no aporte teórico aqui apresentado. O feminino, sempre subalterno, encontrava-se com o “subversivo”, a resistência ao poder político vigente e dominador para constituir a figura da mulher militante, duplamente desafiadora dos sujeitos dominantes nesse contexto. Nos depoimentos das vítimas, pode-se perceber a tentativa dos torturadores de desvincularem as mulheres de sua feminilidade. Aqui a expressão “despersonalização do gênero humano” é manifestada em seu ápice. Não se vislumbrava a mulher enquanto detentora de direitos. Vê-se que ela não seria digna de desbravar o ambiente público nem de ser legitimada enquanto cidadã, visto que as barreiras da opressão e do poder masculino, fortemente disseminados pela ditadura, atuariam como mecanismos de manutenção de práticas sexistas e de opressão. Os registros de depoimentos de mulheres, vítimas de tamanha tortura na época, nos revelam que havia uma apropriação violenta de seus corpos. A corporificação da violência era, para os torturadores, o símbolo máximo da subordinação feminina frente ao sistema ditatorial masculinizado. Implica dizer que o poder de decidir o destino dos torturados era maior quando a vítima era mulher. Percebe-se que em todo o tempo é atacado aquilo que de mais precioso tem a mulher: choques nas partes íntimas, grande número de abortos causados pelas torturas. Esses abusos sexuais e psíquicos, por exemplo, degradavam a existência do feminino e evidenciavam que o corpo deveria ser utilizado, pela vulnerabilidade, para a satisfação de desejos sexuais. O “eu-mulher”, militante, apto à resistência, dotado de convicções político-ideológicas era simplesmente não reconhecido ou reduzido a uma posição de coisificação que justificava todo tipo de atrocidade. Os fins ditatoriais apregoados pelo sistema desprezaram a justiça histórica e semearam uma lógica de poder na qual a mulher, além de frágil, é associada à carne e às frivolidades sexuais. Portanto, pretendemos com este trabalho contribuir para uma visão mais igualitária da história do nosso país, destacando o papel das mulheres como sujeitos ativos na luta pela democracia brasileira, bem como buscando elucidar os recortes de violência de gênero praticados em meio à violência política da ditadura civil-militar brasileira.
Título do Evento
VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil
Cidade do Evento
Fortaleza
Título dos Anais do Evento
Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI
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Como citar

FERREIRA, Juliana de Barros; GUIMARÃES, Anne Gabriele Alves. PORÕES FEMININOS: UM ESTUDO SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO SOFRIDA POR MULHERES MILITANTES DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA.. In: Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia DeVry Brasil. Anais... BELÉM, CARUARU, FORTALEZA, JOÃO PESSOA, MANAUS, RECIFE, SALVADOR, SÃO LUÍS, SÃO PAULO, TERESINA: DEVRY BRASIL, 2016. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/viimostradevry/29077-POROES-FEMININOS--UM-ESTUDO-SOBRE-A-VIOLENCIA-DE-GENERO-SOFRIDA-POR-MULHERES-MILITANTES-DURANTE-A-DITADURA-CIVIL-M. Acesso em: 26/04/2024

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